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DIÁRIO DE UM PACIENTE II

domingo, 2 de agosto de 2009




ACELGA PARA ANIMAIS

Nunca tal houvera ouvido, confesso. Acelga!?
A Maria Teresa, pelos vistos sim, tanto que comprara umas folhas dessa planta hortense da família das Quenopodiáceas. E já deram jeito.
Todos os dias, à merenda, bebo uma boa caneca de sumo de couve, de preferência galega ou portuguesa, â mistura com outros mimos da horta (cenoura, salsa, beterraba,,,), limão e meia maçã. Ontem, porém, quando foi ao frigorífico por umas folhas verdes de couve, reparou que tinham acabado. Não havia couve, mas havia umas folhas de acelga tão verdes ou mais que a de couve. E toca de as triturar na centrifugadora até largar todo o suco. E lá emborquei eu o costumado sumo verde, hoje à base de acelga.
Findo o repasto, a minha curiosidade levou-me a consultar o dicionário. Cá está ela: Acelga, s. f. (do ár. as-aselqâ). Planta hortense da família das Quenopodiáceas (Beta vulgaris, Lin., B cycla, Lin.), cuja raiz se utiliza na alimentação dos homens e as folhas na dos animais.
Li, embatoquei, enrolei, ruminei, regurgitei, mas não vomitei, sinal de que o que tomara era adequado, totalmente apropriado para este grande animal que eu sou (grande ou alto? Um metro e oitenta de altura, logo…), para este alto animal que isto escreve.
Com que então raiz para os homens e folha para os animais! Boa-vai-ela! Quantos furos estarei eu abaixo de homem? E quantos acima de cão, que é animal carnívoro e não consta que deguste nem raiz nem folha de acelga?
Um pouco agastado com o consultado Grande Dicionário da Língua Portuguesa do conceituado José Pedro Machado – Sociedade de Língua Portuguesa – dei por mim a folhear o primeiro volume do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa – que até traz bué e tudo, e valeu a pena, que fiquei com o meu ego um tanto menos esfarrapado, com a minha auto-estima menos por terra. Acelga. Planta quenopodiácea hortense, de folhas largas, semelhante à beterraba, mas de raiz mais delgada, utilizada na alimentação. Esta convém-me mais. Não distingue raiz de folha, a acelga toda ela serve para a alimentação, e não entra em discriminações zoológicas. Animal sim, mas muito homem. Animal, porque homem; homem porque animal racional, porque mamífero, da ordem dos primatas, dotado de inteligência (alguma terei) e da faculdade de linguagem. Língua e linguagem não me faltam. Posso ser um fala-barato, mas que falo, falo. E alinhavo umas palavras também. E até sei que a língua é a minha pátria. E sei que esta frase não é minha, mas do Fernando Pessoa (ou do Bernardo Soares, o que para o caso vem a dar no mesmo), palavras dele que faço muito minhas porque muito as aprecio e sinto.
Conclusão: pelos vistos posso continuar a sumariar, a sumarizar, a sumar, dito de outra e mais correcta maneira, a beber o sumarento sumo de acelga (desconfio que anda por aqui pleonasmo meio escondido com asneira de fora), sem que com isso coloque a minha reputação de homem em maus lençóis ou me caiam os parentes primatas à lama.
Quando muito correrei o risco de me tornar um quenopódio ou um espinafre, que, tal como a bendita acelga, são da família das quenopodiáceas. Isto a acreditar nos dicionários, que eu de tal família, por enquanto, só lhe conheço a textura, o sabor e a prodigiosa capacidade de muscular Popeys para gáudio das Olívias Palito deste mundo.
 
Que cantan los poetas andaluces de ahora...