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DIÁRIO DE UM PACIENTE II

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

2O10 - FELIZ ANO NOVO - 2010

ANO NOVO, VIDA NOVA
- Senhor Ano Novo,
Que novas me trazeis?
- Que novas quereis?
- Saúde, bem sabeis!
- Se é saúde que quereis,
Saúde tereis.
E que mais querereis vós?
- Saúde para todos nós.
Pedi mais, se mais vos aprouver!
- Saúde
E virtude
Para a conservar.
- Que mais vos posso dar?
- Saúde e juízo para a gozar.
A saúde em primeiro lugar.
- Já sei que a saúde está primeiro!
Mas não quereis mais, sei lá… dinheiro?
- Ó senhor novo ano,
Isso queria eu!
Mas como sei que não cai do céu…!
- Sempre, magano!
E se dinheiro eu vos der?
- Depois da saúde? Pode ser.
- Não me pedis, como os demais,
Felicidade, Paz, Alegria, Amor…?
- Isso toda a gente pede, ano após ano,
Em todos os natais e fins de ano,
Com isso eu sonho em cada instante.
Sou poeta…!
Mas quando finco os pés na chão,
Chora-me o coração
Ao ver
Que tudo não passa
De uma grande treta,
De palavras vãs,
Enorme trapaça
Para animar manhãs
De denso nevoeiro
À espera
Da ansiada primavera
Prometida por Sebastião Primeiro.
- Como isso me dói!
Mas sonhar é preciso!
- Eu sei, bom ano!
Por isso,
Entre dor e pranto,
Eu sonho tanto!
E luto e canto
Para ver se se constrói
Pela vez primeira
Nesta estrumeira
Um paraíso.
- Carpe diem!
- Esse é o meu lema.
Mesmo na dor,
no meio da aflição,
Penso na vida.
Não embarco no tema
De enterro ou caixão.
Mesmo de ossos perros
Dou asas ao coração.
- Então, desejo-vos Bom Ano,
Caro André Moa!
E juizinho!
- Em meu nome pessoal e do meu povo,
Senhor Ano Novo,
Obrigadinho!

André Moa

Lisboa, fim do ano de 2009

sábado, 19 de dezembro de 2009

BOAS FESTAS







NATAL PARA TODOS OS GOSTOS E DESGOSTOS

NATAL?

mais um natal. que enorme frenesim!
que louca correria consumista!
que quer dizer natal? é isto, assim?
e quem não sente assim? é comunista?

um anjo de natal, ou um anjinho?
um jesus de peluche, ou um messias?
um pai natal a encher o sapatinho,
ou um cristo a lutar por melhores dias?

de nada valerá tocar os sinos!
de pouco servirão as vossas preces!
não nos iludam com melosos hinos!
lutamos por direitos, não benesses!

André Moa


CREIO NO NATAL QUE NUNCA HOUVE


desde que disseram que nasceu neste dia
o homem embebeda-se e chama-lhe alegria

depois de dizerem que o crucificaram
vem sendo esperado ao terceiro dia

trinchadores de peru e outros que tais
afirmam que já veio: comem cada vez mais

nanja os meninos que não têm seio
nem os poetas que choram por isso

André Moa


TARDES DE NATAL


pelos brinquedos que exibem
as crianças mostram bem
a classe em que’stão
o zezinho acciona um comboio
o zé um pião

a criança não nasce burguesa
faz-se
à medida
a cada natal que passa
entre sorrisos
de traição
e tradição
e os presentes que os pais
lhe dão

André Moa

domingo, 13 de dezembro de 2009

AOS SETENTA só SESSENTA DE POESIA 3


AOS SETENTA SÓ SESSENTA DE POESIA
(continuação)


2

Arrancado ao crescer espontâneo no bosque onde nasci, transplantado do meu viveiro natural para a aridez insípida, desenxabida e despropositada para uma criança, para o ambiente castrador de tudo quanto cheirasse a imaginação, criatividade, invenção, golpe de asa, do Seminário, secou-se-me a fonte.
Aos treze anos ainda me saíram uns lampejos poéticos, como resposta a uma “provocação” jocosa que recebera um ano antes do Reitor, pessoa que eu estimava muito. Como os entreguei ao destinatário, perdi o rasto ao registo e hoje, ao pretender reproduzi-lo, a memória apenas me sugere os dois primeiros versos:

Faz hoje um ano que fui rebaptizado
Com o prosaico nome de desaparafusado.

Sei que terminava a agradecer ao ‘padrinho’, o bom do Reitor. Ele riu, mas o Prefeito repreendeu-me pela ousadia e pelo tom desrespeitoso para com o Reitor. E aquilo que, a meus olhos de alma ainda sã e muito ingénua, não passava de uma brincadeira pueril, ingénua e inconsequente (era dia de festa, de confraternização entre alunos, professores e superiores), redundou em acintoso opróbrio de que resultou um inusitado e perturbador sentimento de culpa, um insuperável recalcamento. Quem sabe se não mora aqui a causa remota da implosão que veio a verificar-se dois anos mais tarde: a minha saída voluntária do Seminário, por me sentir como peixe fora de água.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

RELATÓRIO CLÍNICO












NOTÍCIAS DE ÚLTIMA HORA

Nem a quadra natalícia
me faz calar a notícia,
pois sou senhor de mim mesmo.
Se houvesse um deus de verdade,
tivesse ele minha vontade e
não andava a Terra a esmo.

Notícia de última hora:
a doença não melhora,
avança, em vez de morrer.
Coitado do caranguejo!
Esqueceu-se que eu só beijo
familiar ou mulher.

Dele nem um só abraço!
Contra esta muralha de aço,
vai partir cornos e tudo.
Demorará um bocado,
Mas vai ficar derrotado.
Talvez, quem sabe, no Entrudo.

Até lá, vou continuar
a nutrientes tomar,
que para o cancro são veneno.
Seu filho duma cadela,
Hei-te partir-te a espinhela,
seu rombo, seu escaleno!

Seu tudo o que me aprouver!
Se vocelência não quer
em mim sofrer as do cabo,
tem bom remédio: morrer
e de mim se desprender.
Vá chatear o diabo!

Agora, falando a sério:
do alto do seu critério,
vendo os nódulos crescer,
acalmou-me o bom do médico
com o seu saber académico:
«Não há nada a fazer.»

«Vamos ficar bem quietinhos
sossegados, caladinhos,
pró bicho não acordar.
Nova consulta em Janeiro,
faça análises primeiro,
para depois ponderar».

Porque estamos no Natal,
será que o cancro, este mal
que me anda a corroer,
é capaz de fazer tréguas,
ou recuar sete léguas,
passar um mês sem morder?

Desconfio bem que sim.
Não por ele, mas por mim,
que ele a mim não me tomba.
Como vós todos vereis
já Domingo, dia seis,
vai haver festa de arromba.

E vou passar o Natal
como os demais, tal e qual,
sem desalento ou engano,
festejar o Reveillon,
proclamando, alto e bom som:
Ano Novo! Feliz Ano!
 
Que cantan los poetas andaluces de ahora...