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sexta-feira, 19 de março de 2010

UMA VIDA EM VERSOS

Susana e Pedro Miguel com dois e três anos, respectivamente, à época em que foram escritos estes poemas. Hoje têm 40 e 41. Como cresceram! E tão depressa!

AOS SETENTA SÓ SESSENTA DE POESIA - 8

ANTOLOGIA DE UM DESCONHECIDO

(edição do autor – colecção Degrau 2)

1973

CANTATA DA PAZ EM DÓ MENOR
(CONTINUAÇÃO)

6.º andamento – “andante”
“pianissimo”

- Senhor barqueiro, como vai a vida?
- Não vai, senhor, não vai. Como há-de ir?
Rio abaixo… rio acima…
Fecha a boca… aperta o cinto…
e cá vamos… morrendo.

*****
7.º andamento – “ andantino”

GUERRA E PAZ NO VIETNAME[1]

mesa quadrada
mesa redonda
mesa oval
mesa rectangular
PAZ
a estrangular

*****
8.º andamento – “allegretto”

AQUI JAZ A PAZ

a PAZ morreu há muito
fala-se em conluio para a sua exumação

aqui… ali… dia-a-dia… “floresce”
nos lábios “generosos” da metralha

algures… não sei bem onde…
longos anos permanece…
imóvel… numa urna… tipo mesa…
em exposição…
para gáudio da canalha

*****
9.º andamento – “grazioso”


SAUDADES DE MAIO[2]


este maio
é maio
mas não é
florido

maio
em
des
maio

maio
des
maiado

maio
sem
maias

flores tristes
flores velhas
de sofrimento vermelhas
de medos acizentadas

maio de
flores
desmaiadas

maio de
bocas
caladas


[1] A Guerra do Vietname foi um conflito armado que começou no ano de 1959 e terminou em 1975. Em 1964, os Estados Unidos resolveram entrar directamente no conflito. No início de 1973 começaram as negociações em Paris, tendo em vista um acordo de paz. O primeiro e “transcendental” problema levantado teve a ver com o formato da mesa de reuniões. Eis a razão deste meu epigrama, deste meu insignificante mas sentido grito de indignação, mero apontamento poético do caricato da situação. Quando o que urgia era a paz, os intervenientes levaram a discutir dias e dias, a ponto de colocarem em perigo a continuação das negociações, o formato da mesa onde se sentarem.
[2] Uma vez mais o 1.º de Maio foi silenciado. Corriam os idos dos anos do fim da década de 60. Estávamos, continuávamos, submetidos à ditadura do velho regime, ironicamente auto denominado “Estado Novo”

11 Comentários:

  • Às 19 de março de 2010 às 22:50 , Blogger Kim disse...

    Meu amigo André!
    Enquanto os dirigentes se preocupavam com as mesas redondas ou quadradas, o napalm continuava a fazer das suas.
    Enquanto, as pequenas questões se sobrepuserem a outros interesses mais importantes, o homem continuará sempre a olhar para o seu umbigo.
    QUEM DIRIA QUE ESTA MENINA É A TUA SUSANA.
    Grande abraço amigo

     
  • Às 19 de março de 2010 às 23:10 , Blogger Laura disse...

    Ehhh o teu neto é muito parecido com o tio e contigo, tal e qual, que nina linda a Susana, ah, como o tempo voa!

    As guerras hão-de continuar os homens precisam de dinheiro para esbanjar, porque se só precisassem dele para viver, chegava para todos viveremos dignamente...
    Aquele abraço da laura

     
  • Às 19 de março de 2010 às 23:19 , Blogger Paixão Lima disse...

    André Moa, grande fotógrafo!
    Desta vez ultrapassaste as melhores expectativas. O teu post está uma maravilha. Logo hoje, no dia dos pais babados, expões as fotografias dos teus filhos quando pequenos, hoje já grandotes. Deverias ter colocado também a fotografia do teu neto ou netos, para completar a santíssima trindade. A miúda Susana sai mesmo ao Pai. Por acaso ela não é farmacêutica?
    Quanto ao resto, comentarei amanhã para não prolongar o comentário. Isto, porque o tema é apetecível e motivador. O teu lindo poema e a reflexão política, são de gritos. O formato da mesa da paz então, nem se fala. Também recordo esse episódio caricato.
    Até amanhã, caríssimo André.
    Um abraço.

     
  • Às 19 de março de 2010 às 23:23 , Anonymous Anónimo disse...

    Amigo André!

    As coisas boas da nossa vida, têm sempre um período curto, por estarem sujeitas ao ciclo evolutivo. Mas quando abrimos o baú das memórias coisas extraordinárias e felizes por vezes recordamos, tal como esta fotografia.

    Os poemas são muito interessantes, mas falar de Guerra e paz, é como teimar falar de palavras cansadas de permanecerem palavras...

    Houve uma terra que era tão bela
    Onde diariamente o sol nascia a brilhar
    Os pássaros no céu azul voavam
    O povo nos campos de arroz trabalhava a cantar
    Mas certo dia, tudo acabou...
    Pois a guerra a essa terra chegou.

    A meu ver toda a guerra é burra
    Atrasa as mentes, mata, destroi, não dá para entender.
    Todo o homem que se veste de soldado, não precisa de uma razão para lutar
    E sim uma bandeira para defender.

    A paz cada vez mais se confirma como necessidade da humanidade, a guerra é uma necessidade anti-humanidade, que teima em continuar.

    Mas, se é paz que procuramos
    No mês de Maio a encontraremos.

    Maio de todos os prazeres
    És mar, sol e primavera
    És perfume, poesia e quimera

    Maio, palavra curta
    de conteúdo imenso
    Mês das flores e de fé
    Oração, milagres e incenso.

    Floresce Maio agora
    Nesta hora de bandeiras caídas no chão
    Esperanças desfraldadas no tempo de outrora
    E traz de novo a força que sonhámos ter dentro da mão.

    Um beijinho Duplo
    L&L

     
  • Às 20 de março de 2010 às 01:09 , Blogger Paixão Lima disse...

    Como não tenho sono e porque, não deixes para amanhã o que podes fazer hoje, vou antecipar o comentário prometido.
    O início do poema, faz lembrar, remotamente, o Auto da Barca do nosso amigo Gil. Poema precursor da Revolução de Abril, logo um poema revolucionário. Um poema heróico e dos tempos heróicos. Coragem não te faltava Irmão, mas juízo, isso sim, faltava-te. Como não fostes parar a Peniche dá graças a d(EU)s, isto é, a ti próprio.
    Ao fazer-se a paz no Vietname, independente do formato da mesa, acabou-se apenas com uma guerra. Logo três começaram, pelo menos. As guerras perpetuam-se no tempo. Fazem parte do nosso A.D.N., da nossa própria natureza. Como inventamos a guerra, entretemo-nos a fazê-la. Olha o que se passa agora com o Iraque, Afeganistão, etc.etc.
    Quanto ao 1º. de Maio, o Maio do nosso descontentamento, também levei muita porrada. Mas nesse tempo eu tinha as costas largas.
    Mas nunca é demais relembrar esses tempos negros da ditadura, quanto mais não seja para refrescar a memória da nova geração que não fazendo ideia tem tendência a desvalorizar o que se passou.
    Um bravo, ao bravo combatente.

     
  • Às 20 de março de 2010 às 10:27 , Blogger Maria disse...

    A palavra Guerra é feia, pior que palavrão.
    Belo poema, querido amigo. Linda a foto. Porque será que os filhos crescem tão depressa? É tão bom quando são pequeninos e nós tentamos que nada lhes faça mal... Depois, os anos passam e nós ficamos a vê-los viver, sem poder evitar que a vida os magoe.
    Beijinhos e que a Paz volte um dia, no que cada vez acredito menos.
    Maria

     
  • Às 20 de março de 2010 às 14:50 , Blogger Osvaldo disse...

    Caro irmão;

    Melhor que todos os poemas, melhor que todas as crónicas e das guerras já nem falo, o melhor de tudo neste post é ver as carinhas larocas da Susana e do Pedro Miguel.
    Se a Susana à muito que faz parte da nossa familia. o Pedro Miguel ainda não conhecemos, mas certamente não faltará muito para isso e claro, então, fará parte da familia a tempo e corpo inteiro!...

    Um abraço caro irmão e bjs para todos,
    da Ana e Osvaldo

     
  • Às 20 de março de 2010 às 17:16 , Blogger Laura disse...

    Essa foto levou a que lembrasse dos meus ninos a Neide 5 anos mais nova que o Nuno e na ternura e cumplicidade que sempre houve entre os dois e mesmo agora ela com 26 e ele quase 31, são os melhores amigos da vida, são os filhos mais leais que tenho...É lindo o amor que sentimos por eles, ou não sejam eles carne da nossa carne, sangue do nosso sangue! Enfim é o Amor na sua plenitude.
    Grande abraço ao clã Moa, e felicidade sem fim pela vida fora. Laura

     
  • Às 20 de março de 2010 às 17:19 , Blogger Unknown disse...

    Andrezito

    Não te conheço, infelizmente, mas de tudo o que tenho lido e ouvido a teu propósito TENS de ser um gajo PORREIRAÇO!!!... E estes versos são mais uma achega.

    Regressados, a Raquel e eu, de 50 dias inolvidáveis em Goa & outras Índias, estou a publicar, saudosíssimo, apontamentos da viagem. Dizem os goeses, incluindo a Raquel, que eu sou mais goês do que eles. Concordo. Se quiseres ir ao Travessa e deixar cumentários com o, agradeço

    Abs

     
  • Às 20 de março de 2010 às 21:46 , Anonymous DAD disse...

    Querido Moa,

    Fiquei comovida com este post pois para além do que li, a foto é muito linda! Que parecido que o teu neto é com o teu filho!

    Beijinho grande,

     
  • Às 21 de março de 2010 às 00:03 , Blogger Je Vois La Vie en Vert disse...

    Que linda foto ! Realmente há muitas parecenças !

    Depois de regressar da Bélgica hoje à noite, passei para te deixar um beijinho, bem como a todos os teus familiares e amigos.

    Verdinha

     

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