DE GRAU 8 COLECÇÃO GAIVOTA/35
SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA
1984
II
ESPAÇO DISPONÍVEL (CONTINUAÇÃO)
DE GRAU 8 COLECÇÃO GAIVOTA/35SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA1984
II
ESPAÇO DISPONÍVEL
FILAMENTOS
filamentos
não sei de onde
o corpo invadem
de aroma e sons
em leve sopro
DEVANEIO
penteio as tua asas
já se foram
ato caracóis
à luz das brasas
que se ateiam
à tardinha
tão de leve
na memória
EMIGRANTES
emigrantes na própria casa
sucumbimos
destruímos a espécie
beijo
a
beijo
a esmo semeamos
terras de outros
outras terras
filhos pródigos
na hora da vergonha
na hora da agonia
a despropósito da
GRANDE CENA NO LEITO DA MORTE
Quadro de Max Beckmann – 1906
quero estar tranquilo com a vida
limpo como o nu virgem de mulher
desperto como corça na campina
livre como a flor do ácer no Outono
ouro a flutuar
no firmamento da vida
A NOITE
Quadro de Max Beckmann – 1918
a noite não tem tempo
só o espaço ocupa
meu sentimento de culpa
a imaginação nocturna
invade
a razão poluída
VARIAÇÕES SOBRE QUADROS DE MAX BECKMANN
de sangue
de suor
de cio e culpa
um nó no pescoço pendular
uma pausa
um prumo parado
dois passos desfeitos
um acorde final
apressado
o rosto da noite
cai
tranquilo
de sangue
de suor
de cio e culpa
O SONHO
o sonho
é isso
poder
postiço
sono
alado
a criar
mundos
neste
mundo
inani
mado
CLARIDADE DO SUL
quero desfazer as nuvens
que diminuem o azul
só tenho luz se tu vens
claridade do sul
folhas mortas voam tontas
sou sensação primitiva
nunca soube fazer contas
a minha brisa é activa
o céu está carregado
prenuncia tempestade
há muito homem enforcado
que respira liberdade
CINZENTO
cinzento
véu
era um lamento
lançado ao céu
grinalda murcha
vestido alado
mais um sonho
desflorado
NA AMPLIDÃO DA NOITE
à solta os corpos
rasgam vento
labaredas sensuais
só o verde distante arrefecem
na praia em sangue
carpideiras tomam banho
lágrimas suspendem o relento
na amplidão da noite
círios plantados no desespero
crestam a areia submersa
em tempestade de cor
o mar fenece
SUSPENSO DOS TEUS SEIOS
cavaleiro azul das tuas veias
em raptos nocturnos me consumo
voando suspenso dos teus seios
VIRGEM DAS NOITES LASSAS
em apontamento te desenho
na memória do sangue
na curva do sono
a força da alvorada
pousa os lábios
colina húmida
teu rocio
orgia cândida
sorriso matinal
à beira rio
ESTENDI TEU CORPO SONHADO
estendi teu corpo sonhado
sob a latada suposta
uvas sumarentas
teu corpo
foi vinho mosto
do abraço do tempo regressei
com a leveza de um rio que corre a cantar
condensado
no torpor do teu regaço
deixou de ser Outono no mês natural dos pássaros
devolveste-me a alegria buliçosa dos láparos
NO ÍNTIMO DA NOITE
em fogo lento
afago
as tuas formas
a cidade dorme
no teu regaço
seu cansaço
ESPAÇO COMPASSADO
na agitação da seiva
um sussurro da humidade
sempre rubra
enfrentamos
a dança
de olhar vítreo
avançamos
no espaço
com
passado
ao compasso
compassado
dos nossos
passos
gestos fluentes
quais nenúfares
sobre as águas
ganhamos em ternura
e claridade
um arco-íris
de lágrimas
II
ESPAÇO DISPONÍVEL (CONTINUAÇÃO)
DE GRAU 8 COLECÇÃO GAIVOTA/35SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA1984
II
ESPAÇO DISPONÍVEL
FILAMENTOS
filamentos
não sei de onde
o corpo invadem
de aroma e sons
em leve sopro
DEVANEIO
penteio as tua asas
já se foram
ato caracóis
à luz das brasas
que se ateiam
à tardinha
tão de leve
na memória
EMIGRANTES
emigrantes na própria casa
sucumbimos
destruímos a espécie
beijo
a
beijo
a esmo semeamos
terras de outros
outras terras
filhos pródigos
na hora da vergonha
na hora da agonia
a despropósito da
GRANDE CENA NO LEITO DA MORTE
Quadro de Max Beckmann – 1906
quero estar tranquilo com a vida
limpo como o nu virgem de mulher
desperto como corça na campina
livre como a flor do ácer no Outono
ouro a flutuar
no firmamento da vida
A NOITE
Quadro de Max Beckmann – 1918
a noite não tem tempo
só o espaço ocupa
meu sentimento de culpa
a imaginação nocturna
invade
a razão poluída
VARIAÇÕES SOBRE QUADROS DE MAX BECKMANN
de sangue
de suor
de cio e culpa
um nó no pescoço pendular
uma pausa
um prumo parado
dois passos desfeitos
um acorde final
apressado
o rosto da noite
cai
tranquilo
de sangue
de suor
de cio e culpa
O SONHO
o sonho
é isso
poder
postiço
sono
alado
a criar
mundos
neste
mundo
inani
mado
CLARIDADE DO SUL
quero desfazer as nuvens
que diminuem o azul
só tenho luz se tu vens
claridade do sul
folhas mortas voam tontas
sou sensação primitiva
nunca soube fazer contas
a minha brisa é activa
o céu está carregado
prenuncia tempestade
há muito homem enforcado
que respira liberdade
CINZENTO
cinzento
véu
era um lamento
lançado ao céu
grinalda murcha
vestido alado
mais um sonho
desflorado
NA AMPLIDÃO DA NOITE
à solta os corpos
rasgam vento
labaredas sensuais
só o verde distante arrefecem
na praia em sangue
carpideiras tomam banho
lágrimas suspendem o relento
na amplidão da noite
círios plantados no desespero
crestam a areia submersa
em tempestade de cor
o mar fenece
SUSPENSO DOS TEUS SEIOS
cavaleiro azul das tuas veias
em raptos nocturnos me consumo
voando suspenso dos teus seios
VIRGEM DAS NOITES LASSAS
em apontamento te desenho
na memória do sangue
na curva do sono
a força da alvorada
pousa os lábios
colina húmida
teu rocio
orgia cândida
sorriso matinal
à beira rio
ESTENDI TEU CORPO SONHADO
estendi teu corpo sonhado
sob a latada suposta
uvas sumarentas
teu corpo
foi vinho mosto
do abraço do tempo regressei
com a leveza de um rio que corre a cantar
condensado
no torpor do teu regaço
deixou de ser Outono no mês natural dos pássaros
devolveste-me a alegria buliçosa dos láparos
NO ÍNTIMO DA NOITE
em fogo lento
afago
as tuas formas
a cidade dorme
no teu regaço
seu cansaço
ESPAÇO COMPASSADO
na agitação da seiva
um sussurro da humidade
sempre rubra
enfrentamos
a dança
de olhar vítreo
avançamos
no espaço
com
passado
ao compasso
compassado
dos nossos
passos
gestos fluentes
quais nenúfares
sobre as águas
ganhamos em ternura
e claridade
um arco-íris
de lágrimas
7 Comentários:
Às 4 de fevereiro de 2011 às 15:30 , Anónimo disse...
Palavras que são poesia.Que eu não tenho capacidade para descrever,mas que ao lê-las me soam bem e fico sensibilizada.
Hoje louvo sua esposa,como sua cuidadora.
"Muita Força para Ela",e muito carinho.
Para si,que obtenha o resultado desejado pelos novos tratamentos.
Tudo bom,Abraço grande.
Anali
Às 4 de fevereiro de 2011 às 23:52 , DAD disse...
Lindo, este post - cheio de magia poética!
Adorei!
Amigo que hoje e sempre a musa não te abandone e que a saúde possa retornar em pleno para manter corpo são em mente sã.
Beijinhos grandes para ti e família com fim de semana soalheiro!
Às 6 de fevereiro de 2011 às 11:44 , Laura disse...
Tantas palavras de sonho e sofrimento, de alma cheia de poesia, imagino-te nas bonançosas manhãs com o cheiro dos verdes campos, o pipilar dos passarinhos, ó doce harmonia que convida a escrever o que nos vai na alma!
Tiveste cenários de dor ante os teus olhos, mas quando ainda não tinha acontecido o terramoto, presumo que eras feliz nessa ilha que era um paraíso!
Um beijinho de bom domingo ao meu querido Amigo companheiro de quase todos os dias,desde que nos conhecemos aqui pela mão do Amigo querido, o Osvaldo que nos apresentou no chat, embora já tivesse ouvido falar em ti... noites e horas, momentos pequeninos, o que fosse, e que bem me sabiam as nossas conversas eivadas de carinho e Amizade!
Que a vida avance e o sol recomece a brilhar.
Apertadinho abraço da nina para ti e todos os teus,sem esquecer o pequenino Pintor.
laura
Às 6 de fevereiro de 2011 às 12:04 , Bichodeconta disse...
Fica um abraço..Fica a minha amizade , fica o desejo de vos abraçar.
Às 8 de fevereiro de 2011 às 11:48 , Zé do Cão disse...
Venho desejar um grande abraço.
Zé
Às 8 de fevereiro de 2011 às 20:27 , Je Vois La Vie en Vert disse...
Querido amigo Moa,
Acabei de rever o excelente filme do nosso amigo Kim, o "Às vezes...Parede".
Fiquei cheia de saudades !
Sei que não podes vir ao PC por causa das más ondas mas peço-te para te por bom o mais rapidamente possível para podermos te ouvir declamar os teus lindos poemas e cantar o "Lá longe, ao cair da tarde...".
Muitos beijinhos verdinhos com amizade
Verdinha
Às 9 de fevereiro de 2011 às 21:32 , Laura disse...
Longe lá longe, ouvi-te pela primeira vez no dia em que te conheci pessoalmente, 17 ou 18 de Setembro em Rio de Moinhos naquele lar aconchegante onde nos juntamos todos com a família do Osvaldo e Aninhas, ah, foi a primeira vez que ouvi fados e canções com o surfista, soou tão bem na minha alma...
Verdinha o meu filme guardei-o tão bem que nem sei onde o pus, mas ele aparece já que não tem pernas para fugir.
beijinhos Moa, melhoras muitas e boas.
laura
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