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quarta-feira, 28 de julho de 2010

Afinal...parece que vou poder continuar a postar!...

AS VERGONHAS DA IGNORÂNCIA

“As vergonhas da ignorância são as que mais custam a confessar”, escreveu um dia Saramago nas páginas de uma das suas obras. Hoje sou eu quem de uma página se serve para confessar uma das minhas. Refiro-me às ignorâncias e não às vergonhas, porque sou das que ainda acredita no adagiário popular, que há muito consagrou que “Quem diz a verdade não merece castigo”. E se não merece castigo é porque das duas, uma: ou dela não se tem que envergonhar ou é já castigo suficiente ter vivido na ignorância.
Vivemos também de convicções e com convicções. As primeiras são todas as que fazem parte de um quadro de valores, em que precisamos de acreditar, e que servem de caboucos à construção diária das paredes das nossas vidas. As segundas são as que in-teriorizamos como certezas, mas que de um momento para o outro podem deixar de o ser. No entanto, enquanto duram, elas são de tal maneira seguras, que nunca nos questionamos sobre a sua validade.
Desde que me conheço que me habituei a receber, nas terras quentes da África onde morava, cartões de Boas-Festas que os parentes residentes na metrópole nos enviavam pelo Natal. Podíamos nada saber deles o ano inteiro mas, naquela altura, era um ritual sagrado: entrava-nos pela caixa do correio dentro a formulação de votos de Festas Felizes e um Ano Novo repleto de prosperidades. O adjectivo «repleto» era muito mais pomposo do que «cheio» e ajustava-se melhor à solenidade da quadra. Mas o meu olhar inocente de criança não se preocupava com a hierarquia das palavras. Preferia pousar naquela brancura da neve e deslizar pelas colinas à procura das copas triangulares dos pinheiros, debaixo dos quais se anichavam casinhas vermelhas, com janelas douradas pela luz que emanava do interior, e chaminés a fumegar odores de consoadas em família.
As casinhas eram sempre vermelhas, invariavelmente vermelhas, mas eu nunca perguntei por que razão eram elas sempre daquela cor. No meu processo natural de aquisição cognitiva, interiorizara que o vermelho era a cor que melhor se destacava no branco. E pensava que se as casas fossem brancas ou cinzentas, não haveria maneira de as distinguir por entre os infindáveis mantos brancos de neve.
E foi assim que adquiri mais uma das minhas certezas para a vida inteira: são vermelhas para se poderem ver melhor, ponto final! Uma resposta muito na tradição do universo infantil da história do Capuchinho Vermelho – para te ouvir melhor, para te ver melhor, até terminar no cruel desfecho... para te comer melhor!
Como a dúvida só existe quando a incerteza se instala, eu vivi todos estes anos sem necessidade de acrescentar perguntas a tantas outras que o viver diário permanentemente nos coloca. Até que um dia – e foi há bem pouco tempo – alguém se encarregou de me provocar uma enorme decepção, ao fazer desmoronar uma sólida peça deste meu edifício de certezas. Aconteceu a semana passada, em pleno coração da paisagem norueguesa talhada na exube¬rante natureza dos fiordes. Em Flam – por ironia pronunciado como nome de pudim – ouvi a explicação dada por um guia turístico, que me deu a conhecer o gosto amargo da desilusão e o estrondo repentino de uma verdade que acabara de desabar no estreito desfiladeiro da uma sólida mentira que eu construíra só para mim. Uma só frase, dita sem qualquer cuidado especial, sem uma ponta de erudição e reduzida à sua mera função informativa, fez mergulhar no leito escavado do glaciar a visão romântica das casinhas pintadas de vermelho.
- Sabem por que é que as casas de madeira são desta cor? - perguntou-nos.
Ninguém ousou dizer fosse o que fosse. Perante o silêncio tímido de uma plateia que não queria avançar com respostas, continuou:
- Porque na época em que foram construídas, a tinta mais barata era precisamente a tinta vermelha. Hoje em dia é mais utilizada nas dependências - estábulos, celeiros, garagens, arrecadações -, destinando-se o branco à casa de família.
Naquele momento, quase me arrependi de ter planeado a viagem. Se a não tivesse feito, continuaria a pintar as minhas casas vermelhas com a cor poética do contraste, em vez de as cobrir com uma demão da mais desenxabida teoria económica baseada na poupança.
Fica agora compreendida a razão porque em pleno Verão eu venho invocar esquecidas paisagens de Inverno. É que este golpe só teve comparação com o que me foi desferido quando me contaram que o Pai Natal não existia. Durante muito tempo, recusei-me a viver sem ele e tentei prolongar-lhe a longevidade junto de todas as crianças da família, até que o ridículo as fizesse corar de vergonha.
Porque é minha convicção que mais vale morrer de vergonha do que começar cedo de mais a viver sem as fantasias que nos alimentam a imaginação.
Aida Baptista

Apontamentos anticancro 34
«O desequilíbrio entre os ácidos gordos ómega 3 e ómega 6 na nossa alimentação aumenta as inflamações, a coagulação e o desenvolvimento de células adiposas e cancerosas.
Os ovos – sinónimo de alimentação natural – já não contêm os mesmos ácidos gordos essenciais que continham há 50 anos.
Em todos os países há, claramente, uma relação directa entre a taxa de cancro e o consumo de carne e lacticínios. Pelo contrário, quanto mais isso for o tipo de alimentação de um país em legumes e leguminosas, mais baixa é a taxa de cancro».
Do livro «Anticancro – um novo estilo de vida» de David Servan-Schreiber.

9 Comentários:

  • Às 29 de julho de 2010 às 07:35 , Blogger Osvaldo disse...

    Cara Aida;

    Interessante texto e bela história (ou estória) de sonhos de infância...
    Quem nunca sonhou com as maravilhosas paisagens dos cartões de Natal, com os pinheiros apontados ao Céu com aquelas imaculadas cores brancas com que a neve os cobria!..., com as pequenas pontes a travessarem doces ribeiros ou riachos de montanha, etc... mas, talvez seja a minha santa ignorância, lá vem a palavra de novo, nunca tinha reparado que as casinhas eram todas vermelhas!!!. Bom, é bem verdade que era tão raro recebermos cartões de Natal, que nunca prestei atenção ao detalhe. Mas algo me chamou a atenção sobre a explicação do guia turístico e a verdade é que os guias só contam o que aprendem e não trocam uma só vírgula à história, que foi no que se refere à cor vermelha e sua utilização e que ainda hoje é utilizada e referenciada em quase todas as latitudes, que é de ser uma cor secundária, por isso utilizada em sectores de perigo, interdição, proibição, atenção e... fujam antes que seja tarde!...
    Lá, como cá e acolá é uma cor pobre e barata.
    Também eu sempre gostei do Pai Natal e tenho, mesmo na minha idade, uma grande veneração pelo simpático velhinho, embora alguns amigos digam que "le Père Noël est une ordure" mas só voltarei a acreditar nele quando, como no inicio, ele voltar a se vestir de verde!...
    Maldita Coca... cola.

    Feliz por sempre poder apreciar seus belos textos, Aida.

    bjs,
    Osvaldo

     
  • Às 29 de julho de 2010 às 08:46 , Blogger Laura disse...

    Olá Aida.

    na verdade sempre amei receber postais de Natal, ainda há amigos que os enviam, e é sempre bela a quadra. O encanto foi-se, na mentira que era ser o Pai Natal a trazer os presentes, mostraram-me isso aos 8 anos quando as filhas da madrinha do meu irmão me mandaram vasculhar o guarda fatos à procura de prendas... e lá estavam elas...a partir daí a magia foi-se!

    Adoro os cartões que tenham dessas cenas natalícias, pinheiros muito verdes, casaquinhos vermelhos a caminho da missa do galo, neve muita neve, sem neve não presta...
    os telhados vermelhos, nunca reparei, mas a partir de agora estarei atenta e vou lembrar da Aida... e do Osvaldo com a maldita Coca Cola, ahhhhhh, um dia iremos ver um Pai Natal de verde, acredito que sim, já que a tradição está a mudar!...

    Uma coisa é certa. Tenho saudade das poucas vezes que fomos à missa do galo, o chão coberto de branco, na aldeia dos meus avós, o brilho das velas na Igrejinha pequena, as pessoas emocionadas por estarem ali. A maioria já nem vive, mas a recordação ficou sempre cá dentro envolta em aromas de Inverno, e da mesa ricamente guarnecida em iguarias sem igual que a avó e as tias faziam com alegria, estávamos lá os netos, sobrinhos e a felicidade morava no nosso lar!

    E não importa que a tinta vermelha fosse a mais barata... a beleza é que conta e todas as cores são belas.

    Um beijinho e que belas recordações.

    Aquele abraço da Laura

     
  • Às 30 de julho de 2010 às 10:17 , Blogger Je Vois La Vie en Vert disse...

    Aída,
    Todos nós um dia temos que passar pela experiência duma desilusão, dum castelo de cartas a desmonerar-se...
    Estas cartões de Natal são um convite para sonhar uma época de magia, numa paisagem envolta de brancura dentro duma casinha com uma lareira acesa. Também não me recordo de as ver encarnadas, até porque, normalmente estavam os telhados cobertos de neve...branca.
    Eu teria tendência a imaginá-las pintadas de verde....;))
    É a primeira vez que comento o seu texto que li com muito agrado.

    Caro Osvaldo,
    Com que então és amigo de Christian Clavier, Michel Blanc, Gérard Jugnot, Thierry Lhermitte, Josiane Balasko, Valérie Mairesse, Marie-Anne Chazel, Bruno Moynot et Claire Magnin ? (Le Père Noel est une ordure).
    Uma consoada festejada com estes amigos deve ser a mais cómica da tua vida !
    Quando quiseres convidar-me para me juntar a vós para uma noite de riso, vou logo !;)) LOL

    Beijinhos
    Verdinha

     
  • Às 30 de julho de 2010 às 14:51 , Blogger Laura disse...

    Quem falou em noites de riso? mesmo com pouco siso, bora lá e onde fica essa terra encantada dos Papai Noel's? dos Santa Claus... nem importa que seja noite de Consoada...importa não estarmos sós...

    Falar de natais e de neve em dias de verão parece que sinto uma brisa diferente, brisa de amizade, amor.
    Um abraço apertadinho a todos, da laura

     
  • Às 31 de julho de 2010 às 13:29 , Blogger Andre Moa disse...

    Apenas para vos dizer que ainda estou vivo e com forçAS PARA DAR E DURAR.
    Abreijos para todos os meus verdadeiros amigos. E viva o GT!
    André Moa

     
  • Às 31 de julho de 2010 às 18:04 , Blogger Laura disse...

    Ena, interrompeste as férias para vir a casa tratar dos remédios e nem resististe às saudades.
    Estou a ver, isto é bichinho que se entranha na pele!
    Então também tenho direito a abreijos, venha daí meia dúzia deles, bem recheados com aquele amor que nos une...
    Obrigada pelo carinho..
    Laura
    (ah, vamos a afinar as cordas para uma coisa que escrevi!)

     
  • Às 31 de julho de 2010 às 22:30 , Blogger Je Vois La Vie en Vert disse...

    Abreijos para ti também , caríssimo Moa ou Toi...
    Forças para dar e durar ? que bom !
    O futuro apresenta-se com um céu azul, belas paisagens, muitas palavras doces, muita música, muita amizade.
    E viva o GT !
    Mais abreijos e bom regresso para o teu cantinho de férias !
    Verdinha

     
  • Às 31 de julho de 2010 às 23:38 , Blogger Kim disse...

    E viva o GT! Está tudo dito!
    Boas férias André!

     
  • Às 7 de agosto de 2010 às 16:37 , Anonymous Anónimo disse...

    Bem me parecem boas férias...não vejo o André nem o Moa, nem o rapaz, enfim, nenhum deles que é um ele, aparece aqui...ai mar, doce mar..Um xi da nina, que não fecha o gmail senão vai tudo ao ar.... laura

     

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