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DIÁRIO DE UM PACIENTE II

sexta-feira, 26 de junho de 2009

BOA NOITE!


O tempo voa. Bastaram umas dores de costas e a necessidade de me virar um pouco para a apresentação do livro MAU TEMPO NO ANAL-DIÁRIO DE UM PACIENTE, para terem passados uns bons pares de dias, sem um post novo. Se bem que procurei visitar todos os dias o blogue e, em comentários ter procurado responder e ir dando umas informaçõezinhas, sei que não é bem a mesma coisa. Por isso me penitencio e procuro redimir-me agora.
Começo pelas boas notícias.

APRESENTAÇÃO DO LIVRO

Modéstia à parte, direi que foi um êxito. Muita gente, muitos livros vendidos, muitos aplausos, bons discursos, todo o mundo satisfeito. Fiquei feliz. Chorei e ri, como não podia deixar de ser, tive a dita de conhecer pessoalmente o Jorge Henriques, a sua mulher, e outros amigos que até aqui só conhecia da Internet. Pena foi que não pudesse dedicar-lhes um pouco mais de atenção, mas as solicitações eram seguidas e em catadupas. Revi velhos amigos que aproveitaram este evento parta me vir dar aquele velho abraço, conheci outros… Cheguei ao fim exausto, mas feliz.
O livro – MAU TEMPO NO ANAL – Diário de um Paciente – já está há uns dias à venda em tudo quanto é Fnac, Bertrand, e outras livrarias. Só não estará nas que não cumprem regularmente os compromissos com a editora. Ontem vi gente que comprou vários: para si, um, e outros para oferecer a familiares e amigos, alguns em sofrimento físico ou moral. Isso é bom. Foi para isso que aceitei a publicação e divulgação deste livro, à partida tão pessoal, tão íntimo. Ele aí está nos escaparates. Agora é só comprá-lo, lê-lo, mastigá-lo, criticá-lo, divulgá-lo. Tarefa ciclópica para todos nós que fazemos da solidariedade o pão-nosso de cada dia.
Ontem, durante a sua intervenção, o meu amigo Onésimo Teotónio Almeida, um dos prefaciadores do livro, contou uma curta anedota que não resisto a transcrever:

«Um médico para um seu doente:
- Tenho duas notícias para lhe dar: uma boa, outra má. Por qual quer que eu comece?
- Já agora, pela boa, senhor doutor.
- Então lá vai: o senhor tem apenas dois dias de vida.
- Essa é a boa? E então qual é a má?
- A má é que me esqueci de lhe dizer isso ontem.»

Eu também tenho notícias boas e notícias não digo más, mas menos boas.

Uma das boas, direi mesmo óptima, já ficou acima dita.
Outra notícia boa: Fiz a colonoscopia, não foi detectado nem um pólipo. Fui dias depois à médica de gastrenterologia que me deu os parabéns e marcou novo exame só para daqui a dois anos, embora me queira ver daqui a um ano. «Ao menos uma vez cada ano», brinquei eu.

Agora a menos boa: Fiz novas análises na passada segunda-feira. Fui hoje à consulta de oncologia. As análises indicam que o CEA – o factor cancerígeno, chamo-lhe eu à falta de melhor – deu em subir para sete e meio, quando em fins de Abril descera para o valor óptimo de dois e meio. O médico, por enquanto nada prescreveu, a não ser novas análises em finais de Agosto e nova consulta no dia um de Setembro. Até lá, passar o Verão a engordar e criar musculação, mas sempre com o credo na boca.
Expectativas preocupantes, tal como dores, são comigo. Mas nada de queixumes. Enquanto há vida há esperança. E eu quero viver sempre em esperança.
Hoje fico-me por aqui.
Daqui a dias voltarei, se calhar para postar as minhas palavras lidas na apresentação do livro e algumas fotos que hoje ainda não estão a modos de editar.
Boa noite.

Um abraço muito amigo do vosso

André Moa

terça-feira, 9 de junho de 2009

Fonte dos Namorados-Tabuaço
Moinho das Poldras – Tabuaço






QUEM ESPERA SEMPRE ALCANÇA

2009-05-31

Um pessimista é tentado a julgar que quem espera desespera. E, mais cedo ou mais tarde, acaba por morrer desesperado, depois de ter feito da vida um autêntico inferno, um desespero pegado.
Um optimista é impelido a entoar alegremente: quem espera sempre alcança. E muito provavelmente irá encarar a morte com uma certa tranquilidade, depois de ter vivido, ainda que em sofrimento e dor, com a arreigada esperança de que o dia de amanhã poderá correr melhor que o de hoje.
Eu sou um inveterado optimista.
Suspirei durante os muitos e longos meses em que tive de me submeter a um aturado e doloroso tratamento de quimioterapia e quejandos por ir respirar os puros e tonificantes ares do meu torrão natal. Pois no passado fim-de-semana tudo se concretizou, e muito melhor do que poderia prever. Em vez de um almoço, foram vários almoços e jantares e merendas com amigos do peito e em locais paradisíacos. No ‘refúgio’ do Joaquim Arranca (grande contador de histórias, diamante precioso a quem a vida não concedeu o mais adequado polimento, mas que mesmo assim brilha e risca como poucos) junto à ponte de feição medieval de Santa Leocádia, ao som do tamborilar das águas do rio Tedo e do chilrear alegre e prazenteiro de melros e estorninhos. Nos jardins suspensos das fragas do Moinho das Poldras do insuperável anfitrião, o velho e jovial amigo João Martinho, mais conhecido por João Feição ou ainda mais por João Matráculas (vá-se lá saber porquê!) amigo insubstituível e inseparável do meu tio Zé, até que este, no dealbar da idade adulta, emigrou para o Brasil, onde constituiu família e ainda vive e goza a juventude dos seus setenta e sete anos. Só o rio mudou de nome. Estamos agora na margem esquerda do rio Távora, com as águas a esgueirarem-se por entre pedras roliças que nós, deleitados, divisamos por entre o cortinado verde da folhagem de choupos, amieiros e freixos. O cantar saltitante das águas confunde-se também aqui com o trinar reconfortante e doce da passarada. Um mimo, este Moinho das Poldras que o João tão bem trata e preserva e a Rosa, esposa do João, nada e criada nestas paragens ao mesmo tempo inóspitas e deslumbrantes, de uma harmonia insuperável, feita de contrastes, cuida com visível e inigualável esmero, fazendo brotar, dos interstícios do árido fraguedo, luxuriante flora, à custa de esmero constante e de sobre ela baldear água erguida a pulso do açude da água que movimenta as mós. O João trata dos moinhos, dos muros, dos socalcos e da horta; a Rosa, da lida de casa e das flores. Ambos se mexem por entre aqueles degraus irregularíssimos de xisto cravado na escalvada e íngreme encosta como dois fogosos e irrequietos cabritos. No Tábua D’Aço para o almoço e o jantar de sábado. No Pinhão, em casa do Daniel Cardoso e da Teresa, filha do Joaquim Arranca e da Belmira, onde residem temporariamente por via da leucemia não-sei-quê crónica que assaltou a frágil Belmira a quem eu e principalmente o meu irmão procurámos ministrar injecções de boa disposição, optimismo e esperança. Um lauto almoço, regado com o melhor néctar do deus Baco que até hoje me foi dado provar. E refiro-me tanto ao tinto de mesa como ao vinho fino que é de fazer perder o tino e saboreá-lo até o mínimo de bom senso e amor à saúde bradarem, sobressaltados: basta. Sim, que o vinho do Douro é divinal, digno de ser degustado, mas lânguida e suavemente, e, se possível, com algum tino. Só o apelo à moderação me fez parar, quando os limites do juízo já haviam sido um tanto ultrapassados. Um tantinho, proclamo eu, em defesa do meu bom-nome e do meu estado de sanidade física e mental. Pequei. Sim, pequei. Com gosto me confesso e com vontade de repetir a dose durante muitos e bons anos. Obrigado, caros Daniel e Teresa, por tão aprazível e inolvidável repasto, pelo são convívio, para mais em comunhão com a jovialidade e o elixir da juventude dos vossos queridos filhos Daniel e Gonçalo e o regalo que é para a vista a soberba paisagem que do vosso terraço se desfruta. E como esquecer o fartote das boas cerejas e o pão-de-ló ensopado em vinho fino e o perfumado chá de tília e flor de sabugueiro que a Mercês e a Céu nos proporcionaram, enquanto íamos desfiando recordações e saudades!?

2009-06-01
Dia da xaropada, dos preparativos para a colonoscopia de amanhã, da lavagem da tripa, para melhor ser a sondagem e mais fidedigno o resultado do exame. Custa para caramba, mas tem de ser. E o que tem de ser tem muita força. Bebamos pois esta cicuta até à libertação da última porção de caca.
2009-06-02
E lá se fez a colonoscopia. Sem eu dar por nada, posto em profundo, tranquilo e sossegado sono. Foi picadela e queda. Quando acordei estava pronto para outra, com soro a entrar-me veias adentro e eu ansioso por que me fosse dada guia de levantamento e marcha, aflito para urinar. Depois de um almoço frugal, uma prolongada sessão de yoga ibérico. Quando acordei, estava mais que recuperado, ansioso por vir para aqui teclar esta meia dúzia de linhas. E cá estou eu a cantar loas à vida. Como sempre. Como quase sempre. Como sempre que posso. Como sempre que a saúde mo permite. Como sempre que a saúde mo não permite, mas eu consigo forçar a barra.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Nota: Para ler melhor o convite clicar em cima do mesmo para abrir
a imagem.



Caros amigos, caros visitantes, caros amigos, caros inimigos, cara humanidade,

Cá está o convite para o lançamento do livro.

Estão todos convidados a comparecer e a convidar em meu nome todos os vossos amigos e inimigos. Divulguem, que o recinto, para além de belo, é amplo. E vai ser um sucesso, um memorável e inolvidável evento. Se estiverem todos presentes, é óbvio.

Um abraço do tamanho do mundo.

André Moa

 
Que cantan los poetas andaluces de ahora...