Acabo de receber do Ernesto Leandro este poema. Porque hoje se comemora neste primeiro dia da Primavera a Poesia e a Árvore, talvez nada melhor do que os dois poetas de serviço neste blogue dedicarem um poema a todos os esteios, a todas árvores, a todos os zângãos, a todas as flores que nos visitam e connosco partilham o pão da vida
André Moa
FELICIDADE FUGAZ
Como te amo!
Perguntas-me,
Crente da minha verdade:
Se longe de ti, onde está
A felicidade?
No absoluto, em lado nenhum.
Relativizando, cada um
pode, fugazmente encontrá-la
Na magia dum amor;
Num jardim em flor:
No sorriso duma criança;
No perpetuar da esperança;
Na desculpa ao ofendido;
No perdão ao arrependido;
No óbolo ao mendigo;
No alerta ao perigo;
Num beijo dado a quem morre;
Num lenço dado a quem chore;
Na dignidade no sofrimento;
No calar dum lamento;
No silêncio na dor;
No dar a mão ao pecador;
Na alegria por quem nasce;
Na euforia que não mace;
Na parcimónia no prazer;
No arrebol do anoitecer;
No perdulário com quem precisa
Que dá e não avisa;
No que é rico na pobreza
Sem invejar a riqueza;
No riso de quem chora
A toda a hora;
No aplauso à nobreza
Da compreensão genuina,
Na procura da beleza
Pelo artista em surdina;
No que suporta a demora
Quando merecia o mais cedo,
No que não sente o medo,
No que se emociona e chora;
No que faz jus à amizade;
No que resiste à saudade;
No que acredita na justiça
Sofrendo na injustiça;
No que se esquece de si
Para se lembrar de ti!
Ernesto Leandro
O RENASCER EM MIM DA PRIMAVERA
(no dia da poesia – no dia da árvore – no dia)
Setenta anos a amanhar
Terra e papel
A lavrar
Com tinta e suor
Penedias matagais
E sei eu lá bem que mais
A plantar árvores
A cultivar flores
A regar amores
A semear
A esperar para ver
Um pau seco florir
Um zangão a zumbir
No gineceu de uma açucena
Donde irão sair
Filhos que nos farão
Chorar e rir
Netos a nascer
E nós
Neles
Com eles
Por eles
E para eles
A crescer
A renascer
A recusar morrer
Antes de ter
De ter que ser
O pior da morte
É esperar por ela
Por isso eu pela morte
Nunca espero
A mim o que me importa é
Viver.
Tenho filhos tenho um neto
Plantei árvores a eito
Escrevi livros a rodos
Sofri por mim e por todos
Só não vivi quanto quis.
Será, Vida, que eu já fiz
Jus a viver?
É só o que me falta
E resta
Viver em festa
Viver viver viver
Cantar sofrer
Plantar árvores
Escrever quimeras
Até mais não poder
Até deixar de ser
Árvore Poema
Renovada Primavera.
André Moa
André Moa
FELICIDADE FUGAZ
Como te amo!
Perguntas-me,
Crente da minha verdade:
Se longe de ti, onde está
A felicidade?
No absoluto, em lado nenhum.
Relativizando, cada um
pode, fugazmente encontrá-la
Na magia dum amor;
Num jardim em flor:
No sorriso duma criança;
No perpetuar da esperança;
Na desculpa ao ofendido;
No perdão ao arrependido;
No óbolo ao mendigo;
No alerta ao perigo;
Num beijo dado a quem morre;
Num lenço dado a quem chore;
Na dignidade no sofrimento;
No calar dum lamento;
No silêncio na dor;
No dar a mão ao pecador;
Na alegria por quem nasce;
Na euforia que não mace;
Na parcimónia no prazer;
No arrebol do anoitecer;
No perdulário com quem precisa
Que dá e não avisa;
No que é rico na pobreza
Sem invejar a riqueza;
No riso de quem chora
A toda a hora;
No aplauso à nobreza
Da compreensão genuina,
Na procura da beleza
Pelo artista em surdina;
No que suporta a demora
Quando merecia o mais cedo,
No que não sente o medo,
No que se emociona e chora;
No que faz jus à amizade;
No que resiste à saudade;
No que acredita na justiça
Sofrendo na injustiça;
No que se esquece de si
Para se lembrar de ti!
Ernesto Leandro
O RENASCER EM MIM DA PRIMAVERA
(no dia da poesia – no dia da árvore – no dia)
Setenta anos a amanhar
Terra e papel
A lavrar
Com tinta e suor
Penedias matagais
E sei eu lá bem que mais
A plantar árvores
A cultivar flores
A regar amores
A semear
A esperar para ver
Um pau seco florir
Um zangão a zumbir
No gineceu de uma açucena
Donde irão sair
Filhos que nos farão
Chorar e rir
Netos a nascer
E nós
Neles
Com eles
Por eles
E para eles
A crescer
A renascer
A recusar morrer
Antes de ter
De ter que ser
O pior da morte
É esperar por ela
Por isso eu pela morte
Nunca espero
A mim o que me importa é
Viver.
Tenho filhos tenho um neto
Plantei árvores a eito
Escrevi livros a rodos
Sofri por mim e por todos
Só não vivi quanto quis.
Será, Vida, que eu já fiz
Jus a viver?
É só o que me falta
E resta
Viver em festa
Viver viver viver
Cantar sofrer
Plantar árvores
Escrever quimeras
Até mais não poder
Até deixar de ser
Árvore Poema
Renovada Primavera.
André Moa
12 Comentários:
Às 21 de março de 2010 às 18:56 , Maria disse...
Queridos André e Leandro
Os dois poemas são tão lindos! Tão poemas! Como é bom ler-vos, sentir os vossos versos no fundo da alma, voltar a ler, tentar guardar o que ensinam de forma tão bela!
Eu amo a poesia. Trago-a guardada no peito, nos olhos que a buscam sem cessar. Todos os verdadeiros poetas me inspiram ternura, esperança. Ai não parem, por favor, ou morro à míngua de alimento para o meu espiríto atribulado. Venham mais. Quero ler-vos até ao fim da minha vida, meus poetas, meus heróis.
Beijos para os dois da
Maria
Às 21 de março de 2010 às 19:34 , DAD disse...
UauH! Isto hoje promete! Que belíssimos poemas dos dois amigos poetas!
Gostei muito de um e de outro!
Parabéns aos dois e beijinho da,
Às 21 de março de 2010 às 19:36 , Paixão Lima disse...
O dia da Poesia, o dia dos poetas André Moa e Ernesto Leandro. Felicidade Fugaz e O Renascer Em Mim Da Primavera, são dois estilos poéticos, duas expressões artísticas diferentes mas convergentes no pulsar da arte de escrever em verso. Dois belos poemas. Uma linda prenda para a menina Poesia, no dia do seu aniversário. E nós, que não somos poetas mas amamos a poesia, agradecemos, reconhecidos, aos poetas.
Um grande abraço, Irmãos Poetas.
Às 21 de março de 2010 às 21:14 , Anónimo disse...
Amigos, Andre e Ernesto Leandro!
Que linda poesia, tão leve, tão real e penetrante.
Hoje também fiz poesia,porque gosto da primavera e de tudo o que esta estação promete.
A primavera faz renascer a vida
Numa assunção de flores
Com todo o seu esplendor
Busca equilibrio e amores.
Cores e aromas fazem a diferênça
Combinações harmoniosas são alcançadas,
Violetas, verdes, amarelo e outras alaranjadas
Constituem sensações, como: Intuição, espiritualidade e meditação.
Branco, rosa, vermelho e azul turquesa
Transmitem: Paz, afectividade e pureza.
É a primavera que dentro de mim se refaz
De um passado(juventude)que não volta atrás.
Beijinhos duplos
L&L
Às 21 de março de 2010 às 23:26 , Osvaldo disse...
Caro irmão, caro Ernesto;
Só poetas predestinados podem brincar com a poesia como os gatos brincam com os novelos de lã, como um actor brinca em cena, como um agricultor brinca com a terra!...
Vocês são fantásticos e tratam a nossa maravilhosa arte literária por "tu" e ela, a literatura, orgulhosamente feliz, segue no leito das suas águas como barquinhos de papel corriam rua abaixo nos regos de água da nossa infância!...
Obrigado aos dois; ao meu irmão pela sensibilidade poética que faz corar de felicidade as pedras de Xisto e ao Ernesto pela força de sentimentos que sempre incrementa na sua pura e agreste poesia. E quem ganha,... somos nós, que temos o privilégio e a sorte de nos "regalarmos" com o melhor que a poesia nos pode oferecer.
Um abraço aos dois.
Osvaldo
Às 21 de março de 2010 às 23:44 , Kim disse...
Até deixares de ser árvore renovada.
É exactamente esse o espírito com que os grandes homens se distinguem.
E as árvores morrem de pé.
Grande amigo! És um grande poeta, um grande homem, um grande amigo. Fico muito feliz por te ter por amigo
O meu abraço é da mesma grandeza
Às 22 de março de 2010 às 00:18 , Laura disse...
Na Primavera
nascem flores
renascem amores.
Pássaros cruzam os ares
em namoros pegados
e fazem ninhos nos beirais.
A natureza cobre-se de mil cores
o céu é testemunha
da renovação de todos os amores.
A Primavera renova os seres
ensina-nos a caminhar
sobre palavras de amor.
A saber aproveitar
tudo o que a natureza
nos pode ensinar!...
Assim; viva o amor, via a cor e a alegria, o sol e o seu calor e a lua que nos alumia!...
Beijinho da nina laura
Às 22 de março de 2010 às 00:20 , Laura disse...
E vivam os Poetas dos dias de Primavera em alegres sinfonias de palavras...
Laura
Às 22 de março de 2010 às 10:27 , Green Knight disse...
Amigo Moa
Sou mais um leitor de tanta fortuna literária, com grande destaque para a poesia.
Atrevimento meu,classificar seja o que fôr, não é minha intenção.
Sinto-me bem, quando o leio e já tive a oportunidade de ser presenteado pelo Moa, mais do que uma vez. conheço a excelente pessoa que é possuindo uma história de vida onde se pode aprender muito.
Um abraço de jrom
Às 22 de março de 2010 às 13:51 , Laura disse...
Andamos todos muito Primaveris e assim aqui deixo a minha poesia que comecei a escrever na verdinha (ambiente propício)e dali fiz um post que me fez rir e como rir é bom e um bom remédio, aqui vai, a poesia não tem riso o resto é que sim...
e assisti ao romance de 3 pássaros a cortejar uma passarita, só visto, todos engalfinhados e cada um queria etr a primazia, já estou a ver os ninos todos a correr atrás de mim, ou a mancar ehhhh Aquele nosso abraço de sempre, laura
Primavera doçura ansiada
os seres convertem-se ao amor
passarinhos ensaiam trinados
para dar e receber amor.
A natureza remoça
o que se tinha ido, voltou
os campos cobrem-se de cores mil
e o céu fica azul anil.
Os insectos saem para a vida
de dentro dos seus casulos
e das pobres e feias crisálidas
saem asas de borboleta
Vestidas da mais pura seda
e fazem as suas danças
bailando de flor em flor
inebriando-se de amor.
Do amor e da magia
que só nessa estação acontecem
é por isso que a Primavera
trás os sons que não fenecem.
Às 22 de março de 2010 às 15:34 , Anónimo disse...
Sensibilizado, agradeço do coração à MARIA, DAD, PAIXÃO LIMA. L#L e OSVALDO os simpáticos e benevolentes comentários sobre o meu poema.Agradeço também, do fundo do coração, àqueles que me ignoraram. Concordo com eles.
Um forte abraço para todos.
Ernesto Leandro
Às 22 de março de 2010 às 19:16 , Laura disse...
Querido Ernesto leandro, parece-me que já me tinha referido a todos nessas pequeninas palavras que copiei...
E vivam os Poetas dos dias de Primavera em alegres sinfonias de palavras...
Laura
Não, não ignorei!
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