CICLO EMOÇÃO
CRENÇA NA UTOPIA
Daria toda a minha riqueza,
Se a tivesse,
Numa dissipação nunca vista!
Fá-lo-ia com toda a inteireza
E, se pudesse,
Seria de todo o indigente o avalista...
Dá Deus as nozes, é verdade...
Mas a minha nogueira não cresceu!
Só me cresce toda a infelicidade
Do poeta inato, inapto como eu...
A sentir saudades do que nunca possuiu,
A criar amor sem ninguém para o dar,
A sonhar os sonhos de quem não dormiu,
A pedir ao pobre para se não calar.
A viver em noites envergonhadas dos dias,
A morrer, chorando contigo, meu irmão,
A preencher o nada de vidas vazias,
A multiplicar o que divido em profusão!
A somar aos pobres o que lhes subtraem,
A consolar os que nada têm, que roubados,
A ser ladrão do ladrão dos desgraçados,
A verberar, pois, contra os que os traem!
Juro!
Os meus versos rasgaria,
Os poetas renegaria,
Às minhas mãos morreria
Se visse modificado
O Universo:
O homem gregarizado,
Irmanado,
E não disperso...
Então, gritaria como nunca ouvistes:
"Ecce Dei" - "Mea Culpa" - afinal, existes!
Ernesto Leandro
Daria toda a minha riqueza,
Se a tivesse,
Numa dissipação nunca vista!
Fá-lo-ia com toda a inteireza
E, se pudesse,
Seria de todo o indigente o avalista...
Dá Deus as nozes, é verdade...
Mas a minha nogueira não cresceu!
Só me cresce toda a infelicidade
Do poeta inato, inapto como eu...
A sentir saudades do que nunca possuiu,
A criar amor sem ninguém para o dar,
A sonhar os sonhos de quem não dormiu,
A pedir ao pobre para se não calar.
A viver em noites envergonhadas dos dias,
A morrer, chorando contigo, meu irmão,
A preencher o nada de vidas vazias,
A multiplicar o que divido em profusão!
A somar aos pobres o que lhes subtraem,
A consolar os que nada têm, que roubados,
A ser ladrão do ladrão dos desgraçados,
A verberar, pois, contra os que os traem!
Juro!
Os meus versos rasgaria,
Os poetas renegaria,
Às minhas mãos morreria
Se visse modificado
O Universo:
O homem gregarizado,
Irmanado,
E não disperso...
Então, gritaria como nunca ouvistes:
"Ecce Dei" - "Mea Culpa" - afinal, existes!
Ernesto Leandro
11 Comentários:
Às 18 de abril de 2010 às 21:35 , DAD disse...
Como sempre, um grande poema! Muito lindo!
Beijinhos!
Às 18 de abril de 2010 às 22:34 , Laura disse...
Atascou-se-me a voz
na grandeza das palavras do Poeta
embriaguei-me na ventura de ler
a escrita que tão raramente encontro!
Estou feliz pela leitura
pelo momento aqui captado
pela surpresa em mim estampada
ou seja, fiquei embriagada
deliciada com esta filosofia de vida
tão parecida com a minha!...
Parabéns ao Ernesto Leandro
Um abraço apertadinho da laura
Às 19 de abril de 2010 às 15:00 , Maria disse...
Ter fé? Em quê, meu amigo?
Em Deus já tive e perdi
Depois cri na Natureza
Nos homens achei grandeza
De os conhecer desisti
Acreditar não consigo
Em nada nem em ninguém.
E queria acreditar
Talvez fosse mais feliz
Alguma coisa me diz
Que acreditar é um bem
Que ajuda a vida a levar.
Nenhuma religião
Me convence ou me domina
Só mesmo na Natureza
Encontro alguma pureza
Gostava de ser menina
Vendo o mundo lindo e são.
Às vezes penso se a fé
Será boa ou será má
Se ela me ajudará
A ver a vida diferente
A voltar a ver a gente
Sem defeitos, como é
Sem mágoas e desenganos
O mundo cheio de flores
Eternos nossos amores
Felizes anos e anos
Ai como queria ter fé!
Assim descrente que sou
Para mim só é verdade
A palavra mais bonita
Só nela creio, acredita,
É a palavra Amizade
A um amigo tudo dou!
Ao Ernesto com a Amizade da
Maria
Às 19 de abril de 2010 às 19:35 , Paixão Lima disse...
Cá estou eu, minha gente boa. Cheguei atrasado pelas cinzas do vulcão. Mas venho a tempo de comentar. É certo que estou a seguir por via de sentido proibido. Mas nada de mal pode acontecer-me. Quando muito pagar a multa.
A utopia é coisa linda. A sociedade da utopia, não se conhecendo, é a sociedade que se deseja. É o D.Quixote a investir contra moinhos de vento. É o D. Sebastião que surge do nevoeiro.
Parabéns ao Amigo Ernesto pela seu lindo poema
Às 19 de abril de 2010 às 20:39 , Laura disse...
Todos temos dor para carpir
e todos temos de á vida
sorrir
é certo que há dores e dores
desenganos, é cada um
patifarias de uns e outros
sacanices e brejeirices
mal todos fazem
até sem querer
mas quando a vida magoa
e a dor nos atraiçoa
voltamo-nos para o Alto
é de lá que vem a calma
e eu liberto minha alma
dos aguilhões da dor
perdoem-me os que não me acreditam
mas eu sou real e verdadeira
sofro e choro como vós
faço da vida por vezes
uma pasmaceira
mas acreditem quando digo
que a dor quando me calha
só a tiro
ajoelhando perante ELE
e pedindo humildemente
para fastar de mim
aquela dor tão grande
somente!...
Não me queixo do que já passei
nem me queixo do que lá vem
a vida é mesmo assim
trata-nos com desdém
tanto a ti como a mim...
Optei por entender
já que passava a vida a sofrer
que o que temos é para ter
e o que ainda lá vem
mais vale nem saber...
Beijinhos, saiu assim...laura
Às 19 de abril de 2010 às 22:13 , Andre Moa disse...
Maria, ter fé em quê!?
Só na vida, já se vê.
Não por crença, não por fé,
mas por apego à certeza
que nos vem da natureza,
sem ópio nem rapapé.
Querer ter fé quando se perde
é querer matar a sede
com o que já vomitámos;
voltar a beber venenos
que bebemos em pequenos,
de que já nos libertámos.
Querer voltar à fé perdida
é querer ver noiva vestida
em vida com o véu da morte;
sacudir dos nossos ombros
a poeira dos escombros;
o mal que nos coube em sorte.
P'ra rezar salve-rainhas,
p'ra desfiar ladainhas
sem tino, sem tom nem som?
Vale de lágrimas, Maria,
em vez da santa alegria
de sentirmos o que é bom?
Nos homens também não creio.
Causam-me um certo receio.
Quem me merece atenção,
em quem creio, se preferes,
é em ti, é nas mulheres
que me enchem o coração.
Como querer um mundo são,
se este mundo é um mundo cão,
mundo criado por d(EU)s?
Estás a ver o puro engano?
Religiões? Um catano!
Enganos? Prefiro os meus.
Maria, não há receitas.
Há que aguentar as maleitas
que a natureza nos der.
Firmes que nem uma rocha.
Também eu ando à brocha.
Vamos, coragem, mulher!
Se eu amo a vida, Maria!
Ser eterno, que alegria!
Mas a vida tem um fim.
Culpa de deus, do diabo,
quando ela chega às do cabo?
Maria, a vida é assim!
Se a fé tivesse o condão
de acabar com a podridão,
já te compreenderia.
Ver um mundo lindo e são
Não será pura ilusão?
Eu penso que sim, Maria.
A palavra, o sentimento
que nos pode dar alento
é sem dúvida a amizade.
Que bom sofrer e sorrir,
Que bom viver e carpir,
sentir, viver em verdade!
Abreijos
André Moa
Às 19 de abril de 2010 às 22:16 , Je Vois La Vie en Vert disse...
Devo sofrer de miopia
Porque vivo numa utopia
Nela descobri a filantropia
E afastei-me da misantropia
Beijinhos ao Ernesto Leandro e ao Moa
Verdinha
Às 20 de abril de 2010 às 08:05 , Bichodeconta disse...
Meus amigos isto aqui está a melhorar a olhos vistos..Grande grupo..Moa meu querido estou emocionada mais uma vez!A fuerza que vien de ti mon amie .. Depois esse versejar a dois,fazendo o trocadilho entre as tuas palavras e as da Maria, a nossa Maria que escreve deliciosamente!E fica o meu abraço extensivel a todos..A utopia é uma arma. Abreijos, Ell
Gostei da proposta do Lima Paixão(esta palavra paixão, gravada dentro do peito!)Fica muito bem, história do rabo com o gato de fora eheheh
Às 20 de abril de 2010 às 13:55 , Paixão Lima disse...
A Bichedeconta, apareceu novamente, o que muito me alegra.Já tinha perguntado por si de tão preocupado que estava. Mas se voltou, é porque tudo está na normalidade. Ainda bem para todos nós.
Vou dar-lhe cinco opções de tratamento. A minha Amiga, optará pelo nome que mais lhe convier.
Sou, de nome António Adriano Seixas Paixão Lima. Tenho nome fidalgo,mas não sou fidalgo.
A opção é sua. É só escolher.
Um beijinho grande, ou por outra, um grande abreijo
Às 20 de abril de 2010 às 18:41 , Maria disse...
André
Isto foi um bocado feito em cima do joelho. Amanhã vou a Tomar e tive coisas para fazer.
Ter fé em quê? Perguntaste
E eu fiquei a cismar.
Alguma vez tu rezaste
O padre –nosso a chorar?
Eu rezei com minha mãe
E acreditava na altura
Que Deus, o Supremo Bem
Não era uma criatura.
Depois meu pai perguntou
Com toda a sua descrença
Se foi Deus quem nos criou
Se inventamos nós a crença.
Desde aí fiquei incerta
De quem tinha ou não razão
Com os anos, mais desperta
O pai ganhou a questão.
O homem para viver
Precisa de ter alguém
Para culpar e agradecer
Todo o mal e todo o bem
Por isso não sinto mágoa
Sinto a falta de meu pai
E é com os olhos em água
Que te conto o que aqui vai.
Porque sei que ele morreu
Só tu me dás agora
Aquilo que ele me deu
A vida vive-se na hora
E é tão belo viver
Viver um dia, outro dia
Vivê-la enquanto puder
É o que faz a Maria.
Beijinho grande
Maria
Às 20 de abril de 2010 às 21:17 , Bichodeconta disse...
É uma injustiça, se é! Escrevi, escrevi e agora desapareceu tudo..Paixão, assim será o nome por que o contactarei..Paixão é uma palavra linda.. Onde anda o Moa amigo que não dá sinal de si..Não ando muito bem mas há coisas que não vou falar na net pelas razões óbvias .Queria espreitar a janela da cusquice que se adentra pela noite, mas eu sou pior que bébé, adormeço cedo, coisa de cota! Espero que no próximo almoço nos possamos conhecer e trocar um abraço, claro..Abreijos, Ell
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