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terça-feira, 1 de junho de 2010

CICLO PAIXÃO








BELO EU, BELA A PAISAGEM


O sol ardente castiga o pecador.
Sinto-me castigado.
Para aliviar os pés
Que o calor maltrata,
Descalço-me e entro na água
De calças arregaçadas.
A corrente murmura inquieta,
Desconsolada,
Por se sentir obrigada a correr
Sem o querer.
A água beija ternamente
Os meus pés nus.
Miríades de peixes infantis,
De poucos centímetros,
Formam nuvem
À volta das minhas pernas.
Dão-me turrinhas acariciantes
Como beijos de amor.
Ao movimentar-me,
A nuvem de coisinhas vivas
Persegue-me.
E teima em enlaçar as minhas pernas
Como se de um abraço se tratasse.
Vejo-me no meio do rio a observar
Uma pequena cobra d'água, que pára
A centímetros das minhas pernas.
Parece reflectir: peixe ou perna?
De repente, decide-se.
Nem uma coisa nem outra.
Afasta-se lentamente
Sem deixar de observar-me.
Estou subitamente aliviado.
A cólera reprimida
Que me acompanha sempre,
Abandona-me neste momento
E sinto-me pacificado e menos pecador.
A dor que carrego em meus ombros
É mais leve e menos torturante.
Imóvel no meio do rio,
Para não perturbar os meus companheiros de folguedos,
Assemelho-me a uma rocha,
Ali colocada há décadas.
Tudo à minha volta é harmonioso, simples e compreensível.
Sinto que faço parte do ambiente e da paisagem.
E como a paisagem é bela, também me sinto belo.
A minha mão submersa é sala de estar dos pequenos amiguinhos
Que passeiam, confiantes,
Por entre os meus dedos imóveis.
Sinto-me mais acompanhado.
A Mãe Natureza acolhe-me em seus braços
Que ternamente me envolvem com amor.
E dentro do possível a um ser humano
Sinto-me feliz e abençoado.
Por quem? Não sei.
Paixão Lima

Apontamentos anticancro 11
«No seu livro sobre o poder transformador da morte iminente, Irvin Yalom, um prestigiado psiquiatra da Universidade de Standford, cita uma carta escrita por um senador nos anos 60, pouco depois de este saber que sofria de um cancro gravíssimo: “Deu-se uma mudança em mim, que creio que seja irreversível. O prestígio, o sucesso político e o estatuto financeiro perderam instantaneamente a sua importância. Em vez disso, passei a apreciar melhor certas coisas, tais como almoçar com um amigo, a companhia da minha mulher, ler um livro ou uma revista… Pela primeira vez, acho que estou, de facto, a saborear a vida. Apercebo-me, finalmente, de que não sou imortal. Estremeço ao lembrar-me de todas as oportunidades que perdi – mesmo quando estava de boa saúde – por questões de falso orgulho, valores artificiais e supostas afrontas”.
Assim, a proximidade da morte pode, por vezes, levar a uma espécie de libertação. Na sua sombra, a vida assume repentinamente uma intensidade, uma sonoridade e um sabor que talvez nunca lhe tivéssemos conhecido. É claro que, chegado o momento, sentimos o desespero de partir, como se nos despedíssemos de uma pessoa sabendo que não voltaremos a vê-la. Quase todos nós receamos esta tristeza. Mas, no final, não será pior partir sem ter desfrutado de todo o sabor da vida? Não será muito pior não ter motivos para estar triste no momento da partida?»
Do livro «Anticancro – um novo estilo de vida» de David Servan-Schreiber.

3 Comentários:

  • Às 2 de junho de 2010 às 00:34 , Blogger Laura disse...

    A vida e a morte de mãos dadas. Sabemos que é essa a finalidade neste mundo. Queremos pensar que os outros é que vão indo, pelo menos é isso que vamos vendo, mas...a nossa hora chegará num dia qualquer, mas para nós será sem dúvida uma agonia...Senti-o, embora apenas por alguns momentos, depois da operação á cabeça... pensei, e porque não eu? e que faço aqui neste mundo tão falso, tão vil, mentiroso...ah, apenas os filhos me levavam a querer lutar, mas, dentro de mim sentia que ainda não seria dessa vez, estamos aqui, vamos vivendo, vamos indo, e tu sabes Moa, sabes e bem, que eu acredito que estaremos juntos do outro lado...o primeiro que lá chegar espera pelo outro num belo jardim...para nos abraçarmos e rirmos das nossas tretas pela vida...e todos os amigos irão um dia, e todos nos encontraremos nessa vida para lá da vida...Não há que temer...
    Nem precisas de mandar vir comigo ehhh apenas digo que é no que acredito...vida para lá da vida, é bom...é mais vida, mais harmonia e depois todos os nossos por perto..nada se perderá...Beijinho da laura

     
  • Às 3 de junho de 2010 às 09:28 , Blogger Laura disse...

    Rapaz da camisola amarela, biste, biste? chegaste ao Pódium... de cicla ou sem ela, continuas a ser o Bom rapaz que conheci um dia no chat na treta com o Osvaldo. e que belas recordações..Aquele apertadinho abraço da laura

     
  • Às 3 de junho de 2010 às 19:42 , Blogger Je Vois La Vie en Vert disse...

    Olá André,

    Passo rapidamente para te apoiar na tua luta contra o caranguejo e na tua persistência em tratar-te naturalmente. Havemos de festejar a derrota dele todos nós os amigos do GT com um belo bacalhau à Tábua d'Aço, cantando e dançando como todos nos gostamos ! Pelo que que vi no nosso almoço, o teu aspecto não parece dum doente ! Os valores ? Estás a confundí-los com o teu tratamento natural e eles não estão a gostar... Manda-os passear definitivamente !
    Tenho estado um pouco afastada da blogosfera por ter tido obras em casa e amanhã de madrugada, vou dar um beijinho aos meus pais e particularmente à minha mãe que festejou os seus 90 anos no Domingo. Não pude estar presente nesse dia e vou fazer-lhe a surpresa de aparecer sem me anunciar, quero dizer anunciarei-me uns minutos antes para não a assustar...
    Beijinhos amigos para toi, mon cher Moa e para toda a tua querida família.
    Verdinha

     

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