CICLO EMOÇÃO
Capela românica do Sabroso-Barcos
-Tabuaço. Foto Osvaldo ribeiro
RENASCER
Desde que me conheço,
Rejeitei sempre a mordaça;
Eu nunca fui quem pareço
Nem sou igual a quem passa!
Sou pobre por opção,
Sou pecador por acção
E um santo como os demais;
Refugo de ricos crónicos,
Estou no rol dos anacrónicos
Com anátema de anormais...
Sou refrigério de quem sofre,
Poeta da minha estrofe,
Sou a Bíblia dum ascético,
Um paladino do ético!
Eu já não desejo nada;
Caminho na minha estrada
Feita pelas próprias mãos;
Já não sinto a bofetada
Que a cara está macerada
De tanto roçar nos chãos...
O cedo para mim foi tarde
Por dele tanto esperar,
Sou labareda que arde
E que nada faz queimar;
Sou lobo, ainda que cordeiro,
Procurando um feiticeiro
Que me prediga o futuro;
Estou certo que vai dizer
Que são horas de eu morrer,
Que o meu futuro é escuro;
Eu já me esqueci de mim
E dos demais, outrossim!
Sou fantasma duma vida
Que não fez a despedida.
E fantasma está calado
A ver os outros viver.
Vem, amor, para o meu lado
E ajuda-me a renascer!
Ernesto Leandro
Desde que me conheço,
Rejeitei sempre a mordaça;
Eu nunca fui quem pareço
Nem sou igual a quem passa!
Sou pobre por opção,
Sou pecador por acção
E um santo como os demais;
Refugo de ricos crónicos,
Estou no rol dos anacrónicos
Com anátema de anormais...
Sou refrigério de quem sofre,
Poeta da minha estrofe,
Sou a Bíblia dum ascético,
Um paladino do ético!
Eu já não desejo nada;
Caminho na minha estrada
Feita pelas próprias mãos;
Já não sinto a bofetada
Que a cara está macerada
De tanto roçar nos chãos...
O cedo para mim foi tarde
Por dele tanto esperar,
Sou labareda que arde
E que nada faz queimar;
Sou lobo, ainda que cordeiro,
Procurando um feiticeiro
Que me prediga o futuro;
Estou certo que vai dizer
Que são horas de eu morrer,
Que o meu futuro é escuro;
Eu já me esqueci de mim
E dos demais, outrossim!
Sou fantasma duma vida
Que não fez a despedida.
E fantasma está calado
A ver os outros viver.
Vem, amor, para o meu lado
E ajuda-me a renascer!
Ernesto Leandro
5 Comentários:
Às 11 de abril de 2010 às 08:53 , Laura disse...
Caramba, que belissimo dizer, que sensibilidade e verdade, de uma ponta á outra só se lê que a vida foi para o Ernesto, um verdadeiro lugar onde houve de tudo um pouco!
Um Poema para figurar nos anais da Literatura!
Um belissímo poema de Domingo!
Beijinho da laura
Às 11 de abril de 2010 às 10:02 , DAD disse...
Belíssimo poema de um grande poeta!
Parabéns Amigo por mais uma lindíssima poesia.
Beijinho,
Às 11 de abril de 2010 às 10:36 , Maria disse...
Caro Ernesto
Apesar da superioridade da sua poesia, de que gostei muito, lembrei-me de uma coisinha que fiz em tempos e atrevo-me a mandar-lha.
Aqui vai, com um beijo da
Maria
Vida
O dia em que eu nasci,
Era Inverno, estava frio.
Vinha uma aragem do rio,
Com ilusões me cobri.
Vivi sempre de ilusões.
De sonhos, de inspirações,
De poesia e de amor.
Cresci sempre sonhadora,
Fui santa, fui pecadora,
Senti alegria e dor.
Pelo caminho deixei
O rasto do que sonhei,
As ilusões que senti.
Agora chegando ao fim
Olho p’ra trás sem tristeza.
E só vejo nessa estrada
Uma mão cheia de nada
Outra cheia de certeza.
Porque vivi como quis
E não me sinto infeliz,
Mas sinto alguma saudade
Dos caminhos que tracei,
E que um dia deixei
Em busca da felicidade.
Maria 2010
Às 12 de abril de 2010 às 08:12 , Osvaldo disse...
Caro Ernesto;
Mais um belo poema, daqueles que temos vontade de reler e passar o dia a lembrá-lo. É como certas canções, que escutamos uma vez e, "volta, meia-volta" estamos com ela na cabeça!...
Gostei imenso, mas confesso que fiquei com a impressão de já o ter lido em qualquer parte. Num livro de poemas do Ernesto ou provávelmente no extinto "Tabuaço Informação", em que, assim como o Moa, éramos colaboradores.
Uma vez mais, caro Ernesto Leandro, obrigado por nos brindar com o que de mais belo a poesia nos pode oferecer, que é a força dos sentimentos exprimidos pelo autor.
Um grande abraço,amigo Ernesto.
Osvaldo
Às 12 de abril de 2010 às 11:27 , Anónimo disse...
Para a Laura, Dad, Maria e Osvaldo. Apraz-me registar a vossa extraordinária sensibilidade poética, expressa nos comentários ao meu poema, e que só pecam por excesso. (Maria, o seu poema é belíssimo. Envie mais, muitos mais),
Abreijos do vosso grande amigo, Ernesto
Ernesto Leandro
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