SEJAM MUITO BEM VINDOS A ESTE BLOG!--------ENA!-- TANTOS LEITORES DO MEU BLOG QUASE DIÁRIO! ---ESTA FOTO É UMA VISTA AÉREA DA MINHA TERRA,-TABUAÇO! UM ABRAÇO PARA CADA UM DE VÓS! -ANDRÉ MOA-

quarta-feira, 28 de abril de 2010

UMA VIDA EM VERSOS

Pedro Miguel e Susana ao colo do tio e padrinho na parte alta do jardim de Angra do Heroísmo atrás da estátua chamada "OPreto"


AOS SETENTA só SESSENTA DE POESIA
ANTOLOGIA DE UM DESCONHECIDO
POEMACÃO (continuação)


TINTA PRETA

- MAMÃ,
Porque será que os meninos
Dos jornais
Têm caras tão branquinhas?
- É da tinta.
C O M E
- mas a tinta dos jornais é preta!
Não será
F O M E?
- Isso não é
Da minha nem da tua conta
- Mas o papá…
- Cala-te e
C O M E
C O M E F O M E C O M E

AMOR COM AMOR SE PAGA
ÓDIO TAMBÉM
riquíssimo amante
de cães e felinos
enxota para longe
da porta os meninos
a quem falta o pão
apenas porque
são filhos de quem
o dito é patrão


CRIME CONSUMADO
NUM «JARDIM À BEIRA-MAR PLANTADO»
linda coisa a instrução
para o filho do patrão

linda coisa a habitação
para o filho do patrão

linda coisa a carne o leite o pão
para o cão o filho e o gato do patrão

linda coisa o ensino da prisão
para o servo do patrão
linda coisa a morte prematura
para aqueles que ao patrão
bom futuro assegura

PREVIDÊNCIA
ai pré
vidência
da previdência

ai caixa
ai baixa

quem paga a taxa?

ai fé
no pré
da morte em pé

caixa
caixão
previdência não
[1]

FUI À FONTE COLHER ROSAS
Interesses senhoriais
Decretaram
o meu fuzilamento
quando ousei
ir à fonte colher rosas
que morriam
de sede e pediam
socorro à fonte
encravada
em interesses senhoriais
guardados a fuzil

pobres rosas!

PORTUGAL DOS PEQUENINOS
pés-lama
peito-osso
doenças sem cama
crianças só barriga
ranho e pescoço
velhos em corpo moço
povo esquecido
ignorado
povo envilecido
explorado
inculto
analfabeto e bruto
povo curvado
a tomar de assalto
a rica Europa
a fugir do país
a salto
povo servil
obediente
romeiro impenitente
permanentemente ajoelhado
junto ao altar
em frente de algum santo no andor
um povo embrutecido
açaimado
por um mitómano
insolente
canhestro
Impertinente
colégio clerical
um misógino cardeal
um megalómano ditador

CARTAZ TURÍSTICO
há sempre um portugal desconhecido
o sol brilha
brilha
brilha
do minho a timor
descubram o algarve
esse primor
praias morenas
moiras encantadas
amendoeiras em flor
gente
valente e dócil
alegre
sorridente
hospitaleira
digna descendente
do nobre povo marinheiro
e navegador
terra de heróis
e de santos
terra de mil encantos
de mil cores
terra de santa maria
altar do mundo
cova da iria
povo eleito
povo honrado e de respeito
povo risonho e feliz
realizado satisfeito
povo que deu
novos mundos ao mundo
e fez seu
onde morreu
o mar profundo

[1] Este poema foi escrito, quando eu, de Previdência, apenas conhecia a espuma, o perceptível à vista desarmada., o mal que dela emanava e era comentado, as filas intermináveis de mães inquietas e filhos rabugentos, desde as primeiras horas da madrugada, à espera de uma incerta e apressada consulta.
Ironia do destino, em 1976, depois de ter sido convidado para o cargo de Presidente de uma Caixa de Previdência, que, obviamente, recusei, ingressei no Sistema de Previdência como técnico superior, donde transitei para o Sistema de Segurança Social, no qual, mantendo o lugar no quadro de técnico superior que percorri de lés-a-lés, cheguei a exercer cargos cimeiros como dirigente. Sempre sustentei e continuo a sustentar que ainda não se encontra implantado o Sistema de Segurança Social criado na Lei Fundamental do país, na Constituição de 1976. Continuamos num sistema híbrido cujos alicerces continuam a ser o do Sistema de Previdência, fundado essencialmente no chamado seguro social que de seguro tem pouco e de social ainda menos. Ninguém me quis ouvir, agora também já começa a ser tarde (até porque já estou aposentado) para continuar a terçar armas a favor da minha querida dama: a Segurança Social constitucionalmente prevista. Bastará ler a constituição como eu a leio. Com olhos sociais. Dela retirando as devidas ilações, com vontade de implantar finalmente o Sistema de Segurança, efectivamente social.

8 Comentários:

  • Às 28 de abril de 2010 às 23:21 , Anonymous Anónimo disse...

    Amigo André!

    Como sempre a tua poesia é única, tem a tua linguagem, a tua coragem e a tua força.E possui um sentimento de revolta por algumas injustiças e desigualdades.
    Vivemos num mundo muito pequeno, e para fazer prova deixo um pequeno relato do meu dia de trabalho:
    Estive ás voltas com um trabalho relacionado com a declaração de IRS de uma cliente anualmente assídua, de nome MARIA CLARA SILVA, tua conterrânea de Tabuaço, esteve em Angola ao mesmo tempo que a tua familia, e foi tua colega na Universidade de Lisboa, acho eu!..
    O apelido Silva é do marido, mas o apelido da familia de Tabuaço é "Tojal". Pediu para te enviar cumprimentos e deseja-te as melhoras.
    Dei-lhe o link do teu blog, provavelmente vai visitar-te.

    Um beijo da L&L e companhia

     
  • Às 29 de abril de 2010 às 00:40 , Blogger Kim disse...

    Pois é amigo André. É de alguém que assim pense que precisávamos agora para resolver esta praga da (In)Segurança Social.
    Não estou a ver isto a acabar bem.
    Um grande abraço amigo mais rijo que o aço de Tábua(ço)

     
  • Às 29 de abril de 2010 às 00:56 , Blogger Paixão Lima disse...

    Meu caro André Moa,
    Também és o poeta dos fracos e dos oprimidos. Tocas o clarim da revolta. Mas o som não se ouve nesta sociedade de surdos. Mas há que tocar até cansar. Descansamos e depois voltamos a tocar com mais violência. Para protestar contra a injustiça num mundo sem ela. No Portugal dos pequeninos, os pequeninos não contam. Portugal é um país para ver e não para se viver. O turista sente-se bem, mas o nativo não. A Previdência é a imprevidência que tão bem conheces.
    Um abraço Irmão Moa, o inconformado.

     
  • Às 29 de abril de 2010 às 10:05 , Blogger Andre Moa disse...

    Cara L&L,
    Deste-me uma grande alegria logo pela manhã. Há anos que não vejo a minha queridíssima amiga Maria Clara! Mas a amizade, essa, manteve-se intacta. Quando a vires, dá-lhe um grande Xi Coração cá do rapaz.
    Caro Kim,
    e dizem que a história não se repete! Se os homens se propagam e se repetem as mesmas asneiras...
    A prever isto e por querer assegurar a Segurança Social consignada para todos na Constituição, é que me dei ao trabalho de propor uma outra forma de garantir a distribuição e o próprio financiamento da Seg. Social, quando uma comissão preparou o livro verde e depois o livro branco sobre o assunto. Não me deram ouvidos. Eles lá sabem porquê.O pior é quem depende da Segurança Social e agora vê em perigo os míseros euros por que esperava na devida altura em que deles mais carece - doença, desemprego, invalidez, velhice.
    Caro Paixão. Apaixonei-me em novo pelo povo e assim hei-de morrer, a lutar pelos pobres e oprimidos. é isto que me faz sentir um humanista cristão. Cristão na vertente social e não na vertente celestial, do além, de vidas fictícias em que não acredito, como sabes.
    Abreijos
    André Moa

     
  • Às 30 de abril de 2010 às 10:34 , Anonymous DAD disse...

    Pois tudo o que escreveste é verdade! Cada vez este sistema está mais complicado. É pena que não haja gente decente e com amor ao próximo suficiente para bater o pé e pôr em vigor o sistema sonhado por uma democracia que, por enquanto, ainda não existiu, na sua totalidade.
    Beijinho grande,

     
  • Às 30 de abril de 2010 às 10:46 , Blogger Maria disse...

    Querido André
    Viste com a habitual clareza, em verso e prosa, a situação vergonhosa em que estamos. Previdência e Segurança Social, o que é isso?
    A saúde é a desgraça que vemos, as reformas uma vergonha, na sua maior parte. Nem falo por mim. Da saúde tratam médicos bem pagos e a reforma do João vai dando. Mas vejo os outros.
    Enquanto uns comem caviar, outros comem codeas de pão amolecidas com lágrimas.
    Como te sentes, meu amigo?
    Beijinhos
    Maria

     
  • Às 30 de abril de 2010 às 12:24 , Blogger Laura disse...

    Em ânsias pela Tese da Neide que se aproxima...e quase diria que tão nervosa como ela...já lhe disse que não deve temer, não a vão comer e nem lhe vão gritar e a ajuda virá da cabeça dela...pois bem batalhou...
    Não quis deixar de comentar já que me atrasei e bastante...

    pese a quem pese, jamais haverá neste mundo a igualdade Social, porque os homens aind anão pensam como tu, logo, cada um puxa para si...soube agora de beneficios que dão mas, muito escondidinho...disse-me alguém; eles não querem que se saiba senão vai tudo prá li..as pessoas ignoram e nem sabem de beneficios escondidos...mas vou testar por mim e sabendo, deixa estar..conheço quem precise tanto e de nada sabem...

    Como sempre poetas sobre o povo e para a defesa do povo..logo és um amor de rapaz meu querido Moa,sempre preocupado com o próximo...
    Aquele abraço apertadinho e não vou esuqecer que muitos de vós estareis connosco hoje de tarde...
    laura

     
  • Às 30 de abril de 2010 às 19:47 , Anonymous Anónimo disse...

    André Moa, cisne dourado, meu irmão. A preto e verde, estaremos sempre, mas sempre, com os mais pobres e mais fracos "ad infinitum".
    Ernesto Leandro

     

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Que cantan los poetas andaluces de ahora...