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sexta-feira, 9 de julho de 2010

O QUINTETO ERA DOURO - 3





OURO VELHO – A COR DA UVA VINHATEIRA

… E eis que, num certo dia do ano de 2009, o meu “irmão” André Moa me enviou por email um projecto literário, pedindo para eu ler e deixar um intróito ou comentário sobre a obra.
Claro que me propus a ler e como o dia de domingo estava chuvoso e o frio alpino não convidava a grandes “promenades”, decidi-me a ficar cá por casa e a começar a “empreitada” cultural. Na frente do teclado, esfreguei as mãos, falei para o computador e disse-lhe: companheiro, mãos à obra!
Comecei por ler cada um dos textos do Ernesto, propostos para reflexão, e as respostas do Moa. Só que, quando ainda ia no quarto ou quinto texto, achei que aquele projecto era mais um desafio, e como a desafios eu não viro a cara, decidi, sem pedir permissão para isso, entrar no jogo e comentar à minha maneira os duzentos e dois textos que o Ernesto jogava para cima da mesa.
Foi um desafio motivante e com o resultado desta minha decisão a obra ganhou volume, mudou de cor, passando do preto e verde inicial ao d’our(ad)o, ao ouro velho que é a cor da uva vinhateira” das nossas vinhas, das vinhas do Douro.
Este projecto constitui, no fundo, uma homenagem ao povo duriense, às varandas xistosas que embelezam a nossa terra, à força braçal dos nossos antepassados que conseguiram esse milagre de transformar uma região agreste, bravia e improdutiva, numa das mais belas regiões do Mundo que é o Douro Vinhateiro. É, ao mesmo tempo, a confirmação de que Tabuaço sempre foi berço de gente que, ao aprender a brincar com as letras, acabaria por oferecer ao mundo grandes literatos - escritores, poetas, cronistas e romancistas, de que se destaca o iminente político e o grande homem de letras Abel Botelho.
O desafio foi avançando e o cansaço mais me motivava para a realização do mesmo, e assim, após uma tarde-noite a dedilhar, dei por concluído o meu contributo a este fascinante trabalho. De imediato o enviei, mesmo sem a prévia revisão, ao meu “irmão” André Moa sem mesmo imaginar (ou talvez sim) a sua reacção.
Três dias depois, recebi uma resposta que dizia: “... caro irmão, fiquei deveras surpreendido pela positiva com o que me mandaste e em discussão com o Ernesto, decidimos alterar o projecto inicial, convidar mais alguns tabuacenses, e o que era a preto e verde, passou a ser maduro duriense das melhores castas da nossa terra!...”
E assim, esta obra que começou por ser um solo do Ernesto, a seguir um dueto Ernesto-Moa, cedo se transformou num quinteto, num quinteto d’ouro, do ouro velho, a “Cor da Uva Vinhateira” tão peculiar às vinhas de Tabuaço.
Osvaldo B. Ribeiro

Apontamentos anticancro 25
«Uma doença grave pode ser uma viagem extremamente solitária. Quando o perigo ameaça um grupo de macacos, elevando o seu grau de ansiedade, o seu instinto é juntarem-se e catarem-se desesperadamente. Isto não diminui o perigo, mas alivia a solidão. Os nossos valores ocidentais, com veneração dos resultados concretos, podem não nos deixar ver a nossa intrínseca necessidade animal de presença em caso de perigo e incerteza[1]. Uma presença amável, constante e de confiança é, muitas vezes, a mais bela dádiva que os nossos entes queridos podem dar-nos[2]. Mas não há muita gente que o saiba. Um médico amigo, fazendo os possíveis por me aconselhar, deu-me várias sugestões práticas, mas não exprimiu o que sentia em relação ao que me acontecera. Mais tarde, quando falámos sobre essa conversa, disse-me com algum embaraço:
- Não sabia que mais dizer.
Talvez “dizer algo” não fosse o necessário. Por vezes, as circunstâncias forçam-nos a redescobrir o poder da presença.
Um dia, uma executiva, casada com o presidente de outra empresa, adoeceu. Viviam ambos para o trabalho. Estavam habituados a registar os pormenores mais ínfimos das suas vidas. Quando ela adoeceu, falaram muito sobre as opções de tratamento, mas pouco sobre o que sentiam. Um dia, ela chegou tão exausta da quimioterapia, que caiu no tapete da sala. Não conseguia levantar-se. Pela primeira vez desfez-se em lágrimas. Tudo o que o marido dizia só a fazia sentir-se pior. Não sabia o que fazer. Ajoelhou-se no chão e chorou com ela. Achava-se um fracasso total, por não conseguir fazê-la sentir-se melhor. Mas, na verdade, foi isso que a fez sentir-se melhor – o facto de ele deixar de tentar melhorar as coisas.
Em algumas situações, gostaríamos de dizer aos nossos entes queridos: - por favor, parem de tentar “fazer alguma coisa”. Estejam apenas presentes!».
Do livro «Anticancro – um novo estilo de vida» de David Servan-Schreiber.

[1] Felizmente este grupo contraria essa propensão ocidental (!), mostrando-se sempre solidário e manifestando a sua presença de uma forma constante, digna, admirável, inultrapassável. Graças vos dou, por isso, amigos.
[2] E eu que o diga! E digo. E agradeço. Do fundo do coração. A todos.





5 Comentários:

  • Às 9 de julho de 2010 às 23:12 , Blogger Andre Moa disse...

    Acabei de chegar de Mora onde fui confraternizar com seis amigos membros do CAHA (CONFRARIA DOS AMIGOS DAS HORTÊNSIAS AMEAÇADAS)e respectivas companheiras. Aqui vai a acta da Assembleia Geral Extraordinária para que fomos convocados
    ORDEM DOS CAVALEIROS DA HORTÊNSIA

    Reunião extraordinária da Assembleia Geral da CAHA (Confraria dos amigos das hortênsias ameaçadas), aos 9 de Julho de 2010, em Mora, junto ao belo rincão de hortênsias do Olegário e da São
    Em tempos, um Director
    Veio, com ares de doutor,
    Dominador da ciência,
    De chofre e com frieza,
    Declarar guerra à beleza,
    Chamar praga à bela hortênsia.

    A hortênsia é, sabeis,
    Vós que bem a conheceis,
    A rainha das flores,
    Uma das mil maravilhas
    Espalhadas pelas nove ilhas,
    É um símbolo dos Açores.

    Por isso, tal ameaça
    Que mais parece chalaça
    Ou graça de ocasião,
    Porque foi feita a sério,
    Caiu que nem vitupério
    Nas gentes da região.

    Só quem não gosta de flores
    Ou sofre de maus humores
    Ou lhe falta inteligência,
    Poderá julgar que é praga,
    Por revestir grota e fraga,
    A frondosa e bela hortênsia.

    Soaram logo trombetas,
    Bombos, címbalos, cornetas…
    Todo um coro de protestos
    Surge, indignado e profundo,
    Nos quatro cantos do mundo,
    Formado por homens testos.

    Homens de valor, artistas,
    Içam esporões e cristas,
    Armam-se em defensores,
    Destemidos cavaleiros,
    Nobres pajens, bons archeiros,
    Da rainha dos Açores.

    Após um ano de esgrima,
    Muito estudo, muita rima,
    O Olegário e a São
    Pensaram, em boa hora,
    Reunir-nos, hoje, em Mora
    Em magna reunião.

    Reunião ou função?
    Primeira e grande questão
    Que urge aqui debater.
    Com alcatra da Terceira
    Feita pela Hélia, à maneira,
    É função, é bom de ver.

    Bacalhau à transmontana
    Um Douro para a carraspana,
    O arroz doce da São,
    O moscatel do Manel
    Vinho e doces a granel…
    É função. E que função!

    Presidente Eduíno,
    Como o sol já vai a pino,
    Em nome da fome, imploro:
    Declare aberta a sessão,
    Sem temor de impugnação,
    Pois já contei, temos quoro.

    Dos oito nobres da Ordem
    Vieram seis, os que podem
    Deslocar-se facilmente.
    Faltaram dois, temos pena!
    Coimá-los? Não vale a pena!
    Aquilo é tão boa gente!

    O seu castigo maior
    Está neste pormenor:
    Não poder gozar agora
    Este hortênsico rincão
    Que o Olegário e a São
    Plantaram aqui em Mora.

    E bem pode acontecer
    Que um dia, haja o que houver,
    Não queiram pôr-se de fora,
    P’ra serem anfitriões,
    Pagar luzidas funções,
    Quiçá, com juros de mora.

    Esse será um castigo
    Proveitoso. E mais não digo,
    P’ra não passar por basbaque.
    Termino já. Excelências:
    Vivam as queridas hortênsias!
    Por elas, tudo! Ao ataque!

    Mas antes de terminar
    Quero ainda salientar
    Que há entre nós outras flores
    Bem mais belas que as hortênsias.
    Frutos de outras florescências,
    Elas são os nossos amores!

    Tratam-nos com paciência,
    Amam também a hortênsia,
    Fazem pratos divinais.
    Flores de raros encantos,
    Raros! Raros! Tantos! Tantos!
    Concordais, não concordais?

    A ser verdade o que ouvi,
    Vou ficar-me por aqui.
    Antes que nos dê um baque,
    Eduino, Presidente,
    Mande avançar esta gente.
    Pela hortênsia, ao Ataque!
    André Moa

     
  • Às 10 de julho de 2010 às 13:00 , Blogger Osvaldo disse...

    Caro irmão;

    Que o quinteto se "desnude" aos amigos impacientes, que certamente ficarão felizes de partilhar e discutir as reflexões do Ernesto, reflexões estas a quem nós vitamizamos e demos corpo, e cor, que é o maravilhoso "Ouro Velho", tão peculiar às nossas vinhas.

    Quanto às hortênsias,... apesar do "excelentissimo" poema, e eu tenho-as lá em casa, tu sabes, prefiro as rosas que é a flor que melhor combina com os cravos.
    Um abraço, irmão.
    Osvaldo

     
  • Às 11 de julho de 2010 às 00:13 , Blogger Andre Moa disse...

    Acabo de chegar de Viseu onde fui confraternizar com ex-alunos do Seminário dos Combonianos que eu frequentei durante três anos e três meses. Fui lá encontrar um condiscípulo que já não via há 55 anos. Foi um momento histório, julgo que para ambos.
    Abreijos
    André Moa

     
  • Às 11 de julho de 2010 às 22:32 , Blogger Je Vois La Vie en Vert disse...

    Rico quinteto...!
    Beijinhos
    Verdinha

     
  • Às 13 de julho de 2010 às 00:22 , Blogger Kim disse...

    É de facto OURO VELHO, que provavelmente já só serve para fazer negócios de pouca monta. Quem já deu o litro só está à espera da próxima vindima.
    Grande abraço amigo

     

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