sábado, 26 de fevereiro de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
BOLETIM DE SAÚDE

2011-02-12
O LUÍS TIAGO ESTÁ RETIDO EM CASA COM A VARICELA, DESDE QUINTA-FEIRA. QUE PACIÊNCIA, QUE E SACRIFÍCIO, QUE COMPREENSÃO, QUE BONOMIA!
Análises não muito demoradas, hoje, sábado, no HSM.
2011-01-14
Mais uma manhã das compridas no Hospital de Santa Maria. Sempre atenciosa e dedicada, a Dra. Mónica Semedo logo mandou verificar o estado do cateter. E prescreveu uma cintigrafia-óssea ao corpo. Nova consulta para a próxima segunda-feira. Para recomeçar, penso, os tratamentos aos pulmões. As análises parece que estão boas. Andando e vendo.
O LUÍS TIAGO ESTÁ RETIDO EM CASA COM A VARICELA, DESDE QUINTA-FEIRA. QUE PACIÊNCIA, QUE E SACRIFÍCIO, QUE COMPREENSÃO, QUE BONOMIA!
Análises não muito demoradas, hoje, sábado, no HSM.
2011-01-14
Mais uma manhã das compridas no Hospital de Santa Maria. Sempre atenciosa e dedicada, a Dra. Mónica Semedo logo mandou verificar o estado do cateter. E prescreveu uma cintigrafia-óssea ao corpo. Nova consulta para a próxima segunda-feira. Para recomeçar, penso, os tratamentos aos pulmões. As análises parece que estão boas. Andando e vendo.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
DIREITOS DOS DOENTES

OS DIREITOS DO DOENTE
Quem me conhece sabe bem que eu não sou para carpir mágoas, enxugar lágrimas em ombro que não o meu. Ao contrário, mais facilmente arrancarei do sofrimento humor, da dor uma graça, de um revés uma momice. Não tenho o menor rebuço em esconder a doença nem o doente. Falo das minhas mazelas e de mim com toda a naturalidade e espontaneidade quando quero, com quem quero, como quero, onde quero, enquanto quero. Se me exponho, sou eu que voluntariamente me exponho. Continuarei a ser senhor e dono de mim e da minha doença. Não me sentirei expurgado dos meus direitos. Há autênticas carpideiras que se comprazem em choramingar calamidades alheias; verdadeiras sanguessugas que se alimentam do sangue, da pústula, da putrefação, que tudo pretendem esmiuçar, que tudo desejam chafurdar. E sobre tudo dão palpite, E, muito principalmente, lastimam o doentinho, o estado do doentinho. E incomodam. Incomodam muito. Porque, das duas, uma: ou o doente é influenciável e lá o temos nós a afundar-se; ou lá está ele a rir-se para dentro e a consolar o visitante, o amigo, o “samaritano”, o impenitente impertinente. Diferentes serão as manifestações de amizade, a solidariedade genuína, o afecto espontâneo. Estes jorram que nem água cristalina de fonte refrescante. A água não fala de doenças, mas de água; os pássaros não trinam lamúrias, mas gorjeios.
Sempre que me sinto acatarrado, prefiro encafuar-me no meu cantinho, a sós comigo e com os meus botões, dedicado o mais que puder à leitura, que é o maior prazer que me podem dar; a ouvir música, como pano de fundo à leitura, condimento cultural de que tanto gosto; ou então a escrever. E cá tenho eu montada a trempe da minha vida, não fora o curso de direito, a necessidade de fazer pela vida, já que foram estas e não outras as circunstâncias que me calharam em sorte. Reservo para os amigos tempos mais amenos, momentos mais suaves, conversas fagueiras para, em amena cavaqueira, com eles confraternizar.
Recordo aqui, com saudade, o meu lúcido e querido amigo doutor Manuel António Pimentel que com tanta firmeza, determinação e convicção defendia os direitos dos doentes.
Quem me conhece sabe bem que eu não sou para carpir mágoas, enxugar lágrimas em ombro que não o meu. Ao contrário, mais facilmente arrancarei do sofrimento humor, da dor uma graça, de um revés uma momice. Não tenho o menor rebuço em esconder a doença nem o doente. Falo das minhas mazelas e de mim com toda a naturalidade e espontaneidade quando quero, com quem quero, como quero, onde quero, enquanto quero. Se me exponho, sou eu que voluntariamente me exponho. Continuarei a ser senhor e dono de mim e da minha doença. Não me sentirei expurgado dos meus direitos. Há autênticas carpideiras que se comprazem em choramingar calamidades alheias; verdadeiras sanguessugas que se alimentam do sangue, da pústula, da putrefação, que tudo pretendem esmiuçar, que tudo desejam chafurdar. E sobre tudo dão palpite, E, muito principalmente, lastimam o doentinho, o estado do doentinho. E incomodam. Incomodam muito. Porque, das duas, uma: ou o doente é influenciável e lá o temos nós a afundar-se; ou lá está ele a rir-se para dentro e a consolar o visitante, o amigo, o “samaritano”, o impenitente impertinente. Diferentes serão as manifestações de amizade, a solidariedade genuína, o afecto espontâneo. Estes jorram que nem água cristalina de fonte refrescante. A água não fala de doenças, mas de água; os pássaros não trinam lamúrias, mas gorjeios.
Sempre que me sinto acatarrado, prefiro encafuar-me no meu cantinho, a sós comigo e com os meus botões, dedicado o mais que puder à leitura, que é o maior prazer que me podem dar; a ouvir música, como pano de fundo à leitura, condimento cultural de que tanto gosto; ou então a escrever. E cá tenho eu montada a trempe da minha vida, não fora o curso de direito, a necessidade de fazer pela vida, já que foram estas e não outras as circunstâncias que me calharam em sorte. Reservo para os amigos tempos mais amenos, momentos mais suaves, conversas fagueiras para, em amena cavaqueira, com eles confraternizar.
Recordo aqui, com saudade, o meu lúcido e querido amigo doutor Manuel António Pimentel que com tanta firmeza, determinação e convicção defendia os direitos dos doentes.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

DE GRAU 8 COLECÇÃO GAIVOTA/35
SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA
1984
II
ESPAÇO DISPONÍVEL (CONTINUAÇÃO)
DE GRAU 8 COLECÇÃO GAIVOTA/35SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA1984
II
ESPAÇO DISPONÍVEL
FILAMENTOS
filamentos
não sei de onde
o corpo invadem
de aroma e sons
em leve sopro
DEVANEIO
penteio as tua asas
já se foram
ato caracóis
à luz das brasas
que se ateiam
à tardinha
tão de leve
na memória
EMIGRANTES
emigrantes na própria casa
sucumbimos
destruímos a espécie
beijo
a
beijo
a esmo semeamos
terras de outros
outras terras
filhos pródigos
na hora da vergonha
na hora da agonia
a despropósito da
GRANDE CENA NO LEITO DA MORTE
Quadro de Max Beckmann – 1906
quero estar tranquilo com a vida
limpo como o nu virgem de mulher
desperto como corça na campina
livre como a flor do ácer no Outono
ouro a flutuar
no firmamento da vida
A NOITE
Quadro de Max Beckmann – 1918
a noite não tem tempo
só o espaço ocupa
meu sentimento de culpa
a imaginação nocturna
invade
a razão poluída
VARIAÇÕES SOBRE QUADROS DE MAX BECKMANN
de sangue
de suor
de cio e culpa
um nó no pescoço pendular
uma pausa
um prumo parado
dois passos desfeitos
um acorde final
apressado
o rosto da noite
cai
tranquilo
de sangue
de suor
de cio e culpa
O SONHO
o sonho
é isso
poder
postiço
sono
alado
a criar
mundos
neste
mundo
inani
mado
CLARIDADE DO SUL
quero desfazer as nuvens
que diminuem o azul
só tenho luz se tu vens
claridade do sul
folhas mortas voam tontas
sou sensação primitiva
nunca soube fazer contas
a minha brisa é activa
o céu está carregado
prenuncia tempestade
há muito homem enforcado
que respira liberdade
CINZENTO
cinzento
véu
era um lamento
lançado ao céu
grinalda murcha
vestido alado
mais um sonho
desflorado
NA AMPLIDÃO DA NOITE
à solta os corpos
rasgam vento
labaredas sensuais
só o verde distante arrefecem
na praia em sangue
carpideiras tomam banho
lágrimas suspendem o relento
na amplidão da noite
círios plantados no desespero
crestam a areia submersa
em tempestade de cor
o mar fenece
SUSPENSO DOS TEUS SEIOS
cavaleiro azul das tuas veias
em raptos nocturnos me consumo
voando suspenso dos teus seios
VIRGEM DAS NOITES LASSAS
em apontamento te desenho
na memória do sangue
na curva do sono
a força da alvorada
pousa os lábios
colina húmida
teu rocio
orgia cândida
sorriso matinal
à beira rio
ESTENDI TEU CORPO SONHADO
estendi teu corpo sonhado
sob a latada suposta
uvas sumarentas
teu corpo
foi vinho mosto
do abraço do tempo regressei
com a leveza de um rio que corre a cantar
condensado
no torpor do teu regaço
deixou de ser Outono no mês natural dos pássaros
devolveste-me a alegria buliçosa dos láparos
NO ÍNTIMO DA NOITE
em fogo lento
afago
as tuas formas
a cidade dorme
no teu regaço
seu cansaço
ESPAÇO COMPASSADO
na agitação da seiva
um sussurro da humidade
sempre rubra
enfrentamos
a dança
de olhar vítreo
avançamos
no espaço
com
passado
ao compasso
compassado
dos nossos
passos
gestos fluentes
quais nenúfares
sobre as águas
ganhamos em ternura
e claridade
um arco-íris
de lágrimas
II
ESPAÇO DISPONÍVEL (CONTINUAÇÃO)
DE GRAU 8 COLECÇÃO GAIVOTA/35SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA1984
II
ESPAÇO DISPONÍVEL
FILAMENTOS
filamentos
não sei de onde
o corpo invadem
de aroma e sons
em leve sopro
DEVANEIO
penteio as tua asas
já se foram
ato caracóis
à luz das brasas
que se ateiam
à tardinha
tão de leve
na memória
EMIGRANTES
emigrantes na própria casa
sucumbimos
destruímos a espécie
beijo
a
beijo
a esmo semeamos
terras de outros
outras terras
filhos pródigos
na hora da vergonha
na hora da agonia
a despropósito da
GRANDE CENA NO LEITO DA MORTE
Quadro de Max Beckmann – 1906
quero estar tranquilo com a vida
limpo como o nu virgem de mulher
desperto como corça na campina
livre como a flor do ácer no Outono
ouro a flutuar
no firmamento da vida
A NOITE
Quadro de Max Beckmann – 1918
a noite não tem tempo
só o espaço ocupa
meu sentimento de culpa
a imaginação nocturna
invade
a razão poluída
VARIAÇÕES SOBRE QUADROS DE MAX BECKMANN
de sangue
de suor
de cio e culpa
um nó no pescoço pendular
uma pausa
um prumo parado
dois passos desfeitos
um acorde final
apressado
o rosto da noite
cai
tranquilo
de sangue
de suor
de cio e culpa
O SONHO
o sonho
é isso
poder
postiço
sono
alado
a criar
mundos
neste
mundo
inani
mado
CLARIDADE DO SUL
quero desfazer as nuvens
que diminuem o azul
só tenho luz se tu vens
claridade do sul
folhas mortas voam tontas
sou sensação primitiva
nunca soube fazer contas
a minha brisa é activa
o céu está carregado
prenuncia tempestade
há muito homem enforcado
que respira liberdade
CINZENTO
cinzento
véu
era um lamento
lançado ao céu
grinalda murcha
vestido alado
mais um sonho
desflorado
NA AMPLIDÃO DA NOITE
à solta os corpos
rasgam vento
labaredas sensuais
só o verde distante arrefecem
na praia em sangue
carpideiras tomam banho
lágrimas suspendem o relento
na amplidão da noite
círios plantados no desespero
crestam a areia submersa
em tempestade de cor
o mar fenece
SUSPENSO DOS TEUS SEIOS
cavaleiro azul das tuas veias
em raptos nocturnos me consumo
voando suspenso dos teus seios
VIRGEM DAS NOITES LASSAS
em apontamento te desenho
na memória do sangue
na curva do sono
a força da alvorada
pousa os lábios
colina húmida
teu rocio
orgia cândida
sorriso matinal
à beira rio
ESTENDI TEU CORPO SONHADO
estendi teu corpo sonhado
sob a latada suposta
uvas sumarentas
teu corpo
foi vinho mosto
do abraço do tempo regressei
com a leveza de um rio que corre a cantar
condensado
no torpor do teu regaço
deixou de ser Outono no mês natural dos pássaros
devolveste-me a alegria buliçosa dos láparos
NO ÍNTIMO DA NOITE
em fogo lento
afago
as tuas formas
a cidade dorme
no teu regaço
seu cansaço
ESPAÇO COMPASSADO
na agitação da seiva
um sussurro da humidade
sempre rubra
enfrentamos
a dança
de olhar vítreo
avançamos
no espaço
com
passado
ao compasso
compassado
dos nossos
passos
gestos fluentes
quais nenúfares
sobre as águas
ganhamos em ternura
e claridade
um arco-íris
de lágrimas
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
RADIOCIRURGIA - GAMMA KNIFE


2011-02-01
Esta guerra chegou às do cabo. O cancro que começou pelo rabo – neoplasia rectal - acabou por se ir aninhar nos pulmões onde tem permanecido latente, ainda que lento, há mais de dois anos, graças ao ataque cerrado que a medicina convencional e as medicinas alternativas, também ditas naturais, não lhe têm dado tréguas. Nem eu, com toda a força anímica que contra ele congrego. Ousou agora trepar até à torre de menagem, ao último reduto do castelo, desta fortaleza e aço com que o tempo barrar e sacudir. Aqui chegados, há que cerrar fileiras, redobrar de energia e determinação e assestar todas as baterias conta o inimigo que urge rechaçar para ir descendo, descendo até se sumir por onde entrou.
Para tanto, e como agora o mais ingente e urgente é conter a invasão das metástases que acabam de se alojar no cérebro, to0dos os esforços se concentram na cabeça, na caput, no cocuruto do corpo, no cabo superior, na copa desta árvore que pretendo continuar a ser, bem enraizada e bem de pé.
E lá fui eu, determinado e confiante, realizar a «radiocirurgia Gamma Knife (192 Co-60 Leksell GammaKnife PERFEXION) no dia 31-01-2011», conforme leio do relatório médico do tratamento.
«Parâmetros do tratamento – Metástase rolândica direita (Volume 2,9cc)Dose margem 20 Gy. Isodose 50%»
«O procedimento decorreu sem complicações imediatas. O doente será contactado telefonicamente dentro de uma semana para saber do seu estado clínico, e fica com consulta marcada no Centro Gamma Knife para dentro de três meses».
«Entretanto, deve manter o mesmo esquema terapêutico que fazia em ambulatório, e acrescentar:
- Decadron 0.5 mgr. 3 comprimidos 8/8h (durante 4 dias)
- Decadron 0.5 mgr. 2 comprimidos 8/8h (durante 4 dias)
- Decadron 0.5 mgr. 2 comprimidos 12/12 h (durante 4 dias)
- Decadron 0.5 mgr. 2 comprimidos/dia (duane 4 dias) e para
- Omeprazole 20 mgr 20 mgr. Comprimidosd, 1 cp de manhã
DepakineChrono 500mgr, 1 cp 8/8H.
Lisboa, 31 de Janeiro de 2011.
Dra. Mª Begonã Cattoni».
Pessoal eficiente, dedicado, delicado e simpático. Sempre em empatia com o doente e informação antecipada e constante. Gostei. A médica é espanhola. Nunca vi uma espanhola falar tão corretamente o português, praticamente sem sotaque.
A manhã de ontem serviu para tratar da parte burocrática e da instalação no quarto. No começo da tarde fui levado para fazer uma ressonância magnética. Examinada esta, seguiu-se o tal tratamento de radiocirurgia gamma knife que durou 29 minutos. Bom sinal, suponho, pois que a lesão se manteve circunscrita e o procedimento decorreu sem complicações imediatas. Tive hoje alta o fim a manhã.
À tarde fui ao Hospital de Santa Maria entregar o relatório à Dra. Mónica Semedo que marcou consulta pr o próximo dia 14 de Fevereiro, para se retoma a luta nos pulmões onde o cancro, pelos vistos, continuar a medrar e a vigilância tem de ser aturada e o combate profícuo e tenaz. E vai ser. Pelo menos pela parte que me toca. E de todos, Tenho a certeza.