UMA VIDA EM VERSOS COM REVERSOS
Aos setenta só sessenta de poesia
P(OVO)
EDIÇÃO DO AUTOR
COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO DE JOSÉ DINIS
Outubro/1979
(CONTINUAÇÃO)
CALAFRIO
laço
corrente
cadeia
cafeteira
turbilhão
mola
embaraço
canseira
botão
napalm
na mão
fósforo
rastilho
neutrão
óculos
para usar
além túmulo
copo
taça
brinde
póstumo
caneta
cadeira
coiro
livro
de oiro
herói
almofada
chaves
da cidade
lâmpada
lustre
noivado
letras
jornal
liberdade
tesoura
faca
petardo
corpo
sangue
terra
cinza
e pó
paz
que
ninguém
constrói
……….
e como isso
me dói
MENINO SIM MENINO NÃO
menino como tu
menino e moço
nunca foi menino como tu
havia um fosso
nasceste numa alcova
dormiste em berço de oiro
ele não
apenas uma enxerga
num desvão
tu nasceste em camisa
ele nu
e logo agasalhado
embrulhado
em xaile de cambraia
ele veio ao mundo
numa noite invernosa
envolto em fria brisa
nunca foi menino como tu
tu nasceste sapiente
ele teve de estudar
tu foste sempre gente
ele para o ser
teve muito que lutar
brincaste com o fogo
toda a vida
nunca fizeste nada
ele teve sempre um só brinquedo
o cabo de uma enxada
tu tens corpo direito
o dele é dorido
e curvado
depois de tudo isto
coisa esquisita
quem ganhou a batalha
tu vegetas parasita
morres de tédio
ele é homem de critério
sofre ama trabalha
ARRITMIA
hoje
como ontem
como há muito
nada
nada de especial
nunca
acontece
nada
de especial
não se pode
promover a
essencial
um ataque de
sarna
impertinente
sempre igual
por mais que
morda
ainda que
geral
nada
de novo
no reino
de
Portugal
e esta
pasmaceira
é
universal
à parte
isso
continua a
exploração
habitual
sempre
a mesma
esperança
adiada
que
por ser
adiada
prometida
para o homem
que há-de vir
não vale a
pena
e é
escusado
fingir
o homem é
ou não é
aqui e
agora
tudo
ou
nada
hoje
o homem é
ou não é
acto
presente
não por-vir
ninguém
pode ser
depois
depois de ser
a vida é
hoje
a vida é
antes
de perecer
o amanhã
só acontece
amanhã
se
acontecer
amanhã
é o silêncio
de agora
o passado
foi
a taça
que
se bebeu
e deitou fora
o passado
morreu
antes
da hora
desta hora
da hora
precisa
em que
afogamos
a frustração
do não
do não hoje
do não agora
entretanto
a morte
vem
está
aí
alguém
P(OVO)
EDIÇÃO DO AUTOR
COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO DE JOSÉ DINIS
Outubro/1979
(CONTINUAÇÃO)
CALAFRIO
laço
corrente
cadeia
cafeteira
turbilhão
mola
embaraço
canseira
botão
napalm
na mão
fósforo
rastilho
neutrão
óculos
para usar
além túmulo
copo
taça
brinde
póstumo
caneta
cadeira
coiro
livro
de oiro
herói
almofada
chaves
da cidade
lâmpada
lustre
noivado
letras
jornal
liberdade
tesoura
faca
petardo
corpo
sangue
terra
cinza
e pó
paz
que
ninguém
constrói
……….
e como isso
me dói
MENINO SIM MENINO NÃO
menino como tu
menino e moço
nunca foi menino como tu
havia um fosso
nasceste numa alcova
dormiste em berço de oiro
ele não
apenas uma enxerga
num desvão
tu nasceste em camisa
ele nu
e logo agasalhado
embrulhado
em xaile de cambraia
ele veio ao mundo
numa noite invernosa
envolto em fria brisa
nunca foi menino como tu
tu nasceste sapiente
ele teve de estudar
tu foste sempre gente
ele para o ser
teve muito que lutar
brincaste com o fogo
toda a vida
nunca fizeste nada
ele teve sempre um só brinquedo
o cabo de uma enxada
tu tens corpo direito
o dele é dorido
e curvado
depois de tudo isto
coisa esquisita
quem ganhou a batalha
tu vegetas parasita
morres de tédio
ele é homem de critério
sofre ama trabalha
ARRITMIA
hoje
como ontem
como há muito
nada
nada de especial
nunca
acontece
nada
de especial
não se pode
promover a
essencial
um ataque de
sarna
impertinente
sempre igual
por mais que
morda
ainda que
geral
nada
de novo
no reino
de
Portugal
e esta
pasmaceira
é
universal
à parte
isso
continua a
exploração
habitual
sempre
a mesma
esperança
adiada
que
por ser
adiada
prometida
para o homem
que há-de vir
não vale a
pena
e é
escusado
fingir
o homem é
ou não é
aqui e
agora
tudo
ou
nada
hoje
o homem é
ou não é
acto
presente
não por-vir
ninguém
pode ser
depois
depois de ser
a vida é
hoje
a vida é
antes
de perecer
o amanhã
só acontece
amanhã
se
acontecer
amanhã
é o silêncio
de agora
o passado
foi
a taça
que
se bebeu
e deitou fora
o passado
morreu
antes
da hora
desta hora
da hora
precisa
em que
afogamos
a frustração
do não
do não hoje
do não agora
entretanto
a morte
vem
está
aí
alguém
André Moa
Apontamentos anticancro 39
«Para nos protegermos do cancro, podemos limitar a nossa exposição aos factores tóxicos no ambiente. De entre todos os já identificados ou altamente suspeitos, seleccionei três que me parecem ser os mais importantes e os mais fáceis de alterar:
1. Consumo exagerado de açúcar refinado e farinhas refinadas…
2. Consumo exagerado de ómega 6 em margarinas, óleos vegetais e gorduras animais (carne, lacticínios, ovos) com origem em métodos agrícolas desequilibrados…
3. Exposição a contaminantes que entraram no ambiente desde 1940 e que se acumularam na gordura animal.
Assim, o primeiro passo em qualquer processo de desintoxicação começa por consumirmos muito menos açúcar, farinhas refinadas e gorduras animais, e por reduzirmos a quantidade de alimentos que não sejam de origem “biológica”».
Do livro «Anticancro – um novo estilo de vida» - de David Servan-Schreiber.
«Para nos protegermos do cancro, podemos limitar a nossa exposição aos factores tóxicos no ambiente. De entre todos os já identificados ou altamente suspeitos, seleccionei três que me parecem ser os mais importantes e os mais fáceis de alterar:
1. Consumo exagerado de açúcar refinado e farinhas refinadas…
2. Consumo exagerado de ómega 6 em margarinas, óleos vegetais e gorduras animais (carne, lacticínios, ovos) com origem em métodos agrícolas desequilibrados…
3. Exposição a contaminantes que entraram no ambiente desde 1940 e que se acumularam na gordura animal.
Assim, o primeiro passo em qualquer processo de desintoxicação começa por consumirmos muito menos açúcar, farinhas refinadas e gorduras animais, e por reduzirmos a quantidade de alimentos que não sejam de origem “biológica”».
Do livro «Anticancro – um novo estilo de vida» - de David Servan-Schreiber.
13 Comentários:
Às 7 de novembro de 2010 às 10:34 , Bichodeconta disse...
Já li algumas coisas tuas amigo, gostei de todas, neste momento estou abismada, aqui a força entrelaça-se nas palavras e na sapiência com que são lançadas.Qual semente, darão seguramente frutos e serão eternizadas.Parabéns, aqui fiquei deslumbrada, por ti, pelas palavras semeadas. pela coragem de as semear e pela perseverança em que o tempo permita que se faça a colheita..Lindo.Parabéns amigo..Abreijos.
Às 7 de novembro de 2010 às 13:29 , Andre Moa disse...
Bichodeconta!.....
Palavras para quê?
O carinho das tuas não tem preço.
Abreijos.
André Moa
Às 7 de novembro de 2010 às 14:07 , Laura disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Às 7 de novembro de 2010 às 14:13 , Laura disse...
Moa...
O amanhã só acontece
amanhã
se acontecer.
tão simples assim, não fora a raiva e a idiotice do homem, e todos os amanhãs poderiam estar hoje, a acontecer...
E sim, a vida tem forçosamente de ser antes, porque perecendo não voltamos a estar no momento que passou e outros se adiantaram ao provocar a morte de quem pelo País lutou...e até hoje, parece que de nada valeu.
Não valeram as lágrimas choradas
pelas mulheres, mães, namoradas
não valeu a pena o esforço e a luta
de quem almejou para a o povo
a digna e frontal luta...
Quem sabe, um dia nem muito distante
O mundo reconhecerá
que cada homem é um ser pensante
e seus laços entre todos
estreitará...
Um beijinho noiva laura...
Às 7 de novembro de 2010 às 20:03 , Andre Moa disse...
CARA lAURA
d(EU)s te ouço e guardo no coração as tuas sábias e promissoras palavras.
Bjs
André Moa
Às 7 de novembro de 2010 às 21:19 , Kim disse...
André
Aqui deixo um brinde à tua profunda poesia.
Dos apontamento anticancro, tomei a devida nota, se bem que também sei que não se foge ao destino.
Um grande abraço amigo
Às 7 de novembro de 2010 às 22:06 , Andre Moa disse...
Caro Kim,
Brindemos, pois, à nossa amizade e à tua simpatia.
Eu penso que pode fugir-se ao destino, até que as forças nos faltem e então nos entreguemos, exaustos, à incansável perseguidora. eheheheh
Abreijos
André Moa
Às 8 de novembro de 2010 às 08:36 , Osvaldo disse...
Caro irmão;
"Menino sim, menino não"...
Nós seriamos e nos sentiriamos melhor na pele dos meninos não.
Não pés rapados, mas possivelmento pé descalço que subiamos e desciamos em algazarre de felicidade a nossa 1° de Dezembro e voltavamos a subir para fazermos correr pelos rêgos das regas os nossos barquinhos de papel que levariam bem longe os nossos sonhos de criança.
Vencemos Cabos de Tormentas, ventos e tempestades e com coragem e tenacidade alcançamos mares de calmarias, porque os nossos sonhos foram a força da nossa esperança.
Como seria bom que muitas das crianças podessem ter os seus rios de sonho para levarem seus barquinhos à terra do arco-iris como os nossos que partiam da nossa rua.
Grande abraço, caro irmão e passa lá no blog.
Osvaldo
Às 8 de novembro de 2010 às 13:03 , Andre Moa disse...
Caro Irmão Osvaldo,
ao postar estes poemas de o P(OVO)e ao reler o MENINO SIM MENINO NÃO, dei por mim a pensar que tu irias referir-te a ele. Adivinhei. Das duas uma: ou estou a tornar-me feiticeiro ou já te conheço suficientemente bem para começar a perceber as tuas reacções, sempre de primeira, sempre criteriosas, sempre boas.
Abreijos
André Moa
Às 8 de novembro de 2010 às 13:05 , laura disse...
Sonhos que vos levaram tão longe
tão longe quanto a vossa mente
sonhos que sonharam acordados
não perdendo nunca
a fé e a esperança.
Pés descalços ou calçados
mas o que é que isso importa
se os vossos sagrados desejos
vos lavaram para lá do mundo
abrindo-vos outras portas.
Meninos de pé descalço
correndo entre os campos
levando na mão os barquinhos
de papel
carregados de bem aventurança.
Hoje apraz-me ver
que sois os dois bem calçados
boas almas, bem formados
de corações tão puros
e de gostos refinados.
Aqui vos deixo o meu amor
juntando-me a vós em regozijo
esperando que a vida ainda permita
ver-vos sempre sãos
e com juizo!... (É pra rimar.)
beijinhos da vossa nina laura
Às 8 de novembro de 2010 às 14:01 , Parisiense disse...
E como tu consegues fazer fintas ao destino....
E o menino que corre dentro de ti, vai continuar a brincar com as palavras e assim desviar o destino para o bom caminho.
Beijinhos grandes desta loirinha que muito passou a admirar-te.
Às 8 de novembro de 2010 às 15:42 , Andre Moa disse...
Cara Laura,
Espero que não seja só para rimar que juntas ao nosso o teu regozijo, esperando ver-nos sempre sãos e com juizo. eheheheheh. Viva a vida ajuizada e saudável!
Bjs
André Moa
Às 8 de novembro de 2010 às 15:43 , Andre Moa disse...
Cara Parisiense,
Se fosse tão bom em fintas futebolísticas como, segundo dizes, consigo fazer fintas ao destino, hoje seria um segundo Tavassos, o meelhor futebolista português de todos os tempos. Só que os tempos eram outros e eu de futebol apenas fui um entusiasta e razoável chefe de claque a incentivar a equipa do nosso externato(meu e deles e delas que estavam todas na claque sob a minha batuta e eu sempre com olho nelas, com os dois olhos postos nelas. Queria lá eu saber do futebol que se desenrolava nas minhas costas!) A minha habilidade que fazia de mim um razoável pé de dança, guardava-a todinha para o bailarico a seguir ao jantar de confraternização.
A propósito: a menina dança?
eheheheh
Beijinhos
André Moa
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