SEJAM MUITO BEM VINDOS A ESTE BLOG!--------ENA!-- TANTOS LEITORES DO MEU BLOG QUASE DIÁRIO! ---ESTA FOTO É UMA VISTA AÉREA DA MINHA TERRA,-TABUAÇO! UM ABRAÇO PARA CADA UM DE VÓS! -ANDRÉ MOA-

sábado, 13 de março de 2010

UMA VIDA EM VERSOS

Um poeta a fingir de Tarzan

AOS SETENTA SÓ SESSENTA DE POESIA - 7
(CONTINUAÇÃO)

ANTOLOGIA DE UM DESCONHECIDO
(edição do autor – colecção Degrau 2)
1973
CANTATA DA PAZ EM DÓ MENOR
3.º andamento - “lento”

ESPERANÇA


abraço-a ainda
por força de a repetir

um dia há-de ser
o sol a esmagar
este mais-que-entardecer

*****
4.º andamento – “moderato

SOMBRAS


candeeiro tosca lua

paredes brancura cal

vida escudos na rua

liberdade sabe a sal

*****
5.º andamento – “adágio”

CONVERSA FIADA


- trabalha meu filho
quem não trabalha não come
- ó pai os ricos não comem?

- trabalha meu filho
do trabalho é que vem tudo
já dizia o teu avô
- ó pai roubar é trabalho?
- trabalha meu filho
trabalhar é honra
- ó pai passar fome é honra?

- trabalha meu filho
o trabalho dignifica
- ó pai ser escravo dignifica?

14 Comentários:

  • Às 14 de março de 2010 às 02:51 , Blogger Paixão Lima disse...

    Com espírito analítico e sentido crítico da sociedade, o poeta André Moa relata-nos, em Conversas Fiadas, o diálogo entre pai e filho sobre o trabalho. «Quem não trabalha não come...o trabalho é honra...o trabalho dignifica, etc». Acaba o diálogo com a pergunta dolorosa do filho: «Ó pai ser escravo dignifica?». O pai não respondeu a esta pergunta do filho, mas a história já.
    À entrada do campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, símbolo do holocausto nazi, lia-se (e ainda se lê), as palavras «arbeit macht frei», (o trabalho liberta). Estima-se que nas câmaras de gás daquele campo de concentração, foram exterminadas milhão e meio de pessoas. O trabalho é um dever e um direito de cada um de nós. É o nosso contributo para que a sociedade enriqueça e se aperfeiçoe em benefício de todos. Mas trabalhar com dignidade e a troco de uma remuneração justa. O Poeta publicou este trabalho sobre o trabalho em 1973, um ano antes da revolução democrática de 25 de Abril. Fê-lo na ditadura Salazar-Caetano e arriscou-se a ser preso. Foi uma prova de coragem do Poeta. De certo modo, o André Moa também foi um combatente antifascista.
    Os meus parabéns

     
  • Às 14 de março de 2010 às 09:05 , Blogger Laura disse...

    Isso fez-me lembrar que quando ainda juntava as letras e fazia uma frase, devia ter cinco anos, comecei a soletrar antes disso ehhhh, vinha no jornal, na capa, "Os comunistas" (o resto já nem me lembra, olhei o pai e perguntei; ó pai o que são comunistas, ele ficou assim a olhar-me e disse; são aqueles que comem muito, lembro do meu desiludido ah, acho que esperava mais daquela frase, enfim, mais tarde é que soube o que era ser comuna, e, se por um lado concordo pelo outro já não! Porque são tudo formas de ver e sentir a Sociedade, logo, acho que cada um deve ser único e viver em harmonia com todos, todos deviam ter trabalho, pão, educação, mas seremos sempre uns mais desgraçados, outros os tais dos ricos sempre a amachucar o próximo, vivendo á custa do suor do mais pobre, enfim, não deveria haver partidos, deviamos ser todos unidos e todos deviam estar bem!...nenhum partido vale a pena, quando a alma é tão pequena! Os seres humanos é que precisam de crescer, evoluír!

    Moa, lindos os poemas e a tua ousadia! e deixa primeiro dizer que o tarzan devia estar longe da minha zona pois tu moravas mais perto do mar, na praia do Bispo, e eu cá mais para cima,em S. Paulo, porque se nos conhecessemos e fossemos amigos desde esse tempo! Mas, a vida só deixou que nos conhecessemos agora e ainda estamos a tempo...Bonito moço feliz da vida, aos trintas somos felizes..
    Abraço da laura

     
  • Às 14 de março de 2010 às 10:42 , Blogger São disse...

    Gostei especialmente da Conversa Fiada e adorei ouvir àgua Viva.

    Bom domingo.

     
  • Às 14 de março de 2010 às 11:07 , Blogger Branca disse...

    Olá André,

    Adorei o teu versejar e tal como a São gostei da conversa fiada, mas conhecendo-te um pouquinho, como penso que conheço, disse-me especialmente muito o tema Esperança,que graças a Deus não te tem faltado e que nunca te falte.
    Um beijo de muita amizade.
    Branca

     
  • Às 14 de março de 2010 às 14:05 , Blogger Andre Moa disse...

    Caro amigo António Paixão Lima,
    Ao ler o teu belíssimo e apuradíssimo comentário, dei por mim a pensar que só para provocar e ler esta tua recensão, esta tua enaltecedora apreciação tinha valido a pena ter feito e editado estes poeminhas, simples epigramas, nomeadamente a "Conversa Fiada" em que recaíu a tua criteriosa análise. Tens razão: o trabalho dignifica quando dignifica. O trabalho dignifica quando é digno e dignifica quem o presta. Senão, não. Senão, não passa de escravidão. Esta foi e continua a ser a minha opinião.

    Cara Laura,
    O teu comentário sugeriu-me mil e um artigos desenvolvidos, tantos e tais são os assuntos por ti sugeridos. Comecemos pelo cenário. Esta foto do Tarzan não foi tirada em Angola como seria lógico, por o Tarzan ter feito da selva africana o seu habitat. Esta foi tirada em São Jorge-Açores, ilha natal da Maria Teresa, quando da passagem do dito para os Estados Unidos da América, a fim de protagonizar o filme «Tarzan em Nova York». eheheheeh.
    Quanto ao mais, e como um simples comentário não se compadece nem dá para muito mais, limito-me a deixar no ar as seguintes questões que me parecem pertinentes:Pobres e desgraçados tê-los-emos sempre. Mas não teremos todos nós a obrigação de lutar ao menos contra a pobreza e a desgraça impostas por uns tantos sobre tantos? Outra pergunta: se não havia de haver partidos, que substituto institucional se haveria preconizar para preencher o seu lugar? Como na natureza, também nas sociedades, na organização das comunidades, na política, existe o horror ao vácuo. Vamos preencher o vazio, o buraco que ficaria como e com quê?

    Cara São,
    Obrigado pela sintética e certeira apreciação. Todos ouvem a água viva, só eu não. Parece aberração, mas não é. Feitos informáticos, é o que é!

    Cara Branca,
    Sempre atenta e dedicada aos amigos! Como me conheces bem! Olá, se conheces! Nota-se bem. Em tudo, em cada gesto teu, nomeadamente neste teu apontamento. Podes crer que, enquanto tiver amigos como tu, como os amigos que aqui vêm falar, poetar, analisar, manifestar amizade e solidariedade a rodos, a Esperança nunca me faltará. Desconfio que sou daqueles que vou morrer três dias antes da minha amada Esperança. eheheheh

    Abreijos
    André Moa

     
  • Às 14 de março de 2010 às 14:14 , Blogger Andre Moa disse...

    Cara Laura, só mais uma coisa, que me escapou acima: Dizes: «aos trinta somos felizes». E eu acrescento: Ainda bem. E aos setenta também. é tudo uma questão de postura. Eu sou feliz, mesmo na dor. Enquanto houver neto, filhos, mãe, esposa, amigos; enquanto houver sol e mar e passáros e árvores e flores; enquanto houver vida em mim, eu vou ser feliz, eu sinto-me na obrigação de ser feliz. Venha a dor que vier, o sofrimento que tiver que sentir, que nada me demoverá do caminho da esperança ou abafará em mim este estado de alma a que chamo felicidade. Tenho dito
    Abreijos
    André Moa

     
  • Às 14 de março de 2010 às 22:22 , Anonymous Catarina disse...

    Há que tempos não passava por aqui!

    Gostei do que li e do que vi.

    Voltarei!

     
  • Às 14 de março de 2010 às 22:37 , Anonymous Catarina disse...

    Desculpe. Enganei-ne no "rasto" que deixei e como gostava de ter a sua visita, aqui deixo, de novo os meus cumprimentos e desejos de boas melhoras.

    Um beijito,

     
  • Às 15 de março de 2010 às 08:43 , Blogger Laura disse...

    Moa, entendo essa de que é preciso que haja a tal da Lei e da Ordem entre o Povo (os Partidos que cada um queira ter,certo) porque o homem não tem mão em si, no aspecto de respeitar o homem que nada mais é que seu Irmão, mas, todos se atropelam, era essa Lei de causa justa, repito, justa, para todos, apenas já vi que não há quem leve o povo pelo melhor caminho, porque todos se aproveitam dos cargos que ocupam, para encher a sua bolsa...olha o caso destes politicos que fazem o que querem e sobra-lhes tempo, eles enriquecem os povo sofre.sou sim senhora pela ajuda a todos mas nós próprios não conseguimos ajudar porque também não temos com que o fazer, por isso digo que; sem o amor dentro de cada um, dificil ou mesmo impossivel será, acudir ao nosso irmão menos afortunado! É essa passividade que vejo em quase todos, que todos deixamos que eles façam o que lhe apetece, ditem as leis absurdas que saem a cada dia, encurtando já o pouco que o povo tem, não criam trabalho não criam nada, antes, destroem ainda mais!


    Moa, falava de partes da felicdade no geral! Se eu não fizesse por isso, jamais seria a nina das resteas. Tu sabes que eu luto, luto e que me falta apenas uma coisa só, mas, eu chegarei a ela, como sempre com luta e persistência!porque na vida é preciso lutar seja lá pelo que for. Mas, há tantos condicionantes que, estou a ver a tarefa demorada, mas, enquanto luto e sonho, sinto força e vontade de correr atrás do que almejo. Que as pernas não me faltem e um dia poderei dizer de braços abertos que a verdadeira felicidade já está em mim!

    Ah, o Tarzan da praia estava noutra praia, mas só olhei para o tarzan, logo, sei lá se era aqui ou ali, faltavam-te as lianas...Beijinhos mil e muita força meu amor de irmão, muita luta e claro que a esperança está colada a ti e a nós!!
    laura

     
  • Às 15 de março de 2010 às 13:52 , Blogger Maria disse...

    Querido André
    Mais uma lição de vida em verso. Tens o condão de fazer pensar e analisar a vida sob todos os aspectos.
    Rápidamente, vou contar-te uma história passada com o meu pai, a que assisti, e nunca me esqueceu.
    Viviamos em Tomar e ele conhecia toda a gente e a todos falava do mesmo modo: um aperto de mão, umas palmadinhas nas costas, uma frase. Um dia encontrando um pedreiro seu conhecido, dirigiu-se a ele da mesma forma. O homem coberto de cal e cimento, disparou: Ó sr Sotto-Mayor, tenho as mãos sujas. A cara de meu pai, sempre risonha e simpática, ficou dura e séria. Agarrou a mão do homem quase à força, abraçou-o e afastando-o um pouco, olhos nos olhos, disse-lhe: Você não volte a dizer que tem as mãos sujas. O trabalho não suja as mãos, dignifica. O que suja as mãos é o roubo e viver à custa dos outros. O homem commovido, deixou-se abraçar de novo. Eu, meu amigo, com 5 anos, aprendi mais uma das lições do meu grande mestre e meu exemplo, ainda hoje que o perdi. Quando tenho algum problema a resolver, penso sempre no que ele faria ou diria. Foi ele que me fez fisica e moralmente, aquilo que sou. Ele amava a vida como tu. É isso que faz com que admire tanto.
    Desculpa a seca.
    Beijinhos
    Maria

     
  • Às 15 de março de 2010 às 15:04 , Blogger Andre Moa disse...

    Linda Maria,

    Qual seca, qual nada! Grande lição,esta que tu aqui trouxeste. O sermos parecidos e nos estimarmos tanto está, pelos vistos, há muito inscrito no nosso ADN. Faltava apenas conhecer-mo-nos. Como comparo o teu pai ao meu pai! Estava a ler a história que aqui nos relatas e eu com a imagem do meu pai sempre presente e tão nítida em mim. Assim como me lembrei de uma cena várias vezes repetida na Rua da Sé, a rua principal de Angra do Heroísmo, com a Teresa e os meus filhos. Passavam por nós várias pessoas que cumprimentavam com um singelo mas loquaz «Bom dia, Senhor Doutor». Eu não me limitava nunca a responder com a secura de um bom dia para mais repetido que nem eco. Acrescentava sempre algo, como isto, pelo menos: «Bom dia, como está, passou bem?»
    A minha mulher e depois os meus filhos perguntavam-me: «quem é?» Eu respondia com verdade: não faço a menor ideia, mas se nos cumprimentou é porque nos conhece e eu de certeza que o conheço, só que a minha memória de alho chocho não fixa nem caras, nem nomes, nem nada do que importa fixar para manter uma óptima relação com os nossos semelhantes. À falta de memória, deito mão da delicadeza,do interesse e do empenho com que retribuo o cumprimento.
    Vivamos em paz e harmonia, como soia vivermos sempre.
    Um beijinho
    André Moa

     
  • Às 15 de março de 2010 às 16:18 , Blogger Osvaldo disse...

    Caro irmão;
    Aqui estou de volta e logo tu "tocas" no assunto trabalho que não me abandona. Tem sido um iníncio de ano do "caraças"!... Mas tudo se faz.

    Gostei da conversa fiada e como diz o povo;
    "Se trabalhar dá saúde, que trabalhem os doentes!..."

    Ou como me contou ontem um padre;
    Jesus veio à terra e encontrou um grupo de homens e mulheres sentados na soleira da porta em grande cavaqueira e perguntou-lhes o que faziam ali e não iam trabalhar, onde todos responderam que a saúde não era muita...
    Entâo Jesus começou a tocar um por um e a cada toque nos presentes um milagre se realizava e todos ficavam curados...
    Quando se aproximava do último que estava um pouco afastado, este disse a Jesús;
    Mestre, não me toque porque estou de baixa...

    Um abraço, irmão e muita mesmo muita saúde.
    Osvaldo

     
  • Às 15 de março de 2010 às 19:58 , Blogger Laura disse...

    Bem, Moa, isso fez-me lembrar quando iamos de braço dado pelas ruas de Tabuaço,pelo passeio, o Osvaldo e Ana ligeiramente atrás, lembras? e passou aquele casal e mais um senhor, que se te dirigiram muito respeitosamente, tu foste logo ter com eles,atravessas-te a estrada blá blá, a senhora veio ter comigo ao passeio, a cumprimentar-me muito delicadamente, é que passei pela Teresinha do Moa,a esposa do senhor Doutor, ora pois, valha-me, mas não valia pena estar a dizer á senhora que eu não era a tua esposa e blá blá, mas deu cá um riso! se deu, enfim, foi isso que me lembrei ao ler-te como dizias que eras uma simpatia mesmo nem lembrando quem eram, é isso mesmo...
    E continuas ser simpático quanto baste e a ser um belo rapagão, lindo, adoro ver-te todo alto, bonito, barbas, enfim, fazes cá um arranjo jeitoso como soe dizer-se!e a conversa a sair do sentido mas não importa!

    Beijinhos a todos, laura

     
  • Às 15 de março de 2010 às 22:58 , Blogger Andre Moa disse...

    Irmão Osvaldo,
    Sê bem-vindo. E descansa, amigo, que o teu trabalho é digno e dignificante, mas exigente e cansativo.
    Abraço
    André Moa

     

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