CICLO REFLEXÃO
LOUCA CAVALGADA
Anda, meu amor,
Percorrer o mundo em cavalgada louca,
Descobrir o encanto do momento,
Trepar ao alto da montanha
E ver o invisível,
Sentir o toque de beleza
Em nossas almas enlaçadas
E em nossos corações em união,
Para além de tudo, para além da morte,
Porque só morre o que é mortal
E o nosso amor não é mortal.
Anda, meu amor,
Sentir a brisa afagar os nossos rostos
Como mão de mãe a acariciar os filhos,
Ouvir o murmurar que ninguém ouve
E o cântico dos que não sabem cantar.
Anda, meu amor,
Vamos caminhar, sorrir e gargalhar
Sempre juntos.
Afogar a dor de todo o Mundo
Dos atormentados e dos aflitos,
Com o nosso amor imenso
Como bálsamo infinito.
Vamos correr juntos,
Correr sempre.
Anda, meu amor.
PAIXÃO LIMA
Quem te disse que o amor
Afoga do mundo a dor
E abafa qualquer grito?
Quem te convida a correr
E te acena, se doer,
Com um bálsamo infinito?
Quem te dá cabo dos untos,
Te convida a correr juntos
Sempre, sempre, sem parar?
Quem te diz que és imortal,
Te livra de todo o mal
E passa a vida a cantar?
Quem te disse para voar,
Loucamente cavalgar
Por mundos que nunca vi,
Trepar montes no inverno,
Descer ao vale do inferno?
Foi a paixão? Logo vi!
Cuidado com o que ela diz!
Ninguém pode ser feliz
Toda a vida sem revezes.
E não será ilusão
Unir alma e coração,
Como se fossem siameses?
A paixão é labareda.
Queima a vida que nem meda
De palha em pleno Verão.
Se quiseres fugir da dor,
Não te queimes, meu amor,
Na fogueira da paixão.
André Moa
BOLETIM DE SAÚDE
Fiz na segunda-feira novas análises ao sangue e à urina. Levantei-as ontem e fui mostrá-las ao oncologista. O maroto do marcador antigénio carcinoembrionário (CEA) não pára de trepar. Desta vez deu um salto de cavalo. De 34 e pouco subiu para 49,39 ug/L. Apesar disso, por me sentir bem e os demais parâmetros se situarem dentro ou próximos da normalidade, e atendendo ao período de férias que não tarda, continuarei entregue a mim próprio e aos tratamentos naturistas que pretendo continuar a seguir, até Setembro. Então se verá. Espero que até lá o organismo reaja e supere a teimosia do senhor cancro, para que me possa proclamar o vencedor da guerra que travamos leal e afincadamente há quatro anos.
Anda, meu amor,
Percorrer o mundo em cavalgada louca,
Descobrir o encanto do momento,
Trepar ao alto da montanha
E ver o invisível,
Sentir o toque de beleza
Em nossas almas enlaçadas
E em nossos corações em união,
Para além de tudo, para além da morte,
Porque só morre o que é mortal
E o nosso amor não é mortal.
Anda, meu amor,
Sentir a brisa afagar os nossos rostos
Como mão de mãe a acariciar os filhos,
Ouvir o murmurar que ninguém ouve
E o cântico dos que não sabem cantar.
Anda, meu amor,
Vamos caminhar, sorrir e gargalhar
Sempre juntos.
Afogar a dor de todo o Mundo
Dos atormentados e dos aflitos,
Com o nosso amor imenso
Como bálsamo infinito.
Vamos correr juntos,
Correr sempre.
Anda, meu amor.
PAIXÃO LIMA
Quem te disse que o amor
Afoga do mundo a dor
E abafa qualquer grito?
Quem te convida a correr
E te acena, se doer,
Com um bálsamo infinito?
Quem te dá cabo dos untos,
Te convida a correr juntos
Sempre, sempre, sem parar?
Quem te diz que és imortal,
Te livra de todo o mal
E passa a vida a cantar?
Quem te disse para voar,
Loucamente cavalgar
Por mundos que nunca vi,
Trepar montes no inverno,
Descer ao vale do inferno?
Foi a paixão? Logo vi!
Cuidado com o que ela diz!
Ninguém pode ser feliz
Toda a vida sem revezes.
E não será ilusão
Unir alma e coração,
Como se fossem siameses?
A paixão é labareda.
Queima a vida que nem meda
De palha em pleno Verão.
Se quiseres fugir da dor,
Não te queimes, meu amor,
Na fogueira da paixão.
André Moa
BOLETIM DE SAÚDE
Fiz na segunda-feira novas análises ao sangue e à urina. Levantei-as ontem e fui mostrá-las ao oncologista. O maroto do marcador antigénio carcinoembrionário (CEA) não pára de trepar. Desta vez deu um salto de cavalo. De 34 e pouco subiu para 49,39 ug/L. Apesar disso, por me sentir bem e os demais parâmetros se situarem dentro ou próximos da normalidade, e atendendo ao período de férias que não tarda, continuarei entregue a mim próprio e aos tratamentos naturistas que pretendo continuar a seguir, até Setembro. Então se verá. Espero que até lá o organismo reaja e supere a teimosia do senhor cancro, para que me possa proclamar o vencedor da guerra que travamos leal e afincadamente há quatro anos.
André Moa
Apontamentos anticancro 9
«Quando soube que tinha um tumor no cérebro, descobri, da noite para o dia, um mundo que me parecia familiar, mas que, na realidade, eu conhecia muito mal – o mundo do paciente. Despojado dos meus atributos profissionais, passei a pertencer à “classe” dos simples pacientes. Senti o chão a fugir-me debaixo dos pés. Entrei num mundo incolor: um mundo em que as pessoas não tinham qualificações, nem profissão. Um mundo no qual ninguém estava interessado naquilo que fazemos na vida ou naquilo que nos possa passar pela cabeça. Muitas vezes, a única coisa que temos interessante é a última radiografia que fizemos. Apercebi-me de que a maior parte dos meus médicos não sabia tratar-me como paciente e colega simultaneamente. De repente, tive a sensação de que havia um “clube dos vivos” e eu era informado de que não era membro. Comecei a ter receio de pertencer a uma categoria à parte, uma categoria de pessoas definidas essencialmente pela sua doença. Tive medo de me tornar invisível. Medo de deixar de existir antes de morrer. Mesmo que eu estivesse às portas da morte, queria viver plenamente até ao fim. Fiquei consternado. A maioria das pessoas parecia achar que quem está gravemente doente não pode dar uma boa gargalhada. A partir desse dia, e para o resto da minha vida, eu carregaria o estigma de uma pessoa condenada a morrer».
Do livro «Anticancro – um novo estilo de vida» de David Servan-Schreiber.
Comentário – E como tudo isto é verdade, vistas as coisas pelo prisma do paciente!
André Moa
André Moa
11 Comentários:
Às 28 de maio de 2010 às 22:40 , Kim disse...
Também David Servan-Schreiber veceu quem tu irás vencer.
O prisma do paciente é sempre aquele que ninguém entende enquanto lhe não estiver na pele.
Enquanto te vir na plenitude do possível vou tentar ignorar a cavalgada do crustáceo.
Grande abraço amigo André
Às 29 de maio de 2010 às 00:43 , Branca disse...
Olá André,
Belíssimos versos e belíssimos textos.
O André é um paciente que há muito aprendeu a viver para além da doença e a ignorá-la tanto quanto possível.
Tenho um amiga e colega de trabalho que recebeu há dias um diagnóstico parecido com o teu e por acaso nessa semana tinhamos um jantar de despedida de alguém que se aposentou, pois ela foi a que mais se riu e a que mais anedotas contou.
Mas, tal como diz o Dr. Servan-Schreiber há alguma preversidade nas pessoas e até em alguns doentes na mesma situação.
Alguém que passou por isso, dizia-me com alguma razão que as pessoas mesmo que inconscientemente são más, há um certo sadismo na mentalidade que nos rodeia, por isso nunca o contou a ninguém, mesmo agora passados já uns anos e já com alta.
Lembro-me que há 13 anos depois de ter tido um acidente de viação numas férias de Páscoa, a maior parte das pessoas que me encontravam na rua de canadianas devido à fractura de um fémur, quase nunca me diziam que ia passar depressa ou que hoje em dia se recupera bem e já não é assim tão grave, quase todos me apresentaram panoramas fantasmagóricos de outros casos, alguns ocorridos nas mesmas férias, até me "consolaram" com outro caso cá da terra de alguém que nas mesmas circunstâncias tinha ficado sem um braço na semana anterior.
Ainda agoniada com o choque, vinha sempre mais agoniada da rua com estas conversas.
Há uma enorme falta de sensibilidae nas pessoas para aceitar tudo que é diferente, quer seja grupos minoritários, quer seja a doença.
E não é fácil mudar essa mentalidade,é para além de uma questão de formação, uma questão mesmo e só de sensibilidade, que vem do berço.
Pois, aguenta-te André, que como diz o Quim não queremos saber do crustáceo, queremos é aproveitar a vida ela mesma assim cheia de tudo e de muita amizade.
Beijinhos
Branca
Às 29 de maio de 2010 às 00:49 , Branca disse...
Ah, esqueci-me de dizer que vejo que és um apreciador de Dali, também eu gosto muito desta forma como ele recriava Gala em muitas das suas obras, até por isso esta pintura está muito bem enquadrada nos poemas de amor que nos trouxeste.
Beijinhos
Branca
Branca
Às 29 de maio de 2010 às 09:17 , Maria disse...
Querido André
O raio do bicharoco nunca mais baixa as armas? Ainda não percebeu que encontrou alguém mais forte do que ele. Além de teimoso é estúpido.
Os versos são lindos como sempre.
A luta vai ter que continuar. Força meu amigo.
Beijinhos para a Teresinha, Susana e para o campeão pequenino. Para o Herói grande um monte de Abreijos
Maria
Às 29 de maio de 2010 às 22:17 , Laura disse...
Pra onde meu amor
respondo eu ao Paixão
cavalgar sem cavalo
sem montanhas e sem perdão!
Sentir a brisa afagar nosso rosto
afagar o sol posto
montados em belos cavlos
e em loucas cavalgadas
percorrer o infinito!...
Bom, é lindo e eu estou sem inspiração essa é que é essa...
Beijinho da laura
Às 29 de maio de 2010 às 22:20 , Laura disse...
Moa, raisparta esse bicho que ainda não sabemos bem como dar cabo dele e por mais que queiramos, o desgraçado não arreda pé!
Um dia fazemos-lhe uma espera e o desgraçado acabará por esticar o pernil, palavra dos teus amigos todos...que somos muitos e fortes, decididos a escorraçar o bicho de qualquer maneira.
Claro que paciente é um lugar inferior para os ditos médicos e só quando no nosso lugar de doentes é que aprendem algo nesta vida..como o respeito, a ternura e o carinho e acima de tudo tentar curar a doença dê lá por onde der...
Vá lá, há-des conseguir e daqui a nada tornaremos a juntar-nos e dirás...filho da mãe, custou mas...foi de vez...
Abraço apertadinho, nem parece que estivemos juntos há dias, passou tão rápido ehhhhhh, não foi? laura
Às 30 de maio de 2010 às 00:16 , Andre Moa disse...
Grande abraço, amigo Kim. Mais palavras para quê? Bem hajas.
Cara Banca, apetecia-me dizer o mesmo para ti. Tu, desde o início que tens o condão de me encher a alma e aquecer o coração. As tuas palavras são um bálsamo tão suave e doce! Bem hajas. A loucura surrealista de Dali retrata-me muito bem. Gosto muito da sua pintura. Gosto muito do surrealismo em geral, de que ele é o expoente máximo, no meu fraco entender.
Querida Maria, tu és outra que tal.Cada palavra tua é um refrigério para quem, como eu, pretende fugir a sete pés e por muitos anos do cemitério. Macabro? Não. realista. Nada me impressiona, por isso trato de tudo com uma naturalidade e objectividade para muitos arripiantes. Para mim, não. Bem hajas, também tu, alma tão querida e tão terna.
E a ti, Laurinha, que terei ainda para te dizer que tu já não tenhas ouvido mil e uma vezes? Resumindo: bem hajam todos:
Abreijos:
ANDRÈ Moa
Às 30 de maio de 2010 às 10:00 , Laura disse...
Ahhh, aqui estou com uma luva na mão esquerda, ando nas lixivites dos wc...quando saio para fora de casa é o descalabro, embora eu saiba que quando regresso tenho tarefas a dobrar, não me rala nada, hoje, de vassoura na mão, a de varrer sim, mergulhada em lixívia com detergente, bora lá, azulejos, chão loiças sanitárias e vai tudo ao molho e fé em deus...que quem a vir pensa que foi esfregadinha centimetro a centimetro...ahhh já me deixei disso há muito, agora é de vassoura e só de longe a longe..tenho mais que fazer, aprendi que não se justifica ser escrava da casa, vá lá...no fim fica num brinquinho...e vim aqui espreitar..não resisti, ahhhhhhh, tuo o que já me disseste e eu a ti, chega para encher livros e corações..tá dito.
Isso mesmo Moa, a gente luta com as armas que tem, as da mente, da força e da coragem e o resto é treta... Força nós vamos conseguir porque tu já fazes parte de mim, logo, parte dos amigos que te amam...olha a camisola do Kim ehhh mal sabia ele que faria jeito a ti quando a pôs no carro... até o Kim é capaz de dizer que te ama..viste, viste!...
Bom, estou a fazer lulas estufadas com batatinhas cozidas, deixo o manel a paapr sozinho e levo almoço para mim e dona elisa que é a senhora minha mãe, para não se sentir só agora que não tem a neta aqui, mas que lhe telefona pelo skipe... És servido?
beijinho a ti ser que eu amo tanto.. laura e não, não precisas de dizer mais nada a mim...dizemos mais logo pla janelita..laura
Às 30 de maio de 2010 às 10:05 , Laura disse...
Nina Branquinhamar, aqui a je sabe o que é a dor de ouvir o povo falar e deitar-nos abaixo...telefonarem-lhe para casa as pseudo amigas, quando fui operada ao tumor e dizer aos filhos em jeito de que vim para casa para morrer...tal e qal, se vim para casa da primeira operação que o médico entendeu ser um processo melhor para mim e para ele...uma nova forma de operar tumores como o meu meningioma...e passados 8 dias voltei antes passei mais 8 a recuperar da operação, claro, no hospital... Imaginas o que isso fez aos meus filhos? vá lá... e a Neide a sofrer tanto por ter de ir para Paris... mal tive visitas, sempre com as visitas dos vizinhos de cama... mas não me ralei, qui estou eu a derrear saúde ...enfim, o povo é burro quando não tem sensibilidade, mas a vez de todos chegará...
Assim, para todos os que sofrem neste momento de tudo o que a vida nos trás, Haja Fé e força no pensamento positivo e o resto são tretas de gente de meia leca de cérebro...
Adoro-te ó nina Brancamar.. laura
Às 30 de maio de 2010 às 12:02 , Paixão Lima disse...
Vamos cavalgar juntos, Laura,
No cavalo dos sonhos e das ilusões,
Numa cavalgada sem parar
No bater louco em nossos corações.
Que se vão perder de tanto amar.
Um grande beijo ao Amor de Laura.
Às 3 de junho de 2010 às 21:23 , Bichodeconta disse...
Como pode esse bicho crescer assim? Creio que os médicos tomam as medidas mais acertivas de forma a dar segurança ao paciente, mas.... Setembro é ali ao virar da esquina, e quero abraçar-te forte, não até partir osso, não, mas até sentir o pulsar desse coração gigante.. Eu não consigo dizer o que não sinto..Essa força deixa-me diminuta ao teu lado, ao lado dos que como tu enfrentam esse monstro..Eu sei meu querido Moa, não vás querer que diga monstro, mas fica então aquilo que se queira.. A tua força é um exemplo.. Abreijos, Mel
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