CICLO EMOÇÃO
DÁDIVA MÚTUA
Abre os braços e agarra
O que te dou
Sem a urgência
De dádivas passadas.
É do poeta que, cansado,
Descansou
De longas caminhadas...
Levantei-me para começar
Um novo poema,
Mas em vão.
Desconsolado, constato
Que estou mais para receber
Que para dar...
Qual a razão?
Ela está no facto
Das rosas que amei
Terem murchado...
Mas grato te bendigo,
Quando contigo
Passo do meu inverno gelado
À Primavera em que te encontrei!
SOFRIMENTO OCULTO
Quando acabar,
Hei-de voltar
Rápido
E aperceber-me onde falhei.
Agora, obtusa a inteligência,
Já só entendo a premência
Em não continuar
Quixotescamente!
Em asmática ânsia
No sofrimento,
Obrigo-me a encobrir
O meu tormento,
Por este desencontro
Com o mundo,
No sorriso que vês
Quando te encontro...
Ernesto Leandro
Abre os braços e agarra
O que te dou
Sem a urgência
De dádivas passadas.
É do poeta que, cansado,
Descansou
De longas caminhadas...
Levantei-me para começar
Um novo poema,
Mas em vão.
Desconsolado, constato
Que estou mais para receber
Que para dar...
Qual a razão?
Ela está no facto
Das rosas que amei
Terem murchado...
Mas grato te bendigo,
Quando contigo
Passo do meu inverno gelado
À Primavera em que te encontrei!
SOFRIMENTO OCULTO
Quando acabar,
Hei-de voltar
Rápido
E aperceber-me onde falhei.
Agora, obtusa a inteligência,
Já só entendo a premência
Em não continuar
Quixotescamente!
Em asmática ânsia
No sofrimento,
Obrigo-me a encobrir
O meu tormento,
Por este desencontro
Com o mundo,
No sorriso que vês
Quando te encontro...
Ernesto Leandro
12 Comentários:
Às 26 de abril de 2010 às 21:34 , Paixão Lima disse...
Irmão Ernesto (o desencantado),
Dádiva mútua é o dar e o receber. «Das rosas que amei terem murchado...». Quando o amor é verdadeiro, as rosas nunca murcham. Pensas que não amas e que as rosas murcharam. Só isso...
Sofrimento oculto.
Não finjas, Irmão! Não provoques o sorriso. Se te custa ocultar o sofrimento, então chora Ernesto, que só os homens choram e chorar faz bem. E então, chorar de amor...
Como são dois lindos Poemas, embora doloridos, tens direito a dois abraços.
Recebe-os lá, que não recebes grande coisa.
Do mau António, o péssimo, o teu irmão.
Às 27 de abril de 2010 às 11:07 , Anónimo disse...
Irmão António.
"Com a sala vazia", como escreveste há tempos, venho agradecer o teu comentário. O que eu quis transmitir nos meus poemas não foi interpretado, em parte, por ti. Mas daí não vem mal ao mundo.
A amizade verdadeira sobreleva a subjectividade poética. E eu sinto-me honrado
e faço questão em retribui-la ainda com mais força. Como vês, tu é que és o meu "enlevo"...
Aquele abraço de sempre.
Ernesto Leandro
Às 27 de abril de 2010 às 12:52 , Anónimo disse...
André Moa, irmão
No ciclo anterior, o último comentário era teu.
Pensava eu que a obra asseada do blog fosse uma solidariedade partilhada e não um cumprimento do dever. Mas haveremos de ter oportunidade de falar sobre isso, irmão.
Um grande abraço de muita amizade e consideração.
Ernesto Leandro
Às 27 de abril de 2010 às 14:59 , Maria disse...
Lindos, tão lindos os poemas, Ernesto. Comoveu-me, encantou-me, preocupou-me. Que desencanto é esse, amigo? Pelo menos, fez com que escrevesse dois belos poemas. Já foi alguma coisa.
Força e beijinhos
Maria
Às 27 de abril de 2010 às 16:13 , Andre Moa disse...
Pensavas tu, caro irmão Ernesto,que a obra asseada do blog fosse uma solidariedade partilhada e não um cumprimento do dever. E pensavas bem. Nada neste blogue se pode confundir com o cumprimento de uma imposição, mas sim como um rasgo expontâneo de solidariedade, partilhada, evidentemente, pois que só a solidariedade partilhada será uma autêntica e verdadeira solidariedade. A meu ver, a solidariedade implica deveres muito mais irrecusáveis, porque mais nobres e mais livremente satisfeitos, do que qualquer lei ou regulamento. Dever cumprido não como qualquer coisa feita porque a isso estamos compelidos, mas porque para isso nos sentimos gostosa e livremente impulsionados, impelidos. Será caso para dizer: solidariedade a quanto obrigas. A solidariedade nada impõe, tudo sugere. E dar à luz dois poemas intimistas como os teus e expô-los à luz do dia para regalo dos leitores, fazer e mostrar obra asseada deve-nos deixar não vaidosos mas envaidecidos pelo dever cumprido de partilhar a nossa arte, em solidariedade para com todos e por amor à arte, à beleza, à verdade.
Um abração, irmão.
André Moa
Às 27 de abril de 2010 às 16:25 , Paixão Lima disse...
Querida Maria,
Sabe que o seu comentário aos poemas do meu Irmão, me sensibilizou?! Fiquei até, com uma lagriminha no canto dos olhos. Fiquei mesmo tonto, o que não admira.
«Comoveu-me, encantou-me, preocupou-me».
A Maria é real, ou é a Maria com quem se sonha, porque não existe?! Uma Maria assim, é uma jóia rara. Uma bela e linda alma de mulher, toda sensibilidade, toda ternura.
Apareça mais vezes Maria, porque o subtil perfume dos seus comentários, é necessário no salão do Moa.
Beijinho para si, Maria.
Às 27 de abril de 2010 às 18:36 , Bichodeconta disse...
Bem, de volta por aqui, fico feliz por saber que estão escrevendo, comentando, se contactando , e isso é de facto o que importa. A amizade e o amor são imperativo numero um para que possamos vever nesta selva.. Deixo um abraço , onde enlaço todos e cada um, e deixo a promessa de voltar rápido..Gosto de vosler..E gosto de saber de ti Moa amigo, gente amiga.. Abreijos, Ell
Às 27 de abril de 2010 às 19:30 , Andre Moa disse...
Cara Bichodeconta, que bom ver-te por estas paragens. Isto entre irmões, é como os limões: sempre que se espreme, sempre deita qualquer sumo. e com água, então, faz cá uma limonada! E é bom para a tosse. Não te rales com isso, que nós também não. E já estamos habituados e calejados.Discussões à parte, sempre irmãos como os que o são.
Abreijos,
André Moa
Às 27 de abril de 2010 às 19:45 , Laura disse...
Ai, e ando eu a suspirar por quem escreva assim por mim e...o Ernesto deita palavras ao vento que nós captamos toda a sua essência!...
Belissimo Ernesto, quando pensamos que a pena não desliza no papel, o pensamento cavalga num tropel desenfreado e saem palavras almejadas, palavras presas na alma que não podem nem devem ser guardadas...
Aquele abraço apertadinho..
Ai porque não encontro o meu poeta, ai porque os poetas são cegos e vesgos também (assim como eu ehhhhhh)nada de ler noutro sentido é sme maldade...vá lá..laura
Às 27 de abril de 2010 às 20:22 , DAD disse...
Olá querido Ernesto!
Como sempre poemas que fazem aflorar as lágrimas aos olhos.
Muitooooooooooooobelo!!!!!!!!!!
Bjinhos,
Às 28 de abril de 2010 às 16:00 , Anónimo disse...
Queridas Amigas, caros Amigos-
A mudança de ciclo está por horas e eu corro a penitenciar-me por estes abortos de poemas que leram. Mesmo assim, a vossa habitual generosidade deixou-me sem palavras e envergonhado. Bem-hajam, amigas e amigos. Até à próxima. Até lá, tudo de bom para todos.
Abeijos.
Ernesto Leandro
Às 28 de abril de 2010 às 17:46 , Laura disse...
Ernesto; nem digas tal..que abortos?
ah, não, não são abortos os teus poemas são uma sinfonia de palavras que nos chegam ao coração!
Continua, escrever ajuda a mente a reequilibrar a sabedoria de por no papel sentimentos profundos, libertas a alma,adoças o coração e sentes a vida fluir...
Aquele abraço da laura
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