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segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

ESPAÇO DISPONÍVEL



DE GRAU 8
COLECÇÃO GAIVOTA/35
SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA
1984
II

ESPAÇO DISPONÍVEL

Este segundo livro constitui, como já disse atrás, a minha cardiolírica açoriana. Ser introduzido nesta colectânea DEGRAU 8, uma vez que os poemas que o compõem destoam dos restantes, constituiu um reforço da homenagem prestada ao povo açoriano, nomeadamente ao hospitaleiro e heróico povo da Ilha Terceira ao qual me sinto irmanado para todo o sempre, ainda que dele arrancado pelas circunstâncias trágicas que me couberam na rifa do bazar da vida, há trinta anos.
ESPAÇO DE PAPOILAS

noiva da noite

a sombra tudo aquece

no verão os corpos são mais rubros

livres

povoam de suor a terra em carne viva

espaço de papoilas

fogo ao vento


VINHO MOSTO


lavro o papel
com
amor

levanto a enxada
bem
alto

beijo a poeira
com
gosto

sangue
e
tinta

vinho mosto


GOTA D’OURO


da vide
a dádiva
da vida
pende

gota
a
gota
o suor
no xisto
cai

num ápice
num cálice
o homem
em suor
se esvai


ESPAÇO DISPONÍVEL


expressão do espaço disponível
dou forma e vida ao sofrimento


em lágrimas comovidas cristalizo
o pensamento


TEMPO AMAR


na floresta suspirada das palavras
pedra a pedra ergo a expressão

repetidamente traído
por símbolos patéticos

a ideia mordo
na inflexão do tempo amar


A RAÚL BRANDÃO


eu
pescador
me confesso

por tradição
marinheiro
do mar possesso

por maldição
aprendiz
em Ceuta

morri em Fez

não sei
onde se forma
ou finda
o meu país

sou português

corpo estendido
no mar profundo
alma derramada
pelo mundo


ÍNSULA[1]


em frente o mar
por cima uma gaivota
eu
nuvem parada
chorando uma alma
morta

a minha
a de outros
tempos

hoje só existe
em pensamentos difusos
rarefeitos
levados pelo vento

saudade sedentária
em mim
permanentemente
minha companheira
até ao fundo
até ao fim

mar sem barcos
não é estrada
apenas infinito
e uma toada

a gaivota não me espera
nem transporta

as nuvens que se vão
não dizem nada

eu

nuvem chão
ao chão pregada



[1] Poema escrito em Fevereiro de 1980, nas Velas, São Jorge, onde me desloquei, repentinamente, devido ao inesperado falecimento de minha sogra, e onde fiquei retido devido ao mau tempo para lá do previsto, a aguardar barco que me levasse até à Terceira, para então poder regressar a Lisboa onde já morava há meio ano.


7 Comentários:

  • Às 24 de janeiro de 2011 às 23:29 , Blogger Osvaldo disse...

    Caro irmão;
    Enquanto esperamos por noticias positivas, vais nos oferendo estes maravilhosos momentos de tertúlia poética e nós bem que agradecemos.

    Bjs aí em casa e um grande abraço para ti.

    Osvaldo

     
  • Às 25 de janeiro de 2011 às 00:21 , Blogger Kim disse...

    Grande amigo! Grande poeta! Grande abraço!

     
  • Às 25 de janeiro de 2011 às 14:51 , Blogger Bichodeconta disse...

    Também eu num cais aguardo a resposta a tantas questões, entre elas espero saber como estás,deixo-te um abraço de ternura e deixo o desejo de te abraçar em breve..Abreijos.

     
  • Às 25 de janeiro de 2011 às 20:55 , Blogger Laura disse...

    Os Açores ficaram-te bem dentro e jamais vais esquecer o que viveste e o povo viveu.
    Tão belas palavras que não consigo comentar a jeito.
    Ó poeta das estrelas, das tardes de sol, das naus que naufragaram, das casas derrubadas, corpos nas estradas, silêncios sepulcrais, ó poeta que sabes tão bem cantar os nossos ais...

    Deixo-te um beijinho bem repenicado, merece-lo.

    laura

     
  • Às 25 de janeiro de 2011 às 21:47 , Blogger Je Vois La Vie en Vert disse...

    Rica homenagem a esta colorida parte de Portugal !

    Beijinhos
    Verdinha

     
  • Às 25 de janeiro de 2011 às 22:27 , Blogger Andre Moa disse...

    Amici,
    Quanto ao que está pendente,à espera continua. Amanhã vou ao hospital para ver se descubro em que ponto é que o processo burocrático se encontra. O estado de alma e do corpo continuam razoavelmente saudáveis. Só a lua cheia vermelhinha continua a moldar-me o rosto. Pelos vistos, dá-me um ar mais nédio. Até o Kim me achou nutrido. Mas é só de cara. Comesse eu sempre como hoje ao almoço com ele e mais uns amigos à mesa e não tardaria a ficar todo eu buda da cabeça aos pés, passando pela protuberância abdominal. eheheheheheheh
    Abreijos
    André Moa

     
  • Às 26 de janeiro de 2011 às 16:58 , Blogger Laura disse...

    E eu já vi as fotos dos rapazes, e é caso para dizer; que borrachos, são os rapazes mais bonitos da Lisboa, gostei de te ver Moa, estás com boa cara e não há nada que o contradiga! Também vi os pratos, pois... deixa lá e continua a cuidar de ti. espero boas noticias amanhã.

    Um abraço apertadinho da laura

     

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