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domingo, 14 de fevereiro de 2010

CORO DOS VELHOS DO DOURO


Neste dia dos enamorados, presto esta singela homenagem aos nossos avoengos durienses que, com suor, sacrifício, fome, sede e enamoramento, transformaram terras áridas, árduas e rudes numa região de atracção turística de âmbito mundial, erigiram o Douro Vinhateiro, hoje património da humanidade.

CORO DOS VELHOS DO DOURO

Gerados na dureza de um penedo
sob uma latada à luz da lua;
de uvas e de mosto alimentados
brincámos aos barquinhos de papel
nos estreitos regos da rua.

Cedo deixámos de brincar, que a vida
ainda imberbes nos puxou para as vindimas
para o rebusco da azeitona e da castanha
para a canga do cesto vindimeiro
encosta acima até o despejar,
úbere de mosto, dentro do lagar.

Cedo aprendemos a regar
as ressequidas cepas, a aguentar
o fio de água do Douro no estio
com o suor que o sol e a labuta
faziam saltar das nossas testas
para o chão calcinado, todo em gretas.

Casámos, fomos pais e, hoje, avós,
já nos falta a coragem para viver.
Apenas ruminamos o remorso
de não termos saído dos limites
das serras que nos cercam e nos tolhem
o voo ensaiado noite adentro,
entre o sono, a vigília e o lamento
de não termos gritado a tempo:
barco rabelo, tu não vás sem nós,
estrada, sonho, esperança, não te vás!

Agora que gritamos já nos falta a voz.

Fizemos deste rio, deste chão,
o nosso cais, a nossa foz,
o nosso pranto, o nosso caixão,
onde um dia nos havemos de deitar
a sonhar que somos barco em alto mar.

André Moa

18 Comentários:

  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 00:10 , Blogger Laura disse...

    Que ternura de poesia
    que palavras jamais faladas
    sairam desse coração.

    Que palavras brotando
    de uma mente que sofreu
    e que com a vida lutou
    e nem assim ela venceu.

    Os nossos pais de antigamente
    é que sofreram na carne
    a dureza que a vida lhes pespegou
    e que com tanta dor os martirizou.

    Mas, deixaram-vos um património
    do qual vos podeis orgulhar
    e quando por lá passardes
    bem podeis a fronte, levantar.

    E eu sinto-me uma felizarda
    porque por vós fui levada
    à terra de vossos pais
    onde me senti tão amada.

    Pisei socalcos e vinhas
    bebi da água das fontes
    comi do fruto das vinhas
    dancei nas ruas à noitinha.

    Enamorei-me do Douro
    assim como da sua gente
    vim de lá tão feliz
    de coração contente.

    Beijinhos ó Moa, e Parabéns por tão bela Poesia..laura

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 10:05 , Blogger Laura disse...

    Não vos desejo feliz Carnaval
    nem meninas envoltas apenas
    em fio dental.

    Pois mascarados andamos todos
    a fingir que tudo vai bem
    sem conseguir convencer ninguém.

    É mais uma dia que passa
    onde se vestem do que querem ser
    pensando que na vida real vai acontecer.

    desiludam-se os sonhadores como eu
    que pensam que por muito sonhar
    o sonho há-de voltar.

    Transformado no que queremos
    em tudo o que toda a vida, desejamos
    oh, como por vezes nos enganamos.

    Só que eu sou mais teimosa
    que a teimosia e estrago-lhe os planos
    e sonho sonho sempre de noite até ser dia.

    E algo me impele para a frente
    algo me diz que continue a sonhar
    pois a vida ainda tem muito para me dar.

    Sonhemos, sonhemos então
    que a vida é imensidão
    e se lhe juntarmos coração
    teremos da vida a afeição!

    Beijinho da laura num dia qualquer que por acaso até se chama Carnaval.

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 11:10 , Blogger Maria disse...

    De Miguel Torga para ti, André.

    DOIRO

    Suor, rio, doçura.
    (No princípio era o homem ...)
    De cachão em cachão,
    O mosto vai correndo
    No seu leito de pedra.
    Correndo e reflectindo
    A bifronte paisagem marginal.
    Correndo como corre
    Um doirado caudal
    De sofrimento.
    Correndo, sem saber
    Se avança ou se recua.
    Correndo, sem correr,
    O desespero nunca desagua ...

    Miguel Torga

    Beijinhos
    Maria

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 12:49 , Anonymous DAD disse...

    É no sabor agreste dos penedos
    Que se talharam muitos seres da poesia,
    É nessas serranias agrestes,
    Nessas paisagens campestres
    Que nasceram trovadores
    Como estes que conhecemos.
    O Moa e o Paixão já embelezam o mundo,
    Mostrando cá para fora,
    amizade, e alegria
    Aquele saber profundo,
    Que embeleza o nosso mundo
    Dia a dia!
    Também a nossa Laurinha
    Que está sempre inspirada
    Merece o meu elogio,
    Pois também é boa poeta
    Amiga e companheira,
    Com uma rima certeira
    A minha poesia é mais pincéis,
    Mais tintas, sombras e riscos,
    Aguadas e muitas cores,
    Com que enfeito as minhas telas,
    Com pinceladas de amores
    Conceitos e bagatelas…
    E para todos desejo um dia muito feliz
    Cheio de amor e carinho,
    Que o tempo está tão frio
    Que sequer apetece
    Sair cá do nosso ninho,
    Não é?

    Beijinhos para todos!

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 14:06 , Blogger Maria disse...

    Douro

    Eu vi primeiro o Douro nas ruas da Ribeira.
    As cheias, as Alminhas, as Pontes, então duas.
    Vi Rabelos carregados de pipos desse oiro
    Líquido e doce, vi casas e vi ruas.

    Vi o Duque salvar ou arrastar
    Corpos vivos e corpos já sem vida.
    Vi o Douro, na Foz deixar-se abraçar,
    Pelas ondas do mar numa louca corrida.

    Depois subi o Douro e vi aquele verde
    Todo em socalcos na alta penedia.
    Vi-o manso e tranquilo no vale onde se perde,
    Vi-o lançar-se louco em grande correria.

    E vi os homens com o cesto às costas,
    Mortos de cansaço, de fome, de calor,
    Subir os montes, cavalgar encostas.
    E dei aquela gente o meu amor.

    Depois li Torga e entendi melhor
    A amargura, a dor e, a vaidade
    De ter nascido ali, para o bem e o pior,
    De ser um duriense de verdade.

    Para o André,
    Com um beijinho da Maria

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 16:58 , Blogger Laura disse...

    Querida Dad;

    Quanta simplicidade
    no manejo de pincéis
    e quanta qualidade
    descrevendo menestreis.(trovadores)

    E ainda dizes
    que só sabes pintar
    os pincéis manejar
    e riscos, rabiscar.

    Não foi isso o que vi
    quando agora te li
    numa amálgama de sentimentos
    mostrando o bem, em ti.

    Consigo versejar
    sendo de pouca escola
    mas quando quero pintar
    quase que peço esmola.

    Tivesse-te aqui mais perto
    na tua porta ia bater
    esperançada que me desses
    lições para aprender.

    Pois as tuas Obras de Arte
    são do melhor que já vi
    são daquelas pinturas
    que parecem partituras.

    Onde, nem sequer me perguntes
    porque não sei onde te vi
    pintando o céu estrelado
    e o bico de um juriti.

    Como vês é só andar
    as rimas poder casar
    deixar correr a pena
    e mais uns versos a acabar!...

    Amei ler-te querida Dad, amei conhecer-te, e devagarinho as almas puras, cheias de luz, vão-se juntando, vão-se encontrando e abraçando, tornando o seu mundo e o dos outros um pouco melhor!
    beijinho ternurento da, laura

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 18:11 , Blogger Paixão Lima disse...

    Oh! Alma do catano! Duriense rijo e fero! Indomàvel na dureza do xisto circundante. Uma namorada a preceito, com geito e geitosa como o nosso Douro tão belo sóm para ti. Que sorte meu rapaz. Uma vénia reverente ao poeta do xisto, da uva, do lagar e do vinho fino. Poeta do Douro deslumbrante e das suas gentes sofredoras. Um abraço ao poeta André Moa.

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 19:13 , Anonymous Anónimo disse...

    Aqui fala-se do Douro
    Da terra que transmite calma
    Aqui fala-se de poetas
    Que nos alimentam a alma

    Aqui fala-se de "gentes"
    E de campos verdejantes
    De vida que acontece
    Toda ela feita prece
    Hoje e sempre, como dantes.

    Aqui fala-se do doce madrugar
    Pintalgado com magia
    Aqui predomina o verbo amar
    Numa corrente que contagia.

    Beijos duplos

    L&L

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 19:56 , Blogger Laura disse...

    Luisinha da L&L;

    Não é Poesia, é fado
    esta cantoria que aqui deixo
    saida das minhas entranhas
    escutando vozes estranhas.

    Aqui fala-se de amor
    ouve-se o murmurar das fontes
    da brisa cálida dos montes
    enquanto entardece no horizonte.

    Fala-se de vidas passadas
    de dores trespassadas
    almas desfiguradas
    em lamentos de dor.

    Fala-se de falas namoradas
    porque o amor sempre existiu
    numa terra onde o xisto é rei
    e se cavaram socalcos à força, sem lei.

    Terra do sol tornado oiro
    onde cada um deixou enterrado
    da sua alma um bocado
    transformado em tesoiro.

    Onde crianças ainda
    faziam a vigília da madrugada
    trazendo apenas no bolso
    um naco de pão e uma cebola salgada.

    Mas hoje ó glória das glórias
    as crianças cresceram
    tornaram-se homens destemidos
    e deles não se ouvem gemidos.

    Homens que honram o nome
    de seus pais, até demais
    Homens integros sempre de olhar
    fixo no horizonte, duros como o xisto

    Que lhes deu guarida
    numa qualquer altura da vida
    e hoje as crianças que já foram
    voltaram ao lugar onde nasceram

    E onde cresceram
    sem um pai ou uma mãe
    que os deram ao mundo
    para que o mundo
    seja deles também!...

    Aos rapazes de Tabuaço, Moa, Osvaldo, António e Lima, e aos moços do grupo do GT, porque fizeram parte dele quando eu fui na caravana...conhecer a terra amada nos nossos valentes!...e por ali me perdi, feliz e contente, rodeada de gente que me fez sentir da sua gente!
    Teresinha, Verdinha, Ana, Luisinha, e respectivos rapazes, aqui vos deixo meu abraço de amor, pela ternura com que me envolvem... laura
    Escrevi este fado a ouvir a musica de uma fadista, cuja voz não entendia, nem era para entender, uma vez que assim consigo escrever e fazer as palavras brotar, tal e qual as quero cantar!...
    Amo-vos minha gente!

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 20:39 , Blogger Laura disse...

    Nina Luisinha, realmente, o amor aqui, contagia, fiquei presa à corrente que deixaste, e minhas palavras saíram, brotaram em amor, em dor!

    Sabes o que estou a adorar? muito, mas muito mesmo? é que o desafio foi feito e levaste-o em conta, porque eu disse, deixa a poesia acontecer, deixas as palavras correr, sairem de ti e o resto, há-de vir. Estou a ver que já foste Poeta noutras vidas, só estás a retomar a pena nos dias de agora!
    É isso que sinto que é, é daí que vem muita coisa boa para nos deliciar!
    Força na pena!
    laura

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 21:31 , Blogger Bichodeconta disse...

    Cheguei!
    Uma lágrima desliza ao sabor das palavras
    Sorte ter chegado em dia de colheita
    Quando parti o estio sentia-se
    No som do restolho
    Nas palavras que então bebi
    Feliz por chegar ao lugar de partida
    Onde deixei saudades despercebidas
    Voltar é viver um pouco
    É ler e reler alguém em cujas veias
    Corre o Douro
    E cujo nome é feito amor e poesia..

    PS:Privilégio o de te receber em amor e em amor me poder dar a alguém que nunca esquecerei.Estive sem net, é terrivel, várias vezes pensei ligar para saber como estão, mas respeito a privacidade naturalmente.. O neto, a Teresa , D.Teresa, grande mulher, senhora se assim quizermos!A filhota que como pássaro assustado tem na vóz e no olhar as cores e os ventos da Ilha que serviu de berço.. Moa e os exames, quiçá estão mais abaixo e ainda não cheguei lá, mas estava torcendo para que tudo se vá equilibrando..Imagina que ontem, a caminho de Castelo Branco, a seguir a Constança, escrevi ao Tejo, ao meu rio. E é ao meu rio que vou postar depois destas visitas..Eu tenho saudades vossas, rever o trabalho magnifico das produções Kim foi demais.. Beijinho da Ell.

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 22:36 , Blogger Espaço do João disse...

    Caro André.
    Que bela homenagem ao rio Douro!!!O néctar das suas uvas transformado em remédio para as minhas amarguras, será sempre um Ex-libris do norte de Portugal.

    Douro sofrido, Douro doido, Douro maltratado Douro espezinhado.
    Douro compadecido,
    Douro recalcado
    Douro espremido
    Douro doirado
    Douro vinificado
    Douro de rabelo transportado
    Douro no mundo conhecido
    Douro no mundo lembrado
    Douro mal compreendido
    Douro pelo Marquês lembrado
    Douro pela filoxera perdido
    Douro de Baco apreciado
    Douro de sabor embarcado
    Serás sempre conhecido
    Como lágrima do meu Portugal amado.

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 23:10 , Blogger Je Vois La Vie en Vert disse...

    Ao ler tão bela poesia
    Retiro-me e me silencio
    Para não manchar tal harmonia
    A escrever versos renuncio.

    Mas não quero sair sem confessar
    Que ao Coro dos Velhos do Douro
    Gostava imenso de a minha voz juntar
    E a este desejo um futuro duradouro.

    Beijinhos da

    Verdinha

    Bon Carnaval

     
  • Às 15 de fevereiro de 2010 às 23:43 , Blogger Kim disse...

    Tantas terras eu já vi
    Do Douro me encantei
    Por ali te conheci
    E ali eu te filmei

    Foram tantos e tão poucos
    Os momentos já não sei
    Foram loucas foram loucos
    Os momentos que passei

    Um grande abraço meu amigo!

     
  • Às 16 de fevereiro de 2010 às 00:17 , Blogger Andre Moa disse...

    Tantos mimos e recados!
    Para bem ou para mal dos meus pecados?
    Até o Torga aqui veio
    Cantar o Doiro
    com a sua costumada arte
    com todo o aprumo.
    Receio
    que a sua presença hoje
    tenha a ver com um puxão de orelhas
    por ter ousado trazer para aqui
    o coro dos velhos do Douro
    e ter ignorado
    o coro das velhas
    das velhas mães
    das eternas mártires
    das velhas que ao Douro
    deram tantos filhos
    para em dor os ver
    sofrer e morrer
    para que o milagre
    da transformação
    do xisto em ouro
    da terra em pão
    viesse a acontecer.
    Mestre Torga tem razão.
    Velhas mães do Douro,
    peço-vos perdão.

    Não tardou
    a remição
    que poonta me chegou
    nas palavras
    vibrantes de emoção,
    da Laura, da Maria,do Paixão
    da Dad, da Luisa, da Ell e do João.
    Perante tanta e tão boa poesia
    que mais dizer
    senão agradecer às belas musas
    e aos dois musos
    que nem por sombras
    entre as musas são intrusos,
    pois que elas e eles me concederam
    este rico e inolvidável dia.

    Abreijos para todos.
    André Moa

     
  • Às 16 de fevereiro de 2010 às 00:28 , Blogger Andre Moa disse...

    E por fim
    eis a Verdinha e o Kim
    que chegaram sorrateiros
    enquanto aeu falava com os primeiros.
    Mas chegaram bem a tempo
    para engrossar o coro
    dos velhos heróis do Douro

    Abreijos, amigos,
    deste vosso amigo
    que sou d(EU)s
    e que se pudesse
    a todos vos daria
    terra, mar e céus.
    Ad(EU)s

    Abreijos
    André Moa

     
  • Às 17 de fevereiro de 2010 às 07:46 , Blogger Osvaldo disse...

    Irmão, melhor homenagem ao nosso povo, ao bravo povo duriense, que com a força de seu caráter, com a pujança de seus braços e com a ternura da sua alma, conseguiu o milagre de transformar em doce e frutifera paisagem o que era rude e agreste,... não poderias ter feito.

    É lendo destes poemas dos filhos da terra, que mais orgulhos sentimos dos feitos da nossa gente.

    Um abraço,
    Osvaldo

     
  • Às 17 de fevereiro de 2010 às 12:46 , Blogger Andre Moa disse...

    OBRIGADO,CARO OSVALDO, MEU IRMÃO TELÚRICO, COMO EU, GRANDE APAIXONADO DE TABUAÇO E DO DOURO CIRCUNDANTE.
    UM GRANDE ABRAÇO.
    ANDRÉ MOA

     

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