CICLO REFLEXÃO
O FEITIÇO DA LINGUAGEM
A linguagem pertence na sua origem à era da mais rudimentar psicologia: encontramo-nos perante um rude fetichismo quando contemplamos os pressupostos básicos da metafísica da linguagem - quer dizer, da razão. É essa metafísica que vê em toda a parte acção e actor, é ela que acredita na vontade como causa em geral, é ela que acredita no «eu», no eu como ser, no eu como substância, e que projecta a sua crença no eu-substância sobre todas as coisas - só assim ela cria a noção de «coisa» [...]. O erro fatal que se insinua desde o princípio é o de que a vontade é algo que produz um efeito - que a vontade é uma faculdade. Hoje sabemos que é apenas uma palavra. [...]. Eu temo que não nos desenvencilharemos de Deus porque ainda acreditamos na gramática.
Nietzsche
Com a intervenção da língua, forma-se a linguagem. E é no linguajar, que os indivíduos duma sociedade comunicam entre si. Mais conhecida por Comunicação Social (verbal, gestual e escrita), é considerada nas democracias modernas (ditas avançadas), como o 4º. poder. Mas é o poder mais poderoso, pela faculdade que tem de influenciar os restantes poderes instituídos. Retratemos o que se passa em Portugal que é, desde há muito, o país mais pobre e atrasado da Europa a fazer fé na Comunicação Social que não se cansa de o repetir até à exaustão. Neste país, todos os poderes que constituem os pilares «democráticos» da sociedade são fortemente centralizados. Governa-se do núcleo central em benefício exclusivo do núcleo central, com total desprezo da periferia que, com espírito criativo designam de «paisagem». Aqui está uma forma moderna de colonialismo. E o centralismo português consegue obter um resultado espantoso. Promove, sem cessar, uma região considerada, estatisticamente, uma das regiões mais ricas da Europa, enquanto as restantes, com excepção do Algarve e da Madeira, são das regiões mais pobres e atrasadas do continente europeu. Esta assimetria irracional pode, a médio prazo, por em perigo a própria coesão nacional. O centralismo, é o cancro da sociedade, que se alimenta das regiões periféricas e circundantes para engordar e fortalecer-se. E a única maneira de combater a doença, é promover uma regionalização administrativa equilibrada e inteligente. Por vezes, pergunto-me, se terá valido a pena aos homens do norte (que são portugueses há mais tempo que os homens do sul), verter o seu sangue e sacrificar as suas vidas para conquistar Lisboa aos mouros.
Paixão Lima
«No princípio era o verbo».
- E no fim também - acrescento eu.
- «O gesto é tudo» - diz-se.
- E então a postura? – Pergunto eu
André Moa
Apontamentos anticancro 33
«Um DOS grandes mistérios da epidemiologia moderna, além do cancro, é a epidemia da obesidade. Depois do tabaco, a obesidade é o segundo factor de risco mais elevado para o cancro. O elo entre a obesidade e o cancro só recentemente se tornou claro. Só agora começamos a compreender que têm uma origem comum.
Os
Ómega 3 3 ómega 6 presentes no nosso organismo competem entre si para controlar as funções do nosso corpo. Os ómegas 6 ajudam a armazenar gordura e promovem a robustez das células, bem como a coagulação e a inflamação em resposta às agressões exteriores. Estimulam a produção de células gordas desde o nascimento. Por sua vez, os ómega 3 estão envolvidos no desenvolvimento do sistema nervoso, em tornar as membranas celulares mais flexíveis e na redução das inflamações. Também limitam a produção de células adiposas (gordas). O nosso equilíbrio fisiológico depende muito do equilíbrio entre os ómega 3 e ómega 6 no nosso organismo e, portanto, na nossa alimentação. Pelos vistos, foi este equilíbrio alimentar que se alterou nos últimos 50 anos ».
Do livro «Anticancro – um novo estilo de vida» de David Servan-Schreiber.
12 Comentários:
Às 26 de julho de 2010 às 00:03 , Kim disse...
Amigo Moa
Todos sabemos o ódio que Nietzsche nutria pelas mulheres. Será que ele tinha razão? Não me parece!
O 4º poder é aquele que ainda por aqui nos vai mantendo a dissecar o que sabemos e o que não.
E tu tens o 4º poder elevado ao quadrado.
Gostei de saber dos Ómegas
Um grande abraço amigo
Às 26 de julho de 2010 às 00:45 , Andre Moa disse...
Pois é, amigo Kim.
O Nietzsche comportava-se em relação às mulheres, como a raposa para as uvas inatingíveis: estão verdes.
Abreijos
André Moa
Às 26 de julho de 2010 às 07:32 , Osvaldo disse...
Caro Paixão;
Perguntar, perguntas bem..., responder é que eu não sei.
Mas já agora, vamos lá para a regionalização que já tem um atraso de 35 anos.
Um abraço.
Osvaldo
Às 26 de julho de 2010 às 08:38 , Laura disse...
Valeu a pena os homens do Norte verterem o seu sangue para conquistar Lisboa aos Mouros! senão o Norte não teria grandes homens como tu ó Paixão!... e não teríamos os homens do sul para nos prestar vassalagem...ahhhhhhh...escreves difícil mas esse Nietzche devia inclinar-se para o lado oposto das mulheres, pois ela veio ao mundo para tornar o homem feliz..e homem que se preze sabe que ela deve ser, acima de tudo; amada, respeitada e guardada bem juntinho ao coração!
Abraço apertadinho da laura
Nós precisamos da vossa força, não da força bruta, mas da força do AMOR!
Às 26 de julho de 2010 às 12:12 , Paixão Lima disse...
Kim,
O 4º. poder, que é o maior poder, vai dissecando o que sabemos. Ficando por dissecar o que não sabemos. Mas é um agir sem inocência. Ao atacar uns está, objectivamente, a defender outros. Não é um poder independente. E que é um poder deveras centralizador, ninguém de boa fé pode duvidar.
Um abraço.
Às 26 de julho de 2010 às 12:30 , Paixão Lima disse...
Amigo Osvaldo,
Perguntar não ofende mas também não resolve. Mas nunca é demais denunciar o que entendemos não estar certo. É assim que se iniciam todos os processos de mudança. A regionalização administrativa do país vai fazer-se por necessidade de sobrevivência do próprio país. Não tenho quaisquer dúvidas sobre isso. Mas neste particular, sou como o Durão Barroso. Não sei é quando...
Um abraço.
Às 26 de julho de 2010 às 13:59 , Paixão Lima disse...
Laurita,
Os grandes homens são aqueles que praticam grandes feitos. Como não pratiquei nenhum feito, nem grande nem pequeno, tenho de contentar-me em ser o que sou. Não sou grande nem pequeno, sou médio eheheheh. São os teus olhos que não te deixam ver bem. Porque o teu olhar é o olhar da amizade. Agradeço e retribuo o afecto. Reconheço que a força do Amor é poderosa. Como militante que sou do Amor, caminho confiante sob a sua bandeira. Mulheres e homens caminham comigo, em plena igualdade, com os mesmos direitos e deveres.
Um abraço e um beijo.
Às 26 de julho de 2010 às 16:27 , Unknown disse...
Paixão;
Apesar da tua modéstia quero dizer-te que fiquei deveras contente por teres sido apontado como exemplo do !
No sul se diz: -! Vá-se lá saber onde está a verdade...
Em boa verdade venho aqui pelo tema postado.
Regionalização sim eu sou a favor há muitos anos!
Assunto arrastado, para quem se lembra e se interessa, há muitos anos!
O Poder centralizado não pode ser administrado
de uma forma justa e equitativa pois desconhecem-se as necessidades reais da "paisagem"...
Lisboa continua a ser capital de um país que a ela em nada se assemelha.
Para terminar quero apenas deixar uma nota porque de políticas estamos a falar ...que de caciques não gosto nem por cá nem na China.
Mil abraços
Getta
Às 26 de julho de 2010 às 16:38 , Unknown disse...
Paixão ; como vais perceber o texto está cortado...não sei o que aconteceu no envio porque foi por mim escrito de forma inteligível!
Por esse motivo venho completar a primeira frase:
Apesar .......por teres sido apontado como exemplo do homem do norte!
No sul se diz: Senhoras fujam dos homens do norte!
O resto é o que eu queria dizer e está completo.
Beijo
Gatta
Às 26 de julho de 2010 às 17:53 , Paixão Lima disse...
Getta (minha Amiga-vizinha de Goujoim-Armamar),
Congratulo-me por teres do teu país uma visão de futuro, porque também defendes a regionalização. Mas a regionalização administrativa não é uma questão política. É uma questão económica de gestão dos recursos no espaço português. Para defender a coesão nacional ; salvar o interior do país da desertificação e salvar o litoral e principalmente Lisboa da superlotação. A região de Lisboa e sul do Tejo, constituindo uma das regiões mais ricas da Europa, tem nível de vida mas não tem qualidade de vida. Há que inverter o processo no interesse dos próprios lisboetas. Quanto aos caciques, no norte nem isso há. O norte, por enquanto, ainda não é Espanha. E de Espanha, ao que dizem, nem bom vento nem bom casamento. Comecei a minha carreira profissional em Lisboa, nos gloriosas anos 60. Nunca notei que as senhoras fugissem de mim por ser do norte. As senhoras são inteligentes ; preocupam-se mais com o homem que com a sua proveniência. Um beijinho grande, minha amiga-vizinha. E obrigado pela pertinência do teu comentário.
Às 26 de julho de 2010 às 19:35 , Andre Moa disse...
CARÍSSIMAS E CARÍSSIMOS,
Daqui a pouco começo a emalar a trouxa, carregar o carro e pôr-me ao fresco, por este calor tórrido, a caminho de uma pequena xácara nos arredores de Sezimbra, onde irei passar as próximas três semanas. Sem internet, sem blogue, sem a vossa doce e imprescindível companhia. Mas lá terá que ser. Família obriga. Apesar de vir a Lisboa ao menos uma vez por semana, para os tratamentos quânticos e para abastecimento de produtos biológicos, chás e mezinhas várias, não deve dar tempo para aqui vir. Não se admirem, pois, que o blogue fique parado por uns tempos. A gente lá para Oitembro reencontra-se com a pretendida regularidade, para então reatarmos as amáveis cavaqueiras de Outono-Inverno. Bom Verão e boas férias.
Abreijos
André Moa
Às 28 de julho de 2010 às 17:40 , Unknown disse...
Paixão: Entre divisão administrativa e gestão dos
recursos a política de desafios partidários pode não estar presente. Mas vejo com olhos de muita proximidade o que poderá passar-se , se o permitir-mos.
Caciques existiram sempre...pequenos ou grandes com o seu peso e interesse. Mas melhor é conhece-los de muito perto!!! Lembro-te que na América Latina uma grande parte da população eleitora prefere um ditador...para saber contra quem deve lutar. Li isso algures e para mim faz sentido...para ti não?
Mas primeiro que venha a tão esperada regionalização!
Mil abraços
Getta
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