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DIÁRIO DE UM PACIENTE II

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

NOTÍCIAS DE HOJE 1


Queridos Amigos,

Este "bicharoco" anda a medir forças comigo
e lá conseguiu meter-me no Hospital de Santa Maria
onde me encontro, na enfermaria.
Mas o "bicho" está enganado comigo e por mais fintas
que faça, não vai conseguir vencer-me.
Ainda por cima ele não sabe que tenho uma legião de amigos
que me tornam invencível!
É uma experiência nova esta de passar "o ano" na enfermaria
do Santa Maria. Depois conto como foi!

Beijinhos a todos e que o novo ano vos traga
grandes alegrias e a mim a minha rica saúde
que é o meu maior tesouro!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

POETA DESDE O ÚTERO - VERSOS DE UMA VIDA COM REVERSOS




DE GRAU 8
COLECÇÃO GAIVOTA/35
SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA
1984

XI

penteio as tuas asas
já se foram
cantava um melro preto
ruíram casas
esmagam-te as madeixas
sorris
nem um queixume
assim me deixas

XII

chicote telúrico
tentação de fuga

cicio de virgem
ânsias de ficar

morreu uma rosa
foi uma vertigem

recanto inocente
para morrer a amar

XIII

atravesso ruas intranquilas
passo apressado
gesto de fugir
atormentado pelo som
das gruas e das casas
a acabar de ruir
piso chão a gritos reduzido

XIV

cuidado com as gruas
podem corpos respirar
ainda poeira quinhentista
subitamente pendurada
no ar lavado
da cidade à espera
de um dia que dissesse
vale a pena plantar casas
em sulcos de cabelos
que a brisa ondeia
como asas pousadas
na memória-desalento

XV

vem o vento para varrer
os restos do instante decisivo

os homens desaguam tristes
na Cruz Vermelha das tendas

massa de pedra e sangue
ritual de ruas inundadas
gota a gota as casas
perdem conteúdo vertical
André Moa



quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

BOAS FESTAS


BOAS FESTAS
Boas Festas
Sem festança!
E nada de encher a pança
Com cadáveres.
Comamos,
Mas não sejamos alarves.
Comamos
Muitos alimentos crus,
Para assim fazermos jus
À saúde
Que perdemos amiúde
Por nada,
Por pura estupidez,
Por causa da propalada
Gulodice de maltês,
Gula do Zé português.

NATAL?

Mais um natal. Que enorme frenesim!
Que louca correria consumista!
Que quer dizer natal? É isto, assim?
E quem não sente assim? É comunista?

Um anjo de natal, ou um anjinho?
Um Jesus de peluche, ou um messias?
Um pai natal a encher o sapatinho,
Ou um Cristo a lutar por melhores dias?

De nada valerá tocar os sinos!
De pouco servirão as vossas preces!
Não nos iludam com melosos hinos!
Lutamos por direitos, não benesses!


Abreijos
André Moa

domingo, 19 de dezembro de 2010

O MEU NETO





























POIS QUE TE QUERO FELIZ

(para o meu neto que a caminho dos cinco anos me deu o mote)

Mote

«Olha ali
Um abacaxi.
Enganei-te
Batatas com azeite»
Luís Tiago

Enganei-te
Em vez de óleo
Dei-te azeite
Para teu deleite
Saúde e consolo
Meu querido neto Luís
Pois que te quero feliz.

Enganei-te
Mas foi com recta intenção
Que me fingi de intrujão
Se tu me pedes um seixo
Para te agradar aqui deixo
Um seixo e dois rubis
Pois que te quero feliz
André Moa
2010-12-18







quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

HAJA SAÚDE

oh p'ra elas e eles!
a poesia enlaçada à pintura
cansado mas satisfeito

o agente cultural e a soprano

que bicho é este?

a felicidade e a serenidade

o olhar translúcido da amizade
(fotos gentilmente cedidas por Kim)
44º APONTAMENTO ANTI CANCRO
Com a solidariedade de todos e a boa disposição que se respira no grupo, a saúde não deve tardar a chegar. Com amigos destes, não há inimigo que nos abata, ainda que consiga entrar dentro da paliçada, onde, descontraidamente, nos distraíamos, descuidados de todos os perigos, supostamente livres de todos os males.
Depois de um mês de descanso, recomecei hoje com as trasfegas sanguíneas e a retoma de produtos naturais.
Estou a seguir este naturista com muita confiança e esperança. Sinto que se preocupa comigo como, estou convencido, com todos os seus pacientes. Gosto do que me diz e da forma como actua. Para se ganhar confiança em quem nos trata, não é preciso muito. Como nos diz David Servan-Chreiber no livro «Anticancro – um novo estilo de vida - «para isso, não é preciso muito – basta um sorriso, um certo tom de voz, meia dúzia de palavras».
Há, é óbvio, que proceder sempre com prudência e evitar os charlatães.
Um bom naturista, como aliás este autor também no-lo indica, a propósito da medicina tradicional tibetana que constituiu a sua primeira abordagem com este mundo das medicinas alternativas, ele que é médico do sistema da medicina ocidental que todos nós bem conhecemos. Começou por verificar que «os médicos tibetanos tratavam os seus pacientes com métodos completamente diferentes daqueles que conhecia. Examinavam os organismos do mesmo modo que nós observamos a terra de um jardim. Não procuravam sintomas de doença, frequentemente óbvios. Em vez disso, procuravam falhas no terreno, aquilo de que o organismo precisava para se defender da doença. Queriam perceber como é que aquele organismo em particular, aquela terra, poderiam ser reforçados de modo a serem capazes, sozinhos, de enfrentar o problema que levara o paciente a procurar ajuda. Esta abordagem desconcertava-me. Acima de tudo porque, para “fortalecer” o organismo, recorriam a remédios que me pareciam perfeitamente esotéricos e, provavelmente, ineficazes. Falavam de acupunctura, meditação, infusões de ervas e, sobretudo, de alterações na alimentação.»
E fico-me por aqui, para não atafulhar as nossas ocidentais cabeças com catadupas de informação. Pouco a pouco lá chegaremos. Podemos é ir meditando nos diferentes modos de encarar a doença e, sobretudo, o doente.



segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

DEMOCRISE

António - o agente cultural
Cândida Teresa - Dad

Laura - Zé Oliveira - Kim - Luisa - António


à mesa

Verdinha


Leo


Ana - Osvaldo

André Moa - o artista residente

CONTRA A CRISE, GT, GT.

Contra a crise, GT, GT. O mesmo será dizer contra a depressão que a crise teima em impor-nos, amizade, solidariedade, são convívio e boa disposição.
GT significa Grupo Tabuaço.
Era uma vez um grupo de bloguistas que foi estreitando laços de solidariedade, de cumplicidades, de amizade, de entendimento, não obstante as naturais diferenças. E resolveu conhecer-se pessoalmente. Onde? Em Tabuaço. Daí a designação e a sigla – Grupo Tabuaço – GT. E em Tabuaço porquê? Porque Tabuaço é a Terra mais linda do mundo e arredores. Isto digo eu com vaidade, isenção e verdade, que sou de lá. O Osvaldo também. O António também. E os restantes fazem o favor de ser nossos amigos e de nos querer agradar. E lá condescenderam. Isto pensavam eles antes da visita. Depois agradeceram, porque tudo correu sobre rodas e, de facto, eu e o Osvaldo e o António não tínhamos exagerado em nada do que havíamos informado sobre o coração do mundo – Tabuaço. E tanto gostaram que já repetimos a dose no Verão passado, a contento de todos. Para matar saudades, o grupo tem-se reunido em Dezembro num almoço e salutar convívio. No ano passado foi na Parede, este ano foi em Sintra, na passada sexta-feira, dia 10 de Dezembro. Por mera coincidência, o dono do restaurante é natural de Paradela, Concelho de Tabuaço. Isto só mostra que os astros se conjugam para manter o GT sempre ligado a Tabuaço, coração do Alto-Douro, do Douro Vinhateiro, património mundial, património da humanidade. Ele há lá mundo e humanidade como Tabuaço e a gente de Tabuaço!
Após o repasto, o GT foi para a Vila Alda para participar na abertura de uma exposição de pintura e a uma sessão de poesia e baladas.
Segue-se a reportagem fotográfica possível do convívio do dia 10, enquanto os fotógrafos oficiais não nos fornecem os seus mimos na arte de bem fotografar a toda a máquina.
André Moa

sábado, 11 de dezembro de 2010

UMA VIDA EM VERSOS COM REVERSOS - AOS SETENTA só SESSENTA DE POESIA





DE GRAU 8
COLECÇÃO GAIVOTA/35SECRETARIA REGIONAL DA EDUCAÇÃO E CULTURA1984


I

DE GRAU 8


TERRAMOTO DE 1 DE JANEIRO DE 1980

(e eu que com outros o vivi dele dou este testemunho)


VI

a chuva não canta
grita

o vento não assobia
berra

a cabeça estala

só o desespero
fala

mas nós
teimosos
aos ombros
transportamos
a esperança que arrancamos
dos escombros

VII

já aqui não moro

habito ao lado

sob este tecto
desconjuntado

onde nos amámos

hoje submergimos

VIII

o passado não morreu
vive no medo
dói na incerteza
de voltar
esta ideia de abalada
esta ideia de ficar
livre da vertigem
desta dádiva
de vida
num deserto verde

IX

cobertor de pedra mal talhada
a casa
passou a ser
beijada pelo luar
ganhou jardins suspensos
e vistas para o mar

tem agora em frente
o Monte Brasil

simplificadas as janelas
perderam o lancil

as escadas cansadas de folia
são um balão amarrotado
no fundo da agonia

a árvore de natal
de luzes espantadas
despeja para a rua
uma alegria envergonhada

X

na mesma rua os risos
das crianças debandaram

foi o terror das casas
aparentes

nas praças contrafeitas nos juntámos

amor desesperado

passámos a viver
em nenhum lado


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

HAJA SAÚDE

HAJA SAÚDE
2010-12-04
Comecei hoje a escrever um romance autobiográfico, com o entusiasmo que costumo imprimir no início de cada um dos muitos projectos que engendro. Já é a quarta ou quinta tentativa, ao longo dos tempos, de romancear a minha vida que, como a de qualquer mortal, dá pano para mangas. Há quem defenda que todos os romances são autobiográficos e que o escritor escreve, repetidamente, com roupagens diferentes, embora, sempre e só o mesmo romance. Só que tombaram há muito na valeta do esquecimento, à espera que me arme em samaritano e os vá levantar, um a um, e trate deles, convenientemente, até à recuperação total e os conduza até ao fim da jornada. Sinto-me possuído de uma forte convicção de que desta vez é que será. Tenha eu saúde e vida que me permitam concretizar este sonho. Amen.
2010-12-05
Há quem me censure, ainda que veladamente, por eu me dizer humanista (que os teístas leiam ateu, se quiserem) e invocar com muita frequência e regularidade os evangelhos e usar palavras que a liturgia católica consagrou, como, por exemplo, Amen. Isso não me faz mossa, desde logo, porque as palavras não me metem medo e servem muitas vezes ideias aparentemente opostas. Amen, por exemplo, que provém da palavra hebraica «emunah», significa «certamente». Amen, certamente, tudo vai correr pelo melhor, como espero e confio. Acresce que eu sou convictamente humanista (ateu, se preferirem) e como tal me afirmo, mas com a mesma convicção me afirmo cristão. Cristão, não por ver em Cristo um deus e como tal o adorar, mas porque vejo nas palavras e nos ensinamentos que nos evangelhos lhe são atribuídos uma salutar fonte de vida na qual bebi desde pequeno e cuja água me apraz saborear, até porque foi ela que me serviu de alimento, me formou e enformou. Cristo, a ter existido, não passou de um homem, embora um homem de excepção. Mas mesmo que não passe de um personagem saído da cabeça dos evangelistas ou de quem os evangelistas informou e influenciou, nada altera quanto ao considerar interessantes e proveitosas e actuais muitas das parábolas que lhe são atribuídas. E isso me basta. Mutatis mutandis, é o que se passa com algumas personagens de romances, criadas pelos autores como símbolo e prefiguração do pacifismo, para através delas criticar o belicismo. E como eu me revejo em algumas dessas personagens, sem com isso deixar de ser o que sou, de pensar como penso, de estar na vida como procuro estar!
2010-12-05

43.º APONTAMENTO ANTICANCRO

Como salienta David Servan-Schreiber no seu livro Anticancro – um novo estilo de vida - «os pacientes ficam frequentemente surpreendidos com o facto de os diversos médicos que consultam recomendarem tratamentos completamente diferentes. No entanto, o cancro pode assumir formas tão diferentes uma das outras, que a Medicina se esforça por multiplicar os ângulos de ataque. Como é frequente em casos de cancro, o cirurgião que consultei disse que uma intervenção cirúrgica seria melhor, o radiologista disse que a radioterapia seria um bom método, e o oncologista aconselhou-me a considerar a quimioterapia. Era também possível conciliar estes vários tratamentos. Mas todos eles tinham graves inconvenientes.» O autor descreve esses inconvenientes (alguns já eu os senti em mim) para depois rematar: «É claro que recebi imensos conselhos sobre tratamentos “alternativos” que pareciam demasiado bons para serem verdade. No entanto, apercebi-me de como era tentador acreditar na possibilidade de uma cura total sem tratamentos desagradáveis e os seus efeitos secundários».
É neste degrau que me encontro há ano e meio. Vamos lá ver os resultados. Sinto é que enquanto há vida, há esperança. Que tudo corra pelo melhor e termine como desejo. Amen
Guimoa*
* Guimoa foi o novo pseudónimo que o Kim me arranjou e de que eu gosto muito, porque contém a palavra chave, logo imprescindível – Moa – e mantém ligação estreita com o meu nome próprio. Gui é o diminutivo carinhoso com que a Mité me trata, desde os tempos de namoro.
E soa bem, não soa? Obrigado, padrinho Kim.

sábado, 4 de dezembro de 2010

DEMOCRISE - A CULPADA FOI A COBRA


«A HISTÓRIA DA AUSTERIDADE»


Li há dias na revista Visão o artigo de Boaventura de Sousa Santos A história da austeridade de que vou respigar algumas passagens com as quais estou totalmente de acordo e que nos poderão servir de ponto de partida para uma troca de impressões sobre o assunto.
A primeira questão que levanta é a de saber se «todos somos culpados da crise porque todos, cidadãos, empresas e Estado, vivemos acima das nossas posses e nos endividámos em excesso».
Segunda questão é se «a única solução será cortar as despesas do Estado diminuindo os serviços públicos, despedindo funcionários, reduzindo os seus salários e eliminando prestações sociais».
Será que – terceira questão - «as diferenças ideológicas já não contam, o que conta é o imperativo de salvação nacional, e os políticos e as políticas têm de se juntar num largo consenso, bem no centro do espectro político»?
Resposta: «A crise foi provocada por um sistema financeiro empolado, desregulado, chocantemente lucrativo e tão poderoso que, no momento em que explodiu e provocou um imenso buraco financeiro na economia mundial, conseguiu convencer os Estados a salvá-lo da bancarrota e a encher-lhe os cofres sem lhe pedir contas. Com isto, os Estados, já endividados, endividaram-se mais, tiveram de recorrer ao sistema financeiro que tinham acabado de resgatar e este, porque as regras de jogo não foram entretanto alteradas, decidiu que só emprestaria dinheiro nas condições que lhe garantissem lucros fabulosos até à próxima explosão».
«A história dos anos de 1930 diz-nos que a única solução é o Estado, o conjunto de Estados, como a União Europeia, investir, criar emprego, tributar os super-ricos, regular o sistema financeiro. Só assim a austeridade será para todos e não apenas para as classes trabalhadoras e médias que mais dependem dos serviços do Estado».
«Porque é que esta solução não parece hoje possível? Pergunta o articulista, para logo responder: «Por uma decisão política dos que controlam o sistema financeiro e, indirectamente, dos Estados. Decisão que consiste em enfraquecer ainda mais o Estado, liquidar o Estado de bem-estar, debilitar o movimento operário ao ponto de os trabalhadores terem de aceitar trabalho nas condições e com a remuneração unilateralmente impostas pelos patrões».
E acrescenta: «Para isso é necessário eliminar todos os direitos que (os trabalhadores) conquistaram depois da II Guerra Mundial. O objectivo é voltar à política de classe pura e dura, ou seja, ao século XIX».
E remata: «A política de classe conduz inevitavelmente à confrontação social e à violência. Como mostram bem as recentes eleições nos EUA, a crise económica, em vez de impelir as divergências ideológicas a dissolverem-se no centro político, acicata-as e empurra-as para os extremos».
Dai concluir com a seguinte advertência: «Os políticos centristas seriam prudentes se pensassem que na vigência do modelo que agora domina não há lugar para eles. Ao abraçarem-no, estão a cometer suicídio».
Tiro certeiro. Na mouche. E depois não venham dizer que ninguém tentou abrir-nos os olhos, que ninguém nos avisou.
André Moa
 
Que cantan los poetas andaluces de ahora...