UMA VIDA EM VERSOS COM REVERSOS
OOs meus filhos Pedro Miguel e Susana com o meu irmão António, dando colo a uma matrona que encontrara metida na sua cama. Já lá vão 37 anos. Ainda ele era solteiro e bom rapaz. Bom rapaz continua a ser. Solteiro é que já não. E já é (bis) avô - avô duas vezes.
DERROCADA
Patrões
Ratos podres a rir
Guindastes
Flores a fingir
Operários
Folhas outonais
A voar
A cair
Sinos dobram
Dlim-dlão
Dlim-dlão
Morte
Caixão
Homem
Tam bom
Tom bom
Tão bom
Tam bou
Tom bou
Tombou
DE CONCRETO SÓ O SANGUE
A calçada desta rua é feita
De pedras esquinadas
É feita de pedras esquinadas
A calçada desta rua
Desta rua
É feita
De pedras esquinadas
A calçada
De pedras esquinadas
A calçada
Desta rua
É feita
A calçada
Desta rua
De pedras
Esquinadas
É minha
Esta rua
Calçada
De pedras
Esquinadas
É tua
A calçada
Feita
De pedras
Esquinadas
É rua
Raios
Não
Há
Modo
De esquecer
O sangue
Das pedras
Esquinadas
Da calçada
Desta rua
HOMENAGEM POSTÚMA A UM HOMEM AMIGO DA PAZ
a Martin Luther King
dantes era dantes
quando muito Dante
e a sua teocrática comédia
dantes era o tempo
em que tudo em mim adormecia
e de ti nada sabia
ou sabia tão pouco
que em mim oscilavas
entre o santo e o louco
era o que vinha nos jornais
e pouco mais
eis senão quando
nasceste em mim
muito à luz da razão
como um homem bom
um homem capaz
de incendiar o mundo
com um sorriso apaziguador
tão amigo e tão pacífico
que até ganhaste
o Prémio Nobel da Paz
nessa altura meio incrédulo
até me interroguei
será que a humanidade
começa a humanizar-se?
mas como dizia
de ti só sabia
o que conseguia pescar
nas entrelinhas do que lia nos jornais
que eras um lutador
um homem amigo da paz
com um coração a abarrotar de amor
e uma razão que usavas com ardor
em prol dos pobres e oprimidos
ao perceber isto
dei em ver em ti um novo Cristo
ou o próprio Cristo em ti ressuscitado
até que foste assassinado
e foi então que muito de repente
os meus olhos espantados
transformaram-se em nascente
de compaixão por toda a gente
que por ti chorava
e no peito escondia saudade e raiva
e dei em perguntar qual ingénua criança
que força do mal será capaz
de liquidar a esperança
de matar um homem amigo da paz?
NO PRINCÍPIO ERA O VERBO
Tanto cantei que os pássaros me nomearam
presidente das madrugadas
Eram esses os louros que eu pretendia
colocar no princípio de tudo a poesia
DO SENTIMENTO À RAZÃO
I
Coração
Órgão
Músculo
Função
Bomba corporis
Por si
Só
Só
Só
Só
Só
Irriga o corpo
II
Cabeça no topo
Cérebro dentro
Ceptro na mão
Do pensamento
III
A razão apunhala-nos pelas costas
O sentimento pelo baixo-ventre
Caiamos de esperma e sangue
As nossas rotas
Mas vamos sempre em frente
Apontamentos anticancro 24
«Nos postos avançados do nosso sistema de defesa, as nossas células imunitárias representam um poderoso exército químico que destrói constantemente cancros na origem. Tudo o que fortaleça as nossas preciosas células imunitárias, também boicota o desenvolvimento dos cancros. Estimulando as nossas células imunitárias, combatendo a inflamação (através da alimentação, exercício físico e equilíbrio emocional) e actuando sobre a angiogénese, cortamos o mal pela raiz no que diz respeito à disseminação do cancro. Paralelamente às abordagens médicas estritamente convencionais, podemos fortalecer os recursos do nosso organismo. O “preço” a pagar é levar uma vida mais conscienciosa, mais equilibrada e, no fim de contas, mais bela».
Do livro «Anticancro – um novo estilo de vida» de David Servan-Schreiber.
UMA VIDA EM VERSOS COM REVERSOS
AOS SETENTA só SESSENTA DE POESIA
AOS SETENTA só SESSENTA DE POESIA
ANTOLOGIA DE UM DESCONHECIDO
Edição 1973
(conclusão)
DO SENTIMENTO À RAZÃO
(conclusão)
DO SENTIMENTO À RAZÃO
(conclusão)
DERROCADA
Patrões
Ratos podres a rir
Guindastes
Flores a fingir
Operários
Folhas outonais
A voar
A cair
Sinos dobram
Dlim-dlão
Dlim-dlão
Morte
Caixão
Homem
Tam bom
Tom bom
Tão bom
Tam bou
Tom bou
Tombou
DE CONCRETO SÓ O SANGUE
A calçada desta rua é feita
De pedras esquinadas
É feita de pedras esquinadas
A calçada desta rua
Desta rua
É feita
De pedras esquinadas
A calçada
De pedras esquinadas
A calçada
Desta rua
É feita
A calçada
Desta rua
De pedras
Esquinadas
É minha
Esta rua
Calçada
De pedras
Esquinadas
É tua
A calçada
Feita
De pedras
Esquinadas
É rua
Raios
Não
Há
Modo
De esquecer
O sangue
Das pedras
Esquinadas
Da calçada
Desta rua
HOMENAGEM POSTÚMA A UM HOMEM AMIGO DA PAZ
a Martin Luther King
dantes era dantes
quando muito Dante
e a sua teocrática comédia
dantes era o tempo
em que tudo em mim adormecia
e de ti nada sabia
ou sabia tão pouco
que em mim oscilavas
entre o santo e o louco
era o que vinha nos jornais
e pouco mais
eis senão quando
nasceste em mim
muito à luz da razão
como um homem bom
um homem capaz
de incendiar o mundo
com um sorriso apaziguador
tão amigo e tão pacífico
que até ganhaste
o Prémio Nobel da Paz
nessa altura meio incrédulo
até me interroguei
será que a humanidade
começa a humanizar-se?
mas como dizia
de ti só sabia
o que conseguia pescar
nas entrelinhas do que lia nos jornais
que eras um lutador
um homem amigo da paz
com um coração a abarrotar de amor
e uma razão que usavas com ardor
em prol dos pobres e oprimidos
ao perceber isto
dei em ver em ti um novo Cristo
ou o próprio Cristo em ti ressuscitado
até que foste assassinado
e foi então que muito de repente
os meus olhos espantados
transformaram-se em nascente
de compaixão por toda a gente
que por ti chorava
e no peito escondia saudade e raiva
e dei em perguntar qual ingénua criança
que força do mal será capaz
de liquidar a esperança
de matar um homem amigo da paz?
NO PRINCÍPIO ERA O VERBO
Tanto cantei que os pássaros me nomearam
presidente das madrugadas
Eram esses os louros que eu pretendia
colocar no princípio de tudo a poesia
DO SENTIMENTO À RAZÃO
I
Coração
Órgão
Músculo
Função
Bomba corporis
Por si
Só
Só
Só
Só
Só
Irriga o corpo
II
Cabeça no topo
Cérebro dentro
Ceptro na mão
Do pensamento
III
A razão apunhala-nos pelas costas
O sentimento pelo baixo-ventre
Caiamos de esperma e sangue
As nossas rotas
Mas vamos sempre em frente
Apontamentos anticancro 24
«Nos postos avançados do nosso sistema de defesa, as nossas células imunitárias representam um poderoso exército químico que destrói constantemente cancros na origem. Tudo o que fortaleça as nossas preciosas células imunitárias, também boicota o desenvolvimento dos cancros. Estimulando as nossas células imunitárias, combatendo a inflamação (através da alimentação, exercício físico e equilíbrio emocional) e actuando sobre a angiogénese, cortamos o mal pela raiz no que diz respeito à disseminação do cancro. Paralelamente às abordagens médicas estritamente convencionais, podemos fortalecer os recursos do nosso organismo. O “preço” a pagar é levar uma vida mais conscienciosa, mais equilibrada e, no fim de contas, mais bela».
Do livro «Anticancro – um novo estilo de vida» de David Servan-Schreiber.
9 Comentários:
Às 8 de julho de 2010 às 09:40 , Kim disse...
André
Ultimamente tens recuperado bem o espaçamento entre a publicação de novos posts. Isso é trabalho de casa e genica quanto baste, logo isso alegra-me.
Quem diria que o António, um rapaz tão puro, encontraria na sua cama uma matrona daquelas?
Grande abraço amigo
Às 8 de julho de 2010 às 15:27 , Laura disse...
HOMENAGEM POSTÚMA A UM HOMEM AMIGO DA PAZ
a Martin Luther King
Gostei, também senti admiração por ele, mas só o conheci depois de o matarem..como se diz...já tarde já tarde muito tarde... como não vou dizer que (ouvi) falar dele, mas sim, li sobre ele e sobre o seu bem fazer...
Aquele abraço da miuda das resteas...
Às 8 de julho de 2010 às 21:14 , Laura disse...
Ah, que matrona tão feiosa a do António, ele é que era lindo, lá isso era e ainda é (ahh não vá o rapaz zangar-se...)
Um jinho da laura
Às 8 de julho de 2010 às 22:34 , Osvaldo disse...
Caro irmão;
Um conjunto de crónicas poéticas bem ao teu "jeito"... agradáveis de ler.
Gostei de todas, porque tem para todos os gostos.
Essa foto do António e teus filhos, foi nos Açôres?.
Um abraço caro irmão.
Osvaldo
Às 9 de julho de 2010 às 00:07 , Andre Moa disse...
Boa noite. A matrona foi metida à sorrelfa na cama do meu irmão, na primeira noite que passou em casa dos meus sogros, em São Jorge,Açores, onde estávamos de férias, quando ele nos foi visitar, vindo de Angola e depois de uma digressão pela Europa. Partidas dos mais novos, para receberem com alegria e boa disposição o meu irmão.
Abreijos
André Moa
Às 9 de julho de 2010 às 20:29 , Paixão Lima disse...
Fotografia curiosa. Quem havia de dizer que o «puro» António (como diz o Kim), ainda um dia havia de encolar uma matrafona. Dormir com a matrafona, é provocar o pesadelo.
Um abraço.
Às 9 de julho de 2010 às 22:08 , Unknown disse...
André Moa:
Às vezes não posso deixar de pensar como todos eramos muito belos quando jovens e o mais extraordinário é que não sabíamos...
Obrigada por poder ler o nome de Martim Luther King no teu blogue.É bom que nos lembremos quem
foram ou são certos homens!
Quanto ao que escreveste vou-te dizer que gosto
das pedras esquinadas dessa tua calçada e do restante também...
Mil abraços.
Getta
Às 9 de julho de 2010 às 23:00 , Andre Moa disse...
ETEU, CARA GETTA. EU SOU MUITO MAIS BONITO HOJE, OU MELHOR, MENOS FEITO. SOU COMO O VINHO DO PORTO. EHEHEHEHEHEH.O POEMA DAS PEDRAS ESQUINADAS FOI UMA TENTATIVA, UM MERO ENSAIO DE POESIA CONCRETA, EDNTÃO MUITO EM VOGA, PRINCIPALMENTE NO BRASIL. GOSTEI DA IDEIA, PORQUE DE CONCRETO SÓ O SANGUE. ISTO PENSEI E DISSE EU AO FAZERR O POEMA.
BEIJINHOS.
ANDRÉ MOA
Às 10 de julho de 2010 às 15:09 , Je Vois La Vie en Vert disse...
E concluíste muito bem esta "Antologia de um desconhecido", caro amigo Moa !
Quanto à desconhecida que foi ter à cama do nosso querido António, parece que gostou da companhia dele ! Os meus filhos tammbém tiveram um matrona desde mas a cara dela era mais acolhedora. Por acaso, ainda a tenho no sótão...para os netos ?
Beijinhos
Verdinha
Obrigada pelas tuas palavras acerca do meu blog.
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