UMA VIDA EM VERSOS COM REVERSOS
A Susana e o Pedro Miguel com uma prima, hoje já avó e sempre linda
AOS SETENTA só SESSENTA DE POESIA
P(OVO)
EDIÇÃO DO AUTOR
COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO DE JOSÉ DINIS
Outubro/1979
(CONTINUAÇÃO)
SAL AMARGO
era o amargo do SAL
a miserável instituição do AZAR
a mentira do tamanho do MAR
tocata de um velho violon CELO
era Portugal a cantar
com vontade de chorar
O DITADOR
um crânio um vaso uma caveira
um cadáver uma tíbia uma espada
um raio uma espinha atravessada
um monge um doido um bicho solitário
Nero sem cítara Calígula sem cavalo
um general sem farda um canalha
um Vasconcelos a rir baixinho no armário
do clamor de um povo no vestíbulo
um interesse uma classe uma casta
um quisto uma pústula um monstro
até que o povo diga basta
P(OVO)
há quem diga povo
e pense em ovo
ovo frito
ovo assado
estrelado
revirado
bem passado
manobrado
temperado
preparado
triturado
pronto
a ser mastigado
bem guardado
encarcerado
conservado
dentro da casca
encerrado
sempre na canga
ajoujado
burro de carga
ou bobo
às ordens
sem ordenado
ora de pé
ora deitado
como parecer
mais avisado
ao rei dos reis
ao rei dos vinténs
André Moa
EDIÇÃO DO AUTOR
COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO DE JOSÉ DINIS
Outubro/1979
(CONTINUAÇÃO)
SAL AMARGO
era o amargo do SAL
a miserável instituição do AZAR
a mentira do tamanho do MAR
tocata de um velho violon CELO
era Portugal a cantar
com vontade de chorar
O DITADOR
um crânio um vaso uma caveira
um cadáver uma tíbia uma espada
um raio uma espinha atravessada
um monge um doido um bicho solitário
Nero sem cítara Calígula sem cavalo
um general sem farda um canalha
um Vasconcelos a rir baixinho no armário
do clamor de um povo no vestíbulo
um interesse uma classe uma casta
um quisto uma pústula um monstro
até que o povo diga basta
P(OVO)
há quem diga povo
e pense em ovo
ovo frito
ovo assado
estrelado
revirado
bem passado
manobrado
temperado
preparado
triturado
pronto
a ser mastigado
bem guardado
encarcerado
conservado
dentro da casca
encerrado
sempre na canga
ajoujado
burro de carga
ou bobo
às ordens
sem ordenado
ora de pé
ora deitado
como parecer
mais avisado
ao rei dos reis
ao rei dos vinténs
André Moa
8 Comentários:
Às 7 de setembro de 2010 às 09:51 , Maria disse...
Cada vez gosto mais da tua poesia. Esta descreve de forma magistral a salazarenta criatura, que transformou o nosso país neste monte de lodo e nojo.
Como estão as costas? Eu cada vez mais na mesma.
O estômago não me dá tréguas. Estou a cair da tripeça.
Beijinho
Maria
Às 7 de setembro de 2010 às 22:53 , Espaço do João disse...
Meu Caro André.
Do OVO nasceu o polvo. Seus tentáculos nunca são cortados. Agarram-se a tudo e a todos. Esse polvo maldito, que nasceu dum ovo podre e salazarento, um dia será frito em lume brando. Será que não daremos cabo dele? Já não sei pensar, já não sei o que digo, somente quero o que penso, mas isso não divulgo.
Muita força e saúde. Um abraço. João
Às 7 de setembro de 2010 às 22:59 , Laura disse...
A força vem da coragem de denunciar o que está mal. Mas nem todos procedem assim. Queixam-se, refilam, falam por trás, é por causa deles que o mundo não pula nem avança...
Vai levar tempo. Os grandes Homens que se atiram à luta ainda são poucos, devagar lá chegaremos, até que eles entendam que nunca o homem terá mérito se subir na vida à custa do sofrimento dos seus Irmãos! E aí, aí sim, começarão a ver que na alegria, na paz e no amor, todos viveremos melhor, e será uma nova forma de vida, no amanhã..
Um beijinho da laura
Às 8 de setembro de 2010 às 00:28 , Alexandre Júlio disse...
Meu Caro André Moa,
Foi com imenso prazer que desfolhei inumeros Post's dos teus Blog's, já por lá tinha dado uma espreitadela, pela mão da nossa amiga comum do "Bichodeconta", mas logo percebi que tinha que por lá fazer um visita mais demorada.
Apreciei o teu amor genuíno pela terra que te viu nascer - Tabuaço, que fiquei a conhecer melhor, o requinte da tua poesia, o clamor do teu grito de protesto e resistência contra a malvadez do clientelismo e servilismo destes sucessivos governos, .........
Apercebi-me que tambem a saude te tem pregado algumas partidas nos ultimos tempos, mas tambem aqui vais erguer uma muralha de aço, de resistência, contra este inimigo oportunista, Lutar, lutar sempre!
Tambem o meu Além - Tejo, tem com uma longa história de resistência pelas Planícies Alentejanas, tendo o seu auge na Luta pelas 8 horas, em 1961, ano em que nasci, enfrentando heróicamente a feroz ditadura Salazarista.
Bem hajas, e um grande abraço meu caro André, Alexandre Júlio.
Às 8 de setembro de 2010 às 11:10 , Andre Moa disse...
Querida Maria,
faça favor de arribar,
para que, no dia-a-dia,
me possas elogiar.
Como soam bem e que bálsamo para a alma e até para as costas, as tuas exaltantes palavras! Espero que continues a gostar sempre mais e mais da minha poesia, sinal de que fui evoluindo ao longo dos tempos. Não te esqueças de que apenas vamos na década de setenta. Ainda a procissão poética vai no adro.
Beijinhos
Meu caro João,
Do ovo nasce tudo, por isso viva o Ovo.
O que não podemos nem devemos nem queremos tolerar é que alguém transforme o Povo em Ovo para o papar. Já se for polvo com ovo, até eu poderei ser um dos glutões. Consoada para mim sem polvo embrulhado em ovo não é consoada. Conclusão: Povo é povo, ovo é ovo e polvo é polvo. Viva o Povo!
Um abraço.
Querida Laura,
Há que sonhar
e ter esperança
enquanto há vida;
para o mundo poder
continuar
a pular,
a avançar
«como bola colorida
entre as mãos de uma criança».
Beijinhos
Caro Alexandre Júlio,
Bem-vindo a esta tertúlia de amigos, sempre amistosos e sempre bem dispostos, mesmo que aqui e ali surja um arranhãozito de gato a brincar com o dono ou vice-versa. Tolerância, aceitação, colaboração, confiança e boa disposição é o que é preciso. Sê pois bem-vindo. E logo tu que chegaste pela mão da nossa querida bichodeconta.Tem-nos feito falta a sua assídua presença. Mas como outros valores mais "baixos" (o faceboock) se intrometeram... eheheheheh... temos de aguardar que a febre passe. eheheheh. Com paciência, se bem que com muita saudade.
Não há dúvida que o Alentejo é um paradigma secular de sofrimento e resistência. Quem o não souber que leia «LEVANTADO DO CHÃO» do José Saramago, claro, quem mais poderia ser?
Bem-hajas, tu, caro amigo, pelos estímulos e palavras de força que me deste.
E faz deste canto o teu canto, tá? Cá te esperamos. E «trás outro amigo também», como nos exorta Zeca Afonso, claro, quem mais poderia ser?
Um abraço
Abreijos para todos
André Moa
Às 8 de setembro de 2010 às 23:32 , Anónimo disse...
Moaaaaaaaaaaaaaaa...na oura faz se ouro..o pc do nuno e de teclado diferente...beijinhos algarvios.. laura
Às 8 de setembro de 2010 às 23:54 , Andre Moa disse...
Boa estada, cara Laura. Boas férias.
Beijinhos
Às 11 de setembro de 2010 às 17:20 , Bichodeconta disse...
Volto aqui sempre com saudade, e agora chorei.Um abraço Moa amigo, Alex foi um gosto encontrar-te por aqui..Tu Alex tens tudo a ver com este espirito aqui vivido, já sei, nesta altura há que tirar o mel ás abelhinhas, é muito trabalho e esperemos que muito mel também..Obrigada Alex por teres chegado aqui. Obrigada Moa amigo por tão bem receberes este amigo que só amigo sabe ser. Deixo um abraço, Moa a febre do facebook está passada, só faço o jogo mas vou lá uma vez ao dia e pouco tempo..Apróxima-se dia 17..
O que é que eu faço?
Será desta que vou a Tabuaço?
Se não estou enganada
Irei
Só ou acompanhada
Isso não importa
Importante é que estejas lá
Para te abraçar
E abrires a porta.
Vou beber água da fonte da Moa
Saio de lá toda torta.
Isto é que é coltura eheheheh
Abreijos, bichodeconta
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